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Primeiras Tentativas De Representação/Grafismo Infantil

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Por:   •  1/3/2015  •  8.492 Palavras (34 Páginas)  •  812 Visualizações

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Primeiras Tentativas de Representação:

A Fase Pré-Esquemática,

de 4 a 7 anos

IMPORTÂNCIA DA FASE PRÉ-ESQUEMÁTICA

UM MÉTODO diferente de desenho tem início — a criação cons¬ciente da forma. Esta fase promana, diretamente, das últimas etapas das garatujas. Embora os desenhos, propriamente ditos, não tenham aspecto particularmente diferente aos olhos do adulto, este período do desenvolvimento é, para a criança, muito importante. Agora, ela cria, conscientemente, modelos que têm alguma relação com o mundo à sua volta. Este trabalho consciente de formas adquire grande significado, se compreendermos que se trata do início da compreensão gráfica. Os tra¬ços e as garatujas perdem, continuamente, suas relações com os movi¬mentos corporais e passam a ser controlados, relacionando-se com objetos visuais (ver Figura 54). Quando rabisca, a criança se encontra principalmente envolvida numa atividade cinestésica, mas, nesta nova etapa, está empenhada no estabelecimento de uma relação com o que pretende representar. Isto lhe proporciona profundo sentimento de sa¬tisfação.

Esses novos desenhos são importantes não só para a criança, mas também para o professor ou os pais, que já dispõem de um registro tangível do processo intelectual infantil. Esta percepção fornece tam bem, ao adulto, um objeto concreto, que ele pode ver e examinar com a criança, e ainda lhe proporciona certos indícios do que é importante, na vida da criança, e o modo como esta começou organizando suas relações com o meio. Geralmente, por volta dos quatro anos, as crianças já estão fazendo certas formas reconhecíveis, embora seja algo difícil analisar o que elas exatamente representam. Aos cinco anos, esses traços já são, com freqüência, distinguíveis como pessoas, casas ou árvores; quando a criança atinge seis anos, essas formas evoluem para desenhos com tema e claramente identificáveis. Contudo, há muita variação entre as crianças, e mesmo o material que cada uma delas emprega influi no modo como trabalha. Numerosos fatores, que serão examinados mais adiante, .podem influenciar o gênero de desenho que é feito em determinado momento.

Figura 54. A criança, nesta fase, traça formas definidas, conquanto não pareçam representações naturalistas, aos olhos dos adultos.

CARACTERÍSTICAS DOS DESENHOS PRÉ-ESQUEMÁTICOS

É possível considerar que os desenhos das crianças desta idade são o fruto da evolução de um conjunto indefinido de linhas até uma definida configuração representativa. Os movimentos circulares e longitudinais convertem-se em formas reconhecíveis, e essas tentativas de representação procedem, diretamente, das fases das garatujas. Em geral, o primeiro símbolo criado é um homem.

Tipicamente, o homem é desenhado com um círculo indicando a cabeça e duas linhas verticais, as pernas. Essas representações, "cabeça-pés" são comuns nas crianças de cinco anos. Não constituirá surpresa que a primeira demonstração seja uma pessoa. A importância das pessoas nos desenhos infantis é muito evidente, durante toda a infância. Na realidade, não se explica por que a representação "cabeça-pés" deva ser o primeiro método que a criança usa para retratar pessoas, mas há uma concordância geral em que a criança dessa idade não está tentando copiar um objeto visual postado à sua frente. Verificamos que, se mos¬trarmos a crianças de cinco anos retratos de pessoas ou se fizermos com que contemplem alguém enquanto desenham, não muda em nada a forma como essas crianças delineiam uma pessoa. Talvez elas este¬jam, realmente, se desenhando a si próprias; se tentássemos retratar o que vemos de nós mesmos, quando olhamos bem para a nossa frente, a representação seria, de modo provável, um círculo mais ou menos nebuloso no lugar da cabeça, com pernas e braços ligados. Isto pressu¬põe que a criança está primordialmente interessada no eu; sua perspectiva egocêntrica do mundo é, na verdade, uma visão dela própria.

Figura 55. "Um Homem", desenhado por uma criança de quatro anos. As pri¬meiras experiências representativas decorrem, naturalmente, das garatujas infantis.

Outro ponto de vista admite que a representação "cabeça-pés" é o que a criança, de fato, sabe sobre si mesma, e não uma representação visual do todo. A cabeça é o lugar onde se come e se fala. Piaget (1960) descobriu que as crianças de seis anos acreditavam que o pro¬cesso de pensar ocorria na boca. Sem dúvida, os olhos, os ouvidos e o nariz fazem da cabeça o centro da atividade sensorial. A adição de pernas e braços faz desse centro algo móvel e pode indicar um ser real¬mente funcional. Não há dúvida de que as crianças sabem muito mais sobre o corpo do que aquilo que retraíam, pois a grande maioria delas pode rapidamente identificar quase todas as suas partes.

Julga-se também que as primeiras tentativas de representação não resultam de estímulo visual nem de conceito, mas, sim, constituem a representação do método pelo qual a criança percebe. Por exemplo, o sentido do tato, quando se passa a mão num objeto, pode ser tão importante, nesta fase, quanto a percepção visual desse objeto ou a com¬preensão da sua finalidade. De qualquer modo, as primeiras experiên¬cias representativas, de um homem, não devem ser consideradas uma representação imatura, pois, na realidade, um desenho é, principalmente, uma abstração ou um esquema de uma vasta gama de estímulos complexos e o início de um processo mental ordenado.

A representação "cabeça-pés" torna-se elaborada com a adição de braços saindo esticados de ambas as pernas, com o acréscimo do que parece ser um umbigo entre as pernas e a inclusão final do corpo. Ocorrem muitas variações neste desenvolvimento, e quando a criança chega aos seis anos já consegue, freqüentemente, fazer o desenho bastante organizado de um homem.

Nesta fase de evolução, a criança está em contínua busca de novos conceitos, seus símbolos representativos também mudam constantemente. Ela representará hoje um homem de forma diferente daquela como o representará amanhã. Isto não só ocorre a respeito dos seus desenhos de homem, mas também da sua demonstração de casas e árvores. Mas, aos sete anos, a criança já terá estabelecido um esquema básico; os desenhos feitos pelas crianças da primeira série são geral¬mente identificados pela maneira como um objeto é repetidamente de¬senhado.

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