Aplicação injeção IM Regiao Ventre glutea

A administração de fármacos por via intramuscular (IM) é um procedimento utilizado regularmente na prática clínica da Enfermagem.1 A região ventro-glútea (VG) é a mais indicada em relação às demais, por ser facilmente delimitada pelos acidentes anatômicos palpáveis utilizados na técnica de Hochstetter. Esta técnica foi proposta pelo anatomista suíço Von Hochstetter e seus colaboradores em 1954, que realizaram uma profunda investigação anatômica da região VG, com o objetivo de explicar as várias intercorrências da aplicação intraglútea.2 A administração de um medicamento por via IM abrange mais do que a injeção de um fármaco, requer também, uma avaliação da região e do músculo mais apropriados. Este procedimento deve ser realizado por profissionais que conhecem os aspectos fundamentais para a execução técnica, ou seja, equipe de enfermagem. Apesar de ser considerado por muitos como um procedimento simples, a prática e os dados científicos apresentam inúmeras intercorrências relacionadas à aplicação de medicamentos por via IM.3 Cabe ressaltar que, na busca por alternativas para eliminar as complicações relacionadas ao uso do músculo glúteo máximo, na aplicação IM, Von Hochstetter identificou e comprovou, por meio de consistentes investigações, que a região VG é o local que menor risco oferece ao paciente.4 Este autor acrescenta que relatos de lesões de necrose tecidual, contraturas musculares, fibrose e até perda de movimentos articulares foram observado em pessoas que fizeram uso de medicação intramuscular, ocorrências comuns quando da utilização dos músculos deltóide, glúteo máximo e vasto lateral da coxa, que podem ser traduzidos como os eleitos para aplicação de medicações IM na prática de enfermagem.4 O plano muscular da região VG é constituído pelos músculos glúteo médio e mínimo que ficam cobertos pelo músculo glúteo máximo. É considerado pela literatura o local mais seguro e adequado para a aplicação IM em adultos, criança e bebês.5 Esta região é a mais indicada devido às suas peculiaridades: maior espessura dos ventres musculares (músculos glúteo médio e mínimo), local livre de vasos e nervos importantes tanto em adultos como em crianças e menor espessura de tecido subcutâneo se comparada às outras regiões de aplicação, além do fácil acesso tanto em decúbito ventral, dorsal ou lateral. A direção das fibras musculares previne o deslizamento do material injetado para a região do nervo isquiático (ciático), livrando-o de irritações. Acrescenta-se também a vantagem de que a epiderme nesta região tem menor concentração de germes patogênicos anaeróbios quando comparada a dorso-glútea (DG), pois é menos passível de ser contaminada com fezes e urina, principalmente em pacientes acamados. Indiscutivelmente, a região VG é a mais segura, entretanto é minimamente utilizada, como foi identificado em estudos realizados no estado de São Paulo, Brasil.2,3,6–7 ISSN 2179-7692 Rev Enferm UFSM 2013 Mai/Ago;3(2):259-265 261 Outra pesquisa, efetivada em uma província canadense, também confirmou que os enfermeiros não utilizam preferencialmente a região VG para a administração de injeções IM em adultos, como recomendado pela literatura.8 Uma das dificuldades se pauta na crença de que na região VG as pessoas apresentam maior sensibilidade dolorosa, acresce-se ainda o fato da preferência por parte da maioria dos profissionais da área da enfermagem resistir a mudanças devido a sua insegurança ou pelo apego às técnicas tradicionais, utilizando principalmente a região DG como o local eleito. Em meio às lacunas teóricas e práticas nos hospitais de ensino da região de abrangência da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Campus de Palmeira das Missões/RS, discentes e docentes envolvidos no trabalho de pesquisa observaram empiricamente, pouca ou nenhuma utilização da região VG para a aplicação medicamentosa. Diante da realidade exposta, esta investigação teve como foco investigar os índices de utilização da região VG para administração IM pelos profissionais de enfermagem. Para melhor sustentar a pesquisa partiu-se da perspectiva de responder à seguinte pergunta: qual o índice de aplicabilidade de injeção IM na região VG pelos profissionais da equipe de enfermagem?

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