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Resgate Histórico: Enfermagem a arte do cuidar

Por:   •  12/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.099 Palavras (9 Páginas)  •  549 Visualizações

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Resgate histórico: Enfermagem e a arte do cuidar

Durante o desenvolvimento da medicina, os hospitais eram abrigos para pobres e doentes sem condições de receber tratamento domiciliar, que na época era exclusividade da alta sociedade. Estes serviços eram prestados por religiosas e leigas, em troca da salvação.

Até o século XVIII, predominavam as doenças infecto-contagiosas nos hospitais, estes estiveram sob péssimas condições, devido a falta de contingente qualificado para prestar o cuidado aos doentes. Os doentes de classe social mais humilde, por não terem outras alternativas, tornavam-se objeto de experiência dos médicos, que estudavam as doenças para melhor tratar os ricos.

A enfermagem começa a atuar neste cenário, com o convite do ministro da Inglaterra a Florence Nightgale, para trabalhar juntamente aos soldados feridos em combate na Guerra da Criméia. Por quase cinquenta anos, Florence lutou para que a profissão de enfermagem fosse reconhecida, por isso, atualmente esta mulher tem significado marcante e de elevado prestígio nas atividades e evoluções da enfermagem.

Em meados do século XIX, houve importantes avanços tecnológicos e sociais no meio hospitalar, elaborando estratégias que visavam o bem estar do cidadão. Foram criados pensamentos e preocupações sobre saúde-doença e foi implementado um novo ambiente de atenção em saúde, que focava resoluções dos agravos e obtenção da cura. Com o passar do tempo e os avanços da medicina que favoreceram a reorganização, a visão hospitalar mudou, o médico se tornou profissional liberal e a enfermagem se profissionalizou gradativamente, separando auxiliares, técnicos e enfermeiras “padrão” ( de curso superior). As mulheres começam a abrir espaço e os homens se inserem na profissão. Se formava outra mentalidade e imagem das profissões.

Atualmente, enfermeiros buscam aperfeiçoamento da profissão, através de cursos, especializações, mestrados e doutorados, assumindo hoje, postura mais altiva e voluntariosa. Como reconhecimento pela presença institucional e importância do seu trabalho na sociedade, o enfermeiro foi ganhando espaço. Este foi acumulando grandes responsabilidades, desde a realização da supervisão da equipe de enfermagem de uma ou várias unidades ao mesmo tempo, até a realização do processo administrativo. Mas nenhuma tecnologia pode substituir a atenção e o trabalho do profissional, ele é o responsável pelo cuidado, dentre outras atribuições, responde por inúmeras vidas diariamente, prestando ou não a assistência direta ao paciente, e por isso, deve oferecer condições de conforto, contribuir para uma transição saudável, e considerar o paciente como um ser integral com múltiplas necessidades e potencialidades. Esta aproximação entre o cuidador e o ser cuidado possui finalidades terapêuticas que visam melhora/ recuperação do paciente e sua re-inserção na sociedade.


 
A enfermagem pode prestar assistência e não cuidar ou pode cuidar e não prestar assistência. Cuidar é preocupar-se, assistir, ajudar ao outro com necessidades. O cuidado com o paciente abrange muito mais que uma técnica ou momento de atenção, está vinculado ao cuidar, com ação de prevenção. O cuidado é imprescindível na assistência em todas as situações de enfermidades, incapacidade e no processo de morrer, não se limita apenas ao realizar de uma tarefa, mas ao momento de interagir com o paciente.

O ambiente hospitalar tem por característica, deixar as pessoas vulneráveis, pois é um ambiente triste e sombrio, por isso, uma hospitalização geralmente gera medo, angústia, ansiedade, solidão e sofrimento ao paciente. Neste cenário a equipe de enfermagem entra, tentando melhorar a situação, buscando alternativas para minimizar o sofrimento, e contribuir para uma melhor adaptação ao tratamento. O enfermeiro possui, dentre outras funções, a de informar com clareza e orientar tanto o paciente como seus familiares, sobre o tratamento/procedimento que será realizado, de maneira a acolher e estabelecer uma relação de apoio, confiança e amor com o próximo.

O cuidar gera no cuidador sentimentos de prazer e satisfação através das trocas mútuas de conhecimentos e sentimentos, pois cuidando do próximo, estamos cuidando de nós mesmos. Este ato de empatia se desenvolve a partir da capacidade de colocar-se no lugar do outro, seja em situações gratificantes ou de frustração.

O cuidado em Enfermagem: Uma aproximação Teórica

“O cuidado é manifestado na preservação da saúde dos cidadãos e tendo a concepção ética que contempla a vida como um bem valioso. Dentro deste conceito, entendemos que o cuidado também significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção e é concretizado quando vivemos em sociedade.”

O pensamento de ajudar e/ou colocar-se no lugar do outro para a solução de problemas, dentro do meio social, ainda é válido como referência e conteúdo básico da noção do cuidado em enfermagem no século XXI. Tem como principal fundamento, fazer a integração das pessoas para a busca de um bem comum e manter a sociedade unida (elo).  Assim, podemos entender que o cuidar e a solidariedade significam ter um comprometimento e partição (engajamento) político-social.

