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Grafismo Infantil

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Por:   •  14/9/2014  •  5.127 Palavras (21 Páginas)  •  1.604 Visualizações

Página 1 de 21

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

Curso de Psicologia

PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA

Paula Martins

Lyara Marcella Silva Souza

Regianny Karen Silva Camargo

Thaynara Rodrigues de Almeida

Professora: Luciene Falcão

Goiânia

Setembro/2014

Paula Martins

Lyara Marcella Silva Souza

Regianny Karen Silva Camargo

Thaynara Rodrigues de Almeida

PSICOLOGIA SÓCIO-INTERACIONISTA

Jogo das Cores Proibidas - Vygotsky

Trabalho apresentado à Luciene Falcão, professora da Universidade Paulista – Unip como requisito parcial para o fechamento da nota de NP1 da disciplina Psicologia Sócio-Interacionista do 4º período noturno do curso de Psicologia.

Goiânia

Setembro/2014

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 5

2 – TEORIA ............................................................................................................... 6

2.1 – Sir Jean William Fritz Piaget .......................................................................... 6

2.1.1 – Sensório motor ............................................................................................ 6

2.1.2 – Pré-operacional ............................................................................................ 8

2.1.2.1 – Pensamento simbólico pré-conceitual ......................................................... 9

2.1.2.2 – Pensamento intuitivo ................................................................................... 9

2.1.3 – Operacional concreto ................................................................................. 10

2.1.4 – Operações formais ..................................................................................... 11

2.1.5 – Garatuja ....................................................................................................... 12

2.1.5.1 – Desordenada ............................................................................................. 12

2.1.5.2 – Ordenada ................................................................................................... 13

2.1.6 – Pré-Esquematismo ..................................................................................... 13

2.1.7 – Esquematismo ............................................................................................ 13

2.1.8 – Pseudo Naturalismo ................................................................................... 14

2.2 – Georges-Henri Luquet .......................................................................................... 14

2.2.1 – Realismo fortuito .................................................................................................. 14

2.2.2 – Realismo fracassado ........................................................................................ 14

2.2.3 – Realismo intelectual .......................................................................................... 15

2.2.4 – Realismo visual .................................................................................................. 15

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 16

3.1 – Anexo 1 ........................................................................................................... 16

3.2 – Anexo 2, Anexo 3, Anexo 4 e Anexo 5 ......................................................... 16

3.3 – Anexo 6, Anexo 7 e Anexo 8 ........................................................................ 17

3.4 – Anexo 9 ........................................................................................................... 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 20

ANEXOS ................................................................................................................. 21

1 – INTRODUÇÃO

A criança manifesta sua visão de mundo expondo seu "mundo real", como o vê e sente, por meio do desenho ou do que chamamos grafismo infantil. Através dele se desenvolve noções de espaço, tempo, quantidade e seqüência apropriando-se do próprio conhecimento construído de acordo com seu ritmo. O fato de estar relacionada ao meio, inserida em um contexto sociocultural auxilia para que esteja em contato constante com essa realidade e desenvolva, por sua vez, o desenho. Em seu desenvolvimento cognitivo, passa por diferentes estágios que definem formas de desenhar bastantes similares entre todas as crianças, apesar de suas diferenças individuais e, se há estágios do desenvolvimento infantil, o mesmo pode ser dito em relação ao progresso do desenho propriamente dito, pois, mediante seu crescimento, o desenho também evolui. O objetivo deste trabalho é experimentar a coleta de desenhos e compreender os estágios do desenvolvimento cognitivo segundo o psicólogo Jean Piaget usando como referência sua Teoria dos Estágios e a obra clássica do filósofo Georges-Henri Luquet, O desenho infantil. Para Piaget, a inteligência relaciona-se com a adaptação ao meio envolvendo a execução de comportamentos complexos e, para isso, a criança precisa de estruturas cognitivas capazes. Elaborou então, em sua teoria a divisão do desenvolvimento cognitivo infantil em período sensório-motor, período pré-operacional, período operacional concreto e período das operações formais. Um dos conceitos que Luquet aborda em seu livro chama-se realismo que, para ele, é o que caracteriza o desenho infantil no seu conjunto, dividindo-se em realismo fortuito, realismo fracassado, realismo intelectual e realismo visual. Ao longo do trabalho procura-se relacionar seus conceitos mais importantes com os desenhos coletados.

