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Joan Miró

Resenha: Joan Miró. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  19/11/2014  •  Resenha  •  1.068 Palavras (5 Páginas)  •  295 Visualizações

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Joan Miró nasceu a 20 de Abril de 1893 em Barcelona, casou em Maiorca num dia 12 de Outubro com Pilar Juncosa, teve uma filha que nasceu em Junho de 1931 e se chamou Dolores, e morreu em Palma de Maiorca no dia de Natal de 1983. E é tudo.

Ao contrário de quase todos os outros artistas que com ele construíram não apenas o dadaísmo e o surrealismo, mas toda uma forma diferente de observar o planeta - uma coisa inédita e integral como o mundo nunca antes vira (talvez com a excepção alucinada de Hieronymus Bosch) - Miró morreu sem deixar uma mitologia.

Deixou apenas a sua obra, surrealista, mas profundamente trabalhada, aprimorada e rigorosa - muito distante da desordem alucinógena, alcoólica, amorosa e outras com que os seus contemporâneos enchiam numa raiva telas, páginas em branco, películas de filmar e outros objetos indiferenciados, entre os quais lixo industrial.

Joan Miró era antes de tudo um catalão sem ser um catalão. "Jamais voltarei a Barcelona! Paris e o campo até que morra. Não sei por que razão todos os que perdem o contato com o cérebro do mundo adormecem e se mumificam. Na Catalunha nenhum pintor conseguiu alcançar a sua evolução completa...! Têm de se converter em catalães universais!", escreveu ao seu amigo e pintor E. C. Ricart (cujo retrato, de 1917, é uma das suas obras mais conhecidas), antes de regressar repetidas vezes. Mas esse regresso - tal como o de Dali, também catalão sem verdadeiramente o ser (pelo menos até decidir perdoar ao governante Francisco Franco) - não importava nada: Miró e os surrealistas desconstruíram e reconstruíram Paris de uma ponta à outra antes de irem à procura dos outros mundos, mais dóceis, mais endinheirados e sedentos da mitologia da capital de França.

Introvertido e simples, Miró correu com os seus companheiros todos os recantos da arte, sem, contudo se confundir com a cosmologia iconoclasta dos outros. Em certo sentido, acabou por construir um universo pessoal que o distingue logo ao primeiro traço dos que com ele correram as mesmas ruas e discutiram os mesmos pressupostos: um Miró é definitivamente um Miró, por muito que Paul Klee gostasse de por vezes ser confundido com o catalão.

Mas achava-se pouco democrático, vamos dizer assim: a sua obra não era para apreciadores de paisagens mortas, por muito vivas que estivessem. Foi por isso que tentou outras disciplinas: a escultura - onde amiúdes vezes usou sucata para início de conversa - e a cerâmica, que se abriram às suas mãos em 1944 e das quais saíram objetos que pareciam a transformação dos seus quadros na equivalência das três dimensões. Não é fácil descobrir maior democracia nestas outras disciplinas, mas o certo é que há uma evidência tão grande nestas outras artes como na pintura.

Desse ponto de vista, é profundamente catalão: por uma razão qualquer, os artistas que atravessaram aquela pálida fronteira nesses anos de início de século (Dali, Tàpies, Ponç, Buñuel) construíram obras que não deixam margem para qualquer dúvida: são definitivamente deles.

Da Europa a Nova Iorque

Miró fez como quase todos os outros: internacionalizou-se, como hoje é hábito dizer. Mandou primeiro uns trabalhos como se fossem em prospecção (ainda na década de 30 do século XX), a coisa correu bem, e lá se resolveu a atravessar o Atlântico em 1947 - estava a Europa a lamber as feridas que infligira a si própria, numa devastação que o pintor catalão tivera oportunidade de repudiar em tela (O Ceifeiro) já desde a fase de treino bélico (a guerra civil espanhola, 1936-39).

A viagem valeu a pena: o reconhecimento além-mar permitiu-lhe regressar em 1958 para concluir (em parceria com José Llorens Artigas), os extraordinários murais do Sol e da Lua para o novo edifício da UNESCO, em Paris, o que acabaria por catapultar o catalão para, nesse mesmo ano, vencer o prémio da Fundação Guggenheim.

E contudo regressava sempre,

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