Nesta linha de raciocínio, os temas que traduzem o comprometimento e o engajamento social se referem, basicamente, à preservação, conforme indicamos abaixo:

a) da espécie humana, envolvendo a compaixão e a ternura;

b) do social e da política, entendendo a diversidade de convívio democrático em ambientes político-culturais diferentes;

c) da cultura global, compreendendo a pluralidade cultural e Inter étnica ;

d) da vida ecológica e cosmológica, participando da sustentabilidade e do cuidado para com as futuras gerações.

A noção subjacente (que não se manifesta claramente: ideias subjacentes) da participação e do comprometimento define que a atividade do cuidado de enfermagem é valiosa por si mesma. O cuidado é o principal fator para que haja o processo de sobrevivência da vida humana. E dessa forma podemos entender o real valor da vida, ocupando assim, um lugar central no conjunto dos valores da humanidade.

Ainda nesta linha de raciocínio (real valor da vida/ um lugar central no conjunto dos valores da humanidade), não devemos pensar apenas na forma de vida humana, mas também na forma de vida animal e vegetal.

Assim, quando nos referimos a vida como algo valioso, encontramos inúmeras interpretações éticas. E para que sejam mais bem entendidos, a separamos em 3 grupos. Sendo:

Vida humana como valor instrumental

“o quanto a vida de cada um serve aos interesses das demais pessoas”.

Algo é Instrumentalmente importante se seu valor depender de sua utilidade e capacidade em ajudar as pessoas a conseguirem o que desejam (Ex.: medicamento, dinheiro, entre outros). Caso contrário, são simplesmente bens disponíveis, instrumentais valiosos para a pessoa em particular. É necessário refletir o quanto a qualidade e a riqueza de uma vida saudável e empreendedora ira sugerir o bem-estar de outras, assim como o que representa o cuidado em enfermagem nesta mesma perspectiva. Assim, entendemos que Instrumentalidade nos sugere adquirir bens para si por meio de esforços baseados em seu próprio mérito, numa situação de livre união social com outros indivíduos.

Vida humana como valor subjetivo

Refere-se ao quanto a pessoa mede seu valor para si mesma, ou seja, até onde essa pessoa quer esta vida e até que ponto estar vivo é bom/gratificante para cada pessoa. Dentro desta situação, é necessário que haja autodeterminação e um plano racional de vida. Podemos dizer que em termos genéricos, os animais, as plantas ou as futuras gerações não dispõem das faculdades físicas, morais e intelectuais para fazê-lo.

Vida humana como valor intrínseco

É o valor subjetivo que uma vida tem para a pessoa de cuja vida se trata. Partimos do principio de que há um desejo entre os homens em cuidar uns dos outros, não apenas como meios, mas tendo finalidades em si mesmos. Isto porque o instrumental se associa à subjetividade da pessoa, sendo que só é valido para a pessoa que deseja esse bem. O mesmo se aplica para a vida humana. Pode haver o valor subjetivo na medida em que a pessoa estabelece seu valor para si mesmo, ou seja, a pessoa avalia até que ponto ela quer esta vida e o quanto estar vivo e saudável é importante (bom).

Dentro do que foi exposto nas três categorias apresentadas, entendemos que todas estão presentes e as utilizamos no cuidado em enfermagem, agrupando-as e valorizando-as, pois a lógica da vida humana não deixa dúvidas de que seu objetivo é viver e prosperar. A “pessoa” dentro deste contexto se identifica pela sua atividade e criatividade.

O cuidar em enfermagem é algo que se identifica com facilidade por ser uma atividade universal e valiosa, mesmo compreendido somente no contexto da saúde, podemos incluir como uma forma de abordar a existência com uma sensação não apenas de possuidor ou portador, mas também caso seja necessário, de uma forma de criar valores e de estabelecer normas vitais. Além desta concepção, se pensássemos na saúde como sentimento de segurança na vida, o que não impõe nenhum limite, este sentimento traria maior facilidade de viver e prosperar. Se o ser humano mostrar valor em si e que a vida em sociedade necessita da promoção da saúde para que haja desenvolvimento de suas atividades. Assim, o cuidado em enfermagem da maior ênfase nas possibilidades do viver e as construções sociais da vida humana associada.

O principal foco no cuidado em enfermagem é promover e restaurar o bem-estar físico, o psíquico e o social. Aumentar as possibilidades de viver e prosperar, bem como ter capacidade de associar diferentes possibilidades de funcionamento que pode ser realizado para a pessoa. Dentro desta perspectiva, o cuidado em enfermagem é inserido no âmbito da intergeracionalidade, pois se associa a um conjunto de ações, procedimento, propósitos, eventos e valores que ultrapassam ao tempo de ação.

O postulado do longo tempo reflete, por si só, uma releitura da justiça tipicamente temporal em duas direções:

a) a continuidade da vida humana associada ao longo do tempo e;

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