2 – TEORIA

2.1 – Sir Jean William Fritz Piaget

Psicólogo e epistemólogo suíço considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Estudou na Universidade de Neuchãtel e doutorou-se em ciências naturais em 1918, quando deixou a universidade à procura de treinamento e experiência em psicologia. Através da minuciosa observação de seus filhos e principalmente de outras crianças, impulsionou a Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano. São eles:

2.1.1 – Sensório motor

O primeiro dos quatro estágios de desenvolvimento cognitivo. Durante esse estágio que vai do nascimento até aproximadamente os 2 anos, os bebês aprendem sobre si mesmos e sobre seu ambiente. É composto de seis subestágios que fluem de um para o outro à medida que os esquemas de um bebê, seus padrões organizados de comportamento, tornam-se mais complexos. Durante os cinco primeiros subestágios, aprendem a coordenar as informações dos sentidos e a organizar suas atividades em relação a seu ambiente. Durante o sexto e último subestágio, progridem de aprendizagem por tentativa e erro para a utilização de símbolos e conceitos para resolver problemas simples. No primeiro subestágio (do nascimento até aproximadamente 1 mês), ao exercitarem seus reflexos inatos, os neonatos adquirem certo controle sobre si. Começam a apresentar um determinado comportamento mesmo quando o estímulo que normalmente o provoca não está presente. No segundo subestágio (1 e 4 meses), aprendem a repetir uma sensação corporal agradável primeiramente obtida por acaso, chamado de reação circular primária. Então, começam a atentar para os sons, demonstrando capacidade de coordenar diferentes tipos de informações sensórias (visão e audição). O terceiro subestágio (4 a 8 meses) coincide com um novo interesse em manipular objetos e aprender sobre suas propriedades, apresentando reações circulares secundárias: ações intencionais repetidas não apenas por seu próprio valor, como no segundo subestágio, mas para obter resultados que vão além do próprio corpo. Quando atingem o quarto subestágio, coordenação de esquemas secundários (8 a 12 meses), já elaboraram os poucos esquemas com os quais nasceram. Aprenderam a generalizar a partir das experiências passadas para resolver novos problemas e distinguir meios e fins. Engatinham para conseguir algo que querem pegar, ou afastam algo que os atrapalhe. Experimentam, modificam e coordenam esquemas anteriores para encontrar um que funcione. Esse estágio, portanto, marca o início do comportamento intencional. No quinto subestágio (12 a 18 meses), os bebês começam a experimentar novos comportamentos para ver o que acontece. Depois que começam a caminhar, podem explorar o ambiente com mais facilidade. Agora apresentam reações circulares terciárias, variando uma ação para obter um resultado parecido acidentalmente. Pela primeira vez, mostram originalidade na resolução de problemas. Por tentativa e erro, experimentam novos comportamentos até encontrarem a melhor forma de atingir um objetivo. O sexto subestágio, associações mentais (em torno de 18 meses a 2 anos), é uma transição para o estágio pré- operacional. Desenvolve-se a capacidade de representar mentalmente objetos e ações na memória, principalmente através de símbolos, como palavras, números e imagens mentais. A capacidade de manipular símbolos liberta as crianças da experiência imediata. Agora são capazes de imitação diferida, ou seja, imitar ações que não vêem mais à sua frente. São capazes de fazer de conta, de utilizar símbolos para pensar sobre ações antes de praticá-las. Como agora têm alguma compreensão de causa e efeito, não precisam mais passar pelo trabalhoso método de tentativa e erro para resolver problemas. O conceito de objeto - a idéia de que os objetos possuem existência, característica e localização no espaço própria e independente - é fundamental para uma visão organizada na realidade física. O conceito de objeto é a base para a consciência das crianças de que elas mesmas existem separadamente dos objetos e de outras pessoas, é essencial à compreensão de um modo repleto de objetos e acontecimentos. Um aspecto desse conceito é a permanência do objeto, a compreensão de que um objeto ou uma pessoa continua existindo mesmo quando não se pode vê-lo. A permanência do objeto desenvolve-se gradualmente assim, inicialmente, os bebês não têm essa compreensão. No terceiro subestágio, procuram algo que derrubaram, mas se não conseguem vê-lo, agem como se ele não existisse. No quarto subestágio, procuram um objeto no lugar onde o encontraram pela primeira vez depois de vê-lo escondido, mesmo que posteriormente o tenham visto ser colocado em outro lugar. No quinto subestágio, não cometem mais esse erro e procuram um objeto no último lugar em que o viram escondido; entretanto, eles não o procuram em um lugar onde não o tenham visto ser escondido. No sexto subestágio, a permanência do objeto está plenamente estabelecida, e as crianças procuram um objeto mesmo que não o tenham visto ser escondido. Segundo Piaget, a passagem do comportamento reflexo para os primórdios do pensamento é longa e lenta. Por cerca de 1 ano e 6 meses, os bebês aprendem apenas através dos sentidos e dos movimentos. Somente na segunda metade do segundo ano é que eles avançam para o pensamento conceituai. Ele sustentava que a imitação invisível – imitação que utiliza partes do corpo que um bebê não pode ver, como a boca – se desenvolve em torno dos 9 meses, depois da imitação visual – o uso de mãos e pés, por exemplo, que os bebês podem ver.

