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Escrita

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Por:   •  7/6/2013  •  618 Palavras (3 Páginas)  •  1.012 Visualizações

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ESCRITA, MEMÓRIA E EDUCAÇÃO:

DOS HIERÓGLIFOS AOS TEXTOS ELETRÔNICOS.

Maria Martha D'Angelo Pinto.1

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

ndavies@uol.com.br

Uma breve retrospectiva da escrita, e sua relação com a linguagem oral, desde as escritas monumentais ou expostas, passando pelo surgimento dos livros e da imprensa no século XV, até os textos eletrônicos contemporâneos. A importância da escrita na pedagogia moderna, seu impacto na construção da memória, e a relação língua - poder, também são questões abordadas no texto. A distância cultural e histórica que separa a língua dos brasileiros da língua de Portugal é redimensionada a partir de uma análise do nosso processo de colonização e de um trabalho de alfabetização realizado recentemente com um grupo de índios brasileiros visando, além da alfabetização, a "descolonização da escola indígena". Através de uma perspectiva histórica de longo alcance são reveladas as contradições inerentes à dialética que perpassa a nossa formação.

Palavras-chave: Escrita - Linguagem - Memória - Educação.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra.

(Paulo Freire)

De modo semelhante ao que aconteceu com a fotografia em relação à pintura, o cinema em relação ao teatro, o fim da escrita hieroglífica e o surgimento da escrita fonética levaram a uma redefinição da linguagem oral. Ao gravar o som das palavras, a escrita fonética inicialmente aparece como uma duplicação da linguagem oral. Na verdade, o que ocorre é um processo de transcodificação que estabelece a autonomia do escrito em relação ao oral e, ao mesmo tempo, uma dependência entre essas duas linguagens.

Para nós hoje, qualquer investigação a respeito da linguagem oral e escrita tende a se desenvolver a partir da distinção sobre as possibilidades e especificidades de cada uma delas. Seria muito difícil, senão impossível, atualmente, colocar em xeque a importância ou a necessidade da escrita. Podemos, entretanto, perceber o sentido de um questionamento radical sobre o papel da escrita em seus primórdios, recorrendo ao trecho final do Fedro, de Platão, onde se trava uma discussão sobre a arte oratória. Nesta parte do diálogo, Platão apresenta a questão: deve-se ou não reprovar Lísias por redigir seus discursos? É bom ou mau escrever? O mito de Tot, extraído da tradição egípcia, apresentará a chave para a resposta.

De acordo com a lenda, o deus Tot seria o inventor de inúmeras técnicas, entre elas a escrita. Ao apresentar sua invenção ao rei Tamuz, este se mostra reticente. Falando através das

1 Professora de Filosofia da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense.

1887

interpretações de Sócrates sobre a lenda, Platão procura alertar sobre os perigos da escrita. Aparentemente, a escrita amplia a memória, mas só aparentemente. Na realidade ocorre o contrário. A confiança nos novos signos favorecerá tanto a preguiça quanto a presunção intelectual. O texto escrito apresenta quatro graves problemas: ele é estático e fechado sobre

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