TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Musicas Para Aprender E Ouvir

Artigos Científicos: Musicas Para Aprender E Ouvir. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  4/9/2013  •  1.800 Palavras (8 Páginas)  •  653 Visualizações

Página 1 de 8

Música para aprender e se divertir

A iniciação musical na Educação Infantil e nas séries iniciais do Fundamental estimula áreas do cérebro da criança que vão beneficiar o desenvolvimento de outras linguagens. Além, é claro, de ser um grande barato!

"Quem já viu um prato?"

- Eeeeeeeeuuuuuu!!!

- Mas não é o de comer.

- Aahhh...

- É aquele que quando bate faz... Querem ver? - (Toca no aparelho de CD o som do prato de bateria)

- Eu já ouvi, eu já ouvi!

- Eu também!

O diálogo acima, comandado pelo professor de EducaçãoInfantil Fausto José de Gouveia, deu início a uma das atividades de música da Escola Municipal Serraria, em Diadema (SP). Fausto conduzia a turminha de 5 anos com a leitura do livro Conheça a Orquestra (Ann Hayes, Ed. Ática, 18,50 reais). O objetivo era apresentar, além dos instrumentos musicais, noções de agudo e grave por meio da comparação com o som dos bichos. A criançada se divertia enquanto imaginava o rugido do leão e o "pom, pom, pom" do baixo. Com isso aprendia: "Cada animal, um som diferente, assim como os instrumentos". Na seqüência, as crianças ouviram mais histórias, sapatearam, cantaram e brincaram de Escravos de Jó, reunindo canto, ritmo e coordenação motora. Entre versos e rimas, noções de intensidade e pulsação.

Em uma classe perto dali, um pouco mais velhos, os alunos da 1ª série da professora Katia Cassia Santos, da Escola Municipal Anita Malfati, começavam uma nova etapa do aprendizado musical: tocar flauta doce. Dedinho indicador e polegar fechando os primeiros buraquinhos do instrumento, um em cima, outro na parte inferior, todos faziam, de início, a maior algazarra. Aos poucos afinavam a nota.

Música para quê?

Realizar esse tipo de trabalho ajuda a melhorar a sensibilidade das crianças, a capacidade de concentração e a memória, trazendo benefícios ao processo de alfabetização e ao raciocínio matemático. "A música estimula áreas do cérebro não desenvolvidas por outras linguagens, como a escrita e a oral. É como se tornássemos o nosso 'hardware' mais poderoso", explica a pedagoga Maria Lúcia Cruz Suzigan, especialista no ensino de música para crianças. Essas áreas se interligam e se influenciam. Sem música, a chance é desperdiçada. Segundo Maria Lúcia, quanto mais cedo a escola começar o trabalho, melhor. "Essa linguagem, embora antes fosse mais comum, faz parte de cultura das crianças por causa das canções de ninar e das brincadeiras. O pouco que ainda resta abre um oportuno espaço para o trabalho na escola."

Se você já sabe que a linguagem musical é importante para as crianças, mas tem medo, se acha desafinado, não toca um instrumento e não sabe por onde começar, os pesquisadores da área procuram desfazer o mito de que é difícil ensinar música para crianças sem ser músico. "Não é complicado, só trabalhoso. Não se espera que o professor de música seja um músico, assim como não se imagina que o alfabetizador é um grande escritor", enfatiza Maria Lúcia. Ela criou nas prefeituras de Diadema e Itu, em São Paulo, um programa de capacitação dos professores da rede que inclui formação e planejamento de atividades.

Para aprender coisas novas é necessário enfrentar a barreira do medo e quebrar o paradigma do dom. "Se você não é muito afinado, não faz mal, pode usar uma gravação e cantar com a criançada. Quando na escola há alguém que toca violão, essa pessoa pode fazer um acompanhamento", afirma Rozelis Aronchi Cruz, que coordena o projeto em Diadema.

Se não há o amparo da rede de ensino, não desanime. "Aventure-se um pouco", defende José Henrique Nogueira, que há 18 anos dá atividades de música na Educação Infantil e recentemente começou ensinar como se faz isso no curso de pedagogia da Universidade Católica de Petrópolis, no Rio de Janeiro. De início ele sugere a leitura do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. O volume 3 traz orientações para crianças de 0 a 6 anos e uma discografia.

"Ajuda muito um planejamento das atividades que inclua a preocupação constante com a linguagem musical. A música não pode ficar restrita a eventos como festas e datas marcantes, mas deve ser uma prática diária", completa Elvira de Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano e orientadora dos programas de ensino musical das prefeituras de Blumenau (SC), Coronel Fabriciano (MG) e Guarulhos (SP).

Repertório não falta

Mas o que tocar, como montar a atividade?, você perguntaria. Comece pela ampliação do repertório. "Além dos infantis, a criança pode ouvir de tudo: do erudito ao jazz, do folclore à MPB", afirma Maria Lúcia. Mas cuidado ao pedir que a meninada cante. "Nessa hora, não dá para usar uma Tetê Espíndola, porque a criança não vai conseguir alcançar o tom", explica Katia. Existem títulos em CD preparados para cada fim (veja quadro).

Contar historinhas musicadas é também um caminho interessante. Tanto Fausto como Katia usam esse recurso para dar início à atividade e "esquentar" a criançada. Como oprofessor trabalha com crianças mais novas, improvisa sobre uma cantiga infantil e pede que seja acompanhada por gestos: "Fui ao mercado comprar café, veio a formiguinha e picou o meu pé. Eu sacudi, sacudi, sacudi, mas a formiguinha não parava de subir". Trocando o café por outros ingredientes e o pé por outras partes do corpo, ele mantém a rima e faz todos pularem e cantarem (no ritmo). Com a turma descontraída, fica mais fácil iniciar uma atividade que pede mais concentração, como a dos Escravos de Jó.

Katia, com sua turma de 7 anos, está um pouco mais à frente. Munida de um avental com fantoches de dedo nos bolsos, ela conta A Bela Adormecida. Depois, coloca para a classe ouvir A Linda Rosa Juvenil (versão musicada da história) e pede à garotada que cante: ora as meninas, ora os meninos e em seguida todos juntos. O trabalho com instrumentos já é desenvolvido na turma, mas só deve começar a partir dos 6 anos, recomenda Maria Lúcia. José Henrique sugere ainda que se utilize a música em um contexto maior para a criança vivenciar toda a história que a envolve. E cita como exemplo o aniversário de 90 anos de Dorival Caymmi. "Ótima ocasião para explorar suas músicas, estudar

...

Baixar como (para membros premium)  txt (11 Kb)  
Continuar por mais 7 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com