2.1.2 – Pré-operacional

Designado como pertencente da segunda infância acontecendo dos 2 aos 7 anos. Neste estágio as crianças sofisticam-se no uso do pensamento simbólico, mas ainda não são capazes de usar a lógica. Essa função simbólica é a capacidade de utilizar representações mentais (palavras, números ou imagens) as quais atribuem significado, ou seja, é a capacidade de usar símbolos ou relembrá-las sem que esteja fisicamente presente o uso da memória.

É considerado como o período da preparação e da organização da inteligência operatória concreta. Assim, em seus pensamentos, a criança já deve ser capaz de manipular o seu ambiente simbólico através do que vê no mundo lá fora, como no exemplo citado Papalia em seu livro, uma criança de 4 anos pede para mãe sorvete e esta analisa o ambiente concluindo que não há nenhum estímulo como geladeira aberta ou alguma propaganda de televisão. A criança usou a função simbólica onde não precisa mais dessa indicação sensória para pensar sobre alguma coisa. Durante este estágio, aprendem a representação dos objetos por palavras e a manipulação das palavras mentalmente. Este período também é caracterizado por consideráveis mudanças físicas. A maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina – pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente e conseguir fazer os delicados movimentos exigidos pela escrita. O inicio, 2 aos 4 anos, é marcado pelo aparecimento da função semiótica ou simbólica, que sinaliza o início do pensamento e permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc. Pode criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia, do faz de conta e do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer. A linguagem, a imagem mental e o jogo simbólico são manifestações da função simbólica que permite comunicar-se com os outros, contudo, nesse período as crianças são muito egocêntricas, para elas o diálogo é inexistente mesmo quando brinca com outras crianças, pois, não se importam com as respostas dos outros, como no exemplo dado em sala, à criança brinca com outra o dia inteiro e na hora de ir embora mal se despede. É também o período em que dá vida a objetos inanimados, o que chamamos de animismo. A linguagem está em nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. A socialização é vivida de forma isolada, porém, ainda dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados. Segundo Piaget, o estágio Pré-Operatório subdivide-se em outros dois estágios:

2.1.2.1 – Pensamento simbólico pré-conceitual: estende-se dos 2 aos 4 anos, a criança se caracteriza pelo pensamento egocêntrico. Encontra-se o animismo ou antropomorfismo, onde a criança tende a dar sentimentos humanos a objetos à sua volta com, por exemplo, um sorriso no sol e na lua; o realismo, onde tem a materialização dos sonhos, se ele sonhar que tem um monstro debaixo da cama, acredita fortemente que existe; o finalismo: nada acontece por acidente, tudo tem uma justificação finalista; o artificialismo, é a explicação de fenômenos naturais como se fossem produzidos pelos seres humanos; o egocentrismo, que é a tendência da criança de ligar tudo que o acontece aos sentimentos e ações, por exemplo, o famoso “tudo meu”, “tudo pra mim e por mim”.

2.1.2.2 – Pensamento Intuitivo: inicia-se a partir dos 4 anos e permite que a criança resolva alguns problemas. Este pensamento é irreversível neste período, já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, as perguntas surgem o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar sem que acredite. O pensamento continua centrado em seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos sem, no entanto, incluir conjuntos menores em conjuntos maiores. Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa, mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras dos outros. Algumas características são: centração, onde a criança, para dar uma resposta, se liga apenas em determinado aspecto a cada situação; irreversibilidade do pensamento, a criança não consegue desfazer as ações que realizou para comprovar o seu próprio raciocínio; raciocínio transdutivo, a criança tende a dar uma mesma explicação para várias situações e sempre tentam encontrar uma causa para tudo, freqüentemente estabelecem relações de causa-efeito e dificuldades de transformação, seu pensamento é estático, ou seja, estão sempre no presente, não existe futuro; sincretismo é um modelo de raciocínio que toma a parte pelo todo. Manifesta-se quando as crianças não são capazes de separar diferentes aspectos ou partes de uma situação ou objeto e agem de acordo com as suas características, misturando conceitos de referenciais diferentes; dificuldades de classificação: normalmente, as crianças, enfrentam dificuldades para estabelecer e relacionar classes de objetos ou situações; dificuldades de seriação, as crianças freqüentemente têm dificuldades em ordenar ou criar séries

2.1.3 – Operacional concreto

Inicia-se aproximadamente aos 7 e estende-se até os 12 anos. Desenvolve-se o pensamento lógico, mas não o abstrato. Nesse estágio as crianças possuem uma melhor compreensão dos conceitos espaciais de causalidade, categorização, conservação e de número. Sabem contar e lidar com as quantidades, e reconhecem os cinco princípios básicos de aritmética: o princípio de um para um, o princípio da ordem estável, o princípio da irrelevância da ordem, o princípio de cardinalidade e o princípio da abstração. Sabem compreender melhor as relações espaciais. Possuem uma idéia mais clara da distância entre um lugar e outro e de quanto tempo leva para chegar, tem mais facilidade de se lembrar do trajeto e de seus pontos de referência. Reconhecem a influência dos atributos físicos mais cedo do que reconhecem a influência dos fatores espaciais. Esses dois processos desenvolvem-se separadamente à medida que a experiência ajuda a revisar suas teorias intuitivas sobre como as coisas funcionam. Incluem-se agora habilidades como seriação (capacidade de ordenar itens segundo uma dimensão), interferência transitiva (reconhecer uma relação entre dois objetos, conhecendo-se a relação entre cada um deles e um terceiro) e inclusão de classe (compreensão da relação entre o todo e suas partes). Fazem uso do raciocínio indutivo assim, o raciocínio dedutivo não se desenvolve até a adolescência sendo essencial a lógica formal. Não compreendem que certas características físicas dos objetos (seu número de elementos, sua longitude, área e massa, seu peso ou seu volume) se mantêm invariáveis apesar de certas mudanças perceptivas. Já não consideram mais de um aspecto de um problema ao mesmo tempo, fixando sempre em apenas um dele. Isto é, diz-se que a criança, até essa fase, focaliza apenas uma única dimensão do estímulo, centralizando-se nela e sendo incapaz de levar em conta mais de uma dimensão ao mesmo tempo. Sobre reversibilidade, não conseguem refazer mentalmente o processo seguido até voltar ao estágio inicial. Embora, as características do pensamento operacional concreto e a seqüência de progressão nas habilidades cognitivas pareçam universais, o ritmo de desenvolvimento em alguns domínios pode depender de fatores culturais e julgamentos morais imaturos, concentrando-se apenas na magnitude da infração. As crianças fazem julgamentos morais mais consistentes quando podem considerar as coisas de seu um ponto de vista, então, o julgamento moral desenvolve-se em dois estágios: moralidade de restrição (julgamento caracterizado por rigidez e egocentrismo) e moralidade de cooperação (julgamento flexível e sutil a partir de elaboração de um código moral próprio). À medida que se desenvolvem, fazem progressos constantes em suas habilidades de processar e reter informações. Compreendem mais sobre como a memória funciona e esse conhecimento permite utilizar estratégias ou planos pra ajudar a se lembrarem. Enfim, o processamento de informações baseia-se na memória como um sistema de arquivos em três processos: codificação, armazenamento e recuperação. Após esse armazenamento, o processo de informações representa a mente através de das memórias como sendo: sensorial de trabalho e de longo prazo.

2.1.4 – Operações formais

Inicia-se aos 12 anos de idade. Já conseguem raciocinar sobre hipóteses na medida em que são capazes de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Com isso, a criança adquire capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta discutindo valores morais e construindo os seus próprios adquirindo, portanto, autonomia. Alcança sua forma final de equilíbrio, ou seja, consegue alcançar um padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta. Isso não quer dizer que ocorra uma estagnação das funções cognitivas, a partir do ápice adquirido na adolescência, esta será a forma predominante de raciocínio utilizada pelo adulto. Seu desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos tanto em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos de funcionamento mental. Assim sendo, Piaget argumenta que o desenvolvimento da moral neste período é o de autonomia, em que há a legitimação das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade, quer seja o respeito a regras é entendido como decorrente de acordos mútuos entre pessoas, sendo que cada uma delas consegue conceber a si próprio como possível 'legislador' em regime de cooperação entre todos os membros de um grupo, por exemplo.

Com relação ao desenho infantil, Piaget apresenta algumas fases a partir de sua teoria. São elas:

2.1.5 – Garatuja

Encontra-se durante o estágio Sensório Motor. As crianças sentem prazer em traçar linhas em todos os sentidos sem levantar o lápis do papel como se esse fosse o prolongamento de sua mão. Como nessa fase os desenhos estão em relação direta com o “eu” (ego), ele refletem momentos distintos que podem representar felicidade, comportamentos instáveis e até quando não estão se desenvolvendo bem. Nessa fase à figura humana é inexistente ou pode aparecer da maneira imaginária e o uso das cores tem um papel secundário o que faz com que apareça o interesse pelo contraste. Até os dois anos de idade a criança desenha sem intenção consciente o que divide a garatuja em dois momentos:

2.1.5.1 – Desordenada: percebida através dos movimentos amplos e desordenada onde o desenho ainda é um exercício, pois não há preocupação com a preservação dos traços uma vez que eles são cobertos com novos rabiscos várias vezes.

2.1.5.2 – Ordenada: percebida através do uso de movimentos longitudinais e circulares nos desenhos o que caracteriza o início do interesse pelas formas através de uma exploração maior do traçado no papel.

2.1.6 – Pré-Esquematismo

Encontra-se durante o período pré-operacional. As crianças já atribuem significado ao que desenham fazendo riscos na horizontal, vertical, espiral e círculos apesar de não nominar o que fazem. Com relação ao uso das cores em suas produções, às vezes, podem usar mas não há uma relação forte com a realidade, pois depende do interesse emocional já que os elementos são dispersos e não relacionados entre si. São capazes de projetar no papel o que ela sente mesmo sendo incapaz de aceitar o ponto de vista de outra pessoa diferente do dela. O grafismo irá representar uma fase mais criativa e diversificada nas produções proporcionando uma descoberta maior nas relações entre desenho, pensamento e realidade.

2.1.7 – Esquematismo

Encontra-se durante o período das operações concretas. As operações mentais das crianças ocorrem em resposta a objetos e situações reais, com isso, compreendem termos de relações como: maior, menor, direita, esquerda, mais alto, mais largo, etc. Apesar de apresentarem dificuldade com os problemas verbais, ainda traçam a chamada “linha de base” do mesmo modo que representam a figura humana com alguns desvios (exageros, negligências e omissão ou mudança de símbolos). Descobrem as relações de cor, cor-objeto e progressivamente começam a desenvolver a capacidade de se colocar no ponto de vista do outro. Ao final do estágio, o desenho infantil apresenta a fase do Realismo onde utilizam bastante as formas geométricas em seus desenhos com maior rigidez, formalismo e acentuam-se os usos das representações de roupas para distinguir os sexos.

2.1.8 – Pseudo Naturalismo

Encontra-se durante o período das operações formais. Como dito, o pensamento formal das crianças é hipotético-dedutivo. Diante disso, essa fase do desenho infantil é marcada pelo fim da arte como atividade espontânea e passa a ser uma investigação de sua própria personalidade buscando profundidade e uso consciente da cor. Na figura humana as características sexuais são exageradas existindo a presença detalhada das articulações e das proporções.

2.2 - Georges-Henri Luquet

Filósofo e etnógrafo foi um dos pioneiros do estudo do desenho infantil e seu trabalho possibilitou novas maneiras de olhar esta atividade, bem como apresentar e relacionar conceitos importantes. Entre os anos de 1910 e 1930, dedicou-se ao estudo do desenho infantil e construiu seu pensamento abordando diferentes áreas do conhecimento como a filosofia, a lógica, a matemática, a psicologia, a antropologia e a educação. Em 1913, na sua tese de doutorado, estudou os desenhos de sua filha Simonne. Quatorze anos mais tarde, em 1927, publicou a obra clássica O desenho infantil. Luquet distingue quatro estágios para o desenho infantil. São eles:

2.2.1 – Realismo Fortuito

Inicia-se por volta dos 2 anos de idade. As crianças verificam que os seus traços produziram acidentalmente uma semelhança não procurada. É a partir das tentativas favorecidas pela tendência ao automatismo gráfico imediato que a habilidade gráfica melhora e elas adquirem êxito em seus desenhos através da grafia total pondo fim ao período chamado rabisco e passando a nomear os seus desenhos.

2.2.2 – Realismo fracassado

Inicia-se normalmente entre 3 e 4 anos de idade. Nessa fase a criança tem a intenção de desenhar algo com determinado aspecto, mas não consegue devido a dois obstáculos: o de ordem motora (quando não têm o controle total de seus movimentos) e o de ordem psíquica (referente ao caráter de tempo limitado e descontínuo da atenção infantil).

2.2.3 – Realismo Intelectual

Estende-se dos 4 aos 10 e/ou 12 anos de idade. As crianças incluem em seus desenhos elementos que só existiam em suas mentes e fazem uso de transparências, planificação, rebatimento e mistura variados pontos de vista.

2.2.4 – Realismo Visual

Geralmente por volta dos 12 anos de idade. As crianças substituem a transparência pela opacidade e o rebatimento e a mudança de ponto de vista pela perspectiva.

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 – Anexo 1

Segundo Piaget, a inteligência sensório-motora é a ação prática do sujeito sobre a própria realidade sem comportar distâncias muito longas entre a ação e a realidade. O recém-nascido dispõe de reflexos hereditários, aos quais vão se acrescentando a partir da exploração do meio, adaptações que serão repetidas, fixadas e adquiridas. Este é o estágio das famosas garatujas: simples riscos (movimentos rítmicos de ir e vir), ainda desprovidos de controle motor. A criança ignora os limites do papel e mexe todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão e sente prazer ao constatar os efeitos visuais que a sua ação produziu. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na página. Segundo Luquet, no período sensório motor as crianças fazem parte do realismo fortuito, criança que começou por traçar linhas sem desejo de representação descobre por acaso uma analogia com um objeto e passa a nomear seu desenho. Observa-se, no Anexo 1, algumas destas características pois a criança demonstra prazer ao desenhar; as figuras aparecem de forma imaginária; a cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente; tem movimentos longitudinais e circulares; há a mudança de movimentos e o desenho de formas irreconhecíveis ao qual criança atribuiu nomes e significados como helicóptero, a cirandinha e o prato típico da Amazônia, Pato no Tucupi.

3.2 – Anexo 2, Anexo 3, Anexo 4 e Anexo 5

De acordo com Piaget, no Pré-Esquematismo (estágio pré- operacional), a criança com 4 anos já e capaz de projetar no papel o que sente, mesmo sendo incapaz de aceitar o ponto de vista de outra pessoa. Por meio de categorização ou classificação, muitas crianças são capazes de classificar por dois critérios cor e forma. Até os 6 anos o grafismo representa uma fase mais criativa e diversificada nas produções proporcionando uma descoberta maior nas relações entre desenho, pensamento e realidade. Utilizam essa capacidade para organizar diversos aspectos de suas vidas, categorizando as pessoas como “boas, más, amigas e não amigas”. Portanto a categorização é uma capacidade cognitiva com implicações emocionais e sociais. Luquet afirma que o realismo falhado ocorre entre os 3 e 4 anos, e a criança tem intenção de desenhar algo com determinado aspecto, mas não consegue devido a dois obstáculos: o de ordem motora (quando não tem o controle total de seus movimentos) e o de ordem psíquica (referente ao caráter de tempo limitado e descontinuo a atenção infantil). Isso é visto nitidamente no Anexo 2 onde a criança de 4 anos e 5 meses, em seu desenho pôs o sol com um sorriso (animismo) e a categorização de pessoas boas e amigas, pois desenhou uma amiga entre sua família. Reafirmando o que Luquet cita, a criança tem intenção de desenhar algo com determinado aspecto e, no entanto esbarra em obstáculos de ordem motora e psíquica. No Anexo 3, a criança tem 6 anos faz uso de símbolos, palavras, números para representar aspectos de seu mundo. Relaciona-se apenas por meio de sua perspectiva individual e o mundo é fruto da percepção imediata. No Anexo 4, da criança Zax, foi visto também o animismo: o sol representa o pai, a lua representa a mãe, uma estrela representa o irmão e o sol e a lua possui olhos, nariz, boca e sobrancelha; tem um robô que hipnotiza pessoas, o que chamamos de realismo ou materialização dos sonhos (crença de que existe), fase prevista por Luquet como realismo intelectual. No Anexo 5, da criança Trix de 6 anos, que também está na fase do realismo intelectual, fez uso de símbolo como uma seta que indica onde está o Paint Ball, usa palavra como forma de representação, está com um amigo e diz querer jogar e faz uso da representação mental, pois representa a roupa e os instrumentos do jogo.

3.3 – Anexo 6, Anexo 7 e Anexo 8

De acordo com Piaget, aproximadamente aos 7 anos, as crianças entram no estágio de operações concretas durante o qual elas desenvolvem o pensamento lógico, mas não o abstrato. Compreende também os conceitos espaciais, de causalidade, de categorização, tempo e irreversibilidade. Nesse estágio as coisas não são mais confundidas; os esquemas já estão formados e são bastante ligados ao que é concreto. Segundo Luquet, crianças fazem parte do Realismo Intelectual que é caracterizado pelas perspectivas, ou seja, desenham não aquilo que veem, mas sim o que sabem. Podemos observar, no Anexo 6 e no Anexo 7, há algumas destas características pois as crianças seguem suas perspectivas e não embaralham as linhas, não misturam as cores nem as coisas, possuem uma noção de espaço e utilizam do raciocínio indutivo. Somente no Anexo 8 ocorre o uso de símbolos que não está envolvido na fase desta criança, provavelmente por ter contato com desenho de outras pessoas. Com a simbolização acontece o abandono do esquema de cores e de linhas, as formas geométricas aparecem, surge um formalismo e uma rigidez em seus desenhos. A criança incorpora regras ou códigos de representação de imagens, passando a considerar a hipótese de que o desenho serve para imprimir o que vê que é o que ocorre no desenho exposto.

3.4 – Anexo 9

Segundo Piaget, em observação do Anexo 9, a criança encontra-se no período das operações formais por possuir idade acima dos 12 anos, onde interage mais com a sociedade sendo capaz de agir e modificá-la. Embora, o pensamento possa permanecer imaturo em alguns aspectos, é capaz de raciocinar de maneira abstrata, hipoteticamente sendo apto a fazer julgamentos morais sofisticados além de se tornar mais realistas. De acordo com as fases, seu desenho encontra-se no pseudo naturalismo onde não há mais certa espontaneidade, cada parte do cavalo é meramente pensada. Há presença de espaço e profundidade sendo bem realista e detalhado o animal com suas articulações e proporções. Existe uma maior consciencialização sobre a cor. De acordo com Luquet, encontra-se no realismo visual, onde há uma submissão mais ou menos infeliz na execução à perspectiva, exemplo, o rosto do animal desenhado de perfil e a presença de um só olho, sendo que o outro não se pode ver.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo mostrou-nos a importância de se investigar a produção gráfica da criança em um contexto de interação com o meio social para uma melhor compreensão do desenvolvimento do desenho infantil. Por meio das pesquisas percebe-se que a procura por entender o grafismo é uma forma de entender a própria criança e o seu emocional. Sendo ela, um ser em constante transição. As fases de Luquet e os estágios de Piaget evidenciaram a função cognitiva do desenvolvimento como sendo evoluções seqüenciais. Ao entrar em contato com o livro O desenho livro e a Teoria Cognitiva, pôde-se observar que as crianças até dois anos só fazem riscos, sem qualquer sentido, porque para a própria criança isso não tem nenhum significado. Por volta dos três anos, o significado que antes era inexistente, passa a apresentar-se por conta do sentido dos riscos na horizontal, vertical, espirais, círculos, porém a criança ainda não é capaz de nomeá-lo. É só por volta dos quatros anos que a criança começa a ser contagiada por outras realidades que não somente a dela. Então, desenhar evolui e se transforma até chegar a hora em que outras atividades começam a ficar mais atrativas e divertidas. Ao perder essa inocência no desenho, acaba por adquirir conhecimento e, em contrapartida passa a representar a realidade mais próxima possível da perspectiva adulta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.olharpedagogico.com/site_detalheDica.php?id=10

http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.html

http://pt.scribd.com/doc/28372295/Fases-Do-Desenho-Segundo-Piaget

LUQUET, George-Henri. (1927) O desenho infantil. Porto: Ed. do Minho. 1969.

PAPALIA, E. D.; OLDS, S. W. ; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. 10.ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 2009.

ANEXOS

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