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A História da Cirurgia - Historia das Infecções

Por:   •  8/3/2020  •  Bibliografia  •  1.242 Palavras (5 Páginas)  •  185 Visualizações

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Capítulo I: Ambiente Cirúrgico[pic 1]

Jhonatan França da Silva Arruda

A DESCOBERTA DAS INFECÇÕES

        Desde os primórdios da civilização, a preocupação para o tratamento das enfermidades aguça a curiosidade das pessoas, mas o registro e padronização do conhecimento demoraram muitos séculos para se consolidar. Aqui citaremos alguns personagens, muito importantes na história da humanidade na descoberta das causas e dos tratamentos das infecções.1, 2

        A Idade Média foi um período mais restrito à evolução do conhecimento médico, devido à proibição de violação do corpo humano por motivos religiosos, mas as ordens religiosas, principalmente na Itália, mantinham serviços rudimentares para tratamento de pessoas doentes, onde as primeiras observações foram descritas. Em 1546, o médico, matemático e filósofo italiano Girolamo Francastoro desconfiou do contágio das doenças a partir de partículas invisíveis as quais denominou seminaria prima (semente primordial), dividindo as moléstias em 3 tipos: por contato direto, por contato indireto (fômites: roupas e outros objetos) e por contagio indefinido. Também já descreveu a sífilis em fases primária, secundária e terciária semelhante ao modo como a estudamos atualmente.1, 3[pic 2]

        Em 1472, Paollo Bagellardo, uma das poucas fontes ocidentais que teve contato com a medicina praticada no Oriente Médio, publicou o primeiro tratado de pediatria com várias instruções sobre higiene nos cuidados com doenças infantis.4 Nesse período foram descritas observações sobre várias outras doenças, como tifo, varíola, peste e escarlatina. Até que em 1863, o comerciante de tecidos holandês Anton Van Leeuwenhock, sem formação médica, mas incrivelmente curioso, aperfeiçoou microscópios e identificou as primeiras células em vegetais e tecidos de peixes (que ele chamava de glóbulos), registrando também pequenos vermes, protozoários e bactérias.1   

        Em 1762, Edward Janner causou uma revolução no tratamento da varíola. Após observar que vacas possuíam pústulas semelhantes às da varíola humana, aproximou-se de uma grupo de mulheres ordenhadoras, que também formavam as lesões da varíola, porém não desenvolviam a doença completa. Resolveu então inocular secreções das feridas de uma dessas mulheres em um menino de oito anos, James Philipps, que desenvolveu a forma mais leve e se curou. Alguns dias depois, inoculou líquido das lesões de outro paciente com varíola clássica na criança, que não adoeceu.5[pic 3]

        Em 1864, o francês Louis Pasteur começaria a escrever seu nome na história da medicina, apesar de nunca ter sido médico. Formado em ciências naturais e muito interessado em química, descreveu conhecimentos sobre isomeria óptica (destrógeros e levógeros) quando foi solicitado para resolver um problema na produção de vinho, que azedava principalmente nos períodos mais quentes do ano. Seus experimentos concluíram que ao aquecer lentamente o lagar até 48ºC e colocar a solução final em garrafas hermeticamente fechadas, o processo não ocorria. Esse mesmo processo foi usado em cervejas na mesma época e na primeira revolução industrial no leite, ganhando o nome de pasteurização em sua homenagem. Também contribuiu para a criação da primeira vacina antirrábica e fundou o instituto Pasteur, um dos centros de pesquisas médicas mais tradicionais do mundo.1, 6 [pic 4]

        Após ter conhecimento dos trabalhos de Pasteur, o médico inglês Joseph Lister passou a se interessar na descoberta de alguma substância que destruísse aqueles agentes invisíveis que causavam gangrena e morte dos pacientes. Vale salientar que na época, conceitos como pus na ferida, aventais cirúrgicos sujos e até mesmo febre eram vistos pela comunidade médica como bons sinais da boa prática cirúrgica. Lister foi no sentido contrário, testando o ácido carbólico (substância anexada à limpeza dos esgotos de Londres e que causou enorme impacto nesse setor) sobre as feridas cirúrgicas. Os resultados foram ótimos e ele seguiu fazendo a limpeza dos instrumentais, borrifando na sala de cirurgia e aplicando em bandagens. Sugeria rigorosa lavagem das mãos e troca das roupas entre os procedimentos. Foi muito mal visto inicialmente e considerado um charlatão pelos colegas até ser solicitado pela rainha Vitória, que mesmo aconselhada por seus médicos a não buscar por “aventureiros”, para tratar de um abscesso em sua axila. O procedimento ocorreu sem complicações e seu nome passou a ser mais ouvido. Acabou por criar os parâmetros da cirurgia moderna e herdou uma homenagem feita por uma marca de antissépticos bucais, o Listerine®. Alguns anos mais tarde, o próprio Pasteur e Charles Chamberland (criador do primeiro protótipo semelhante à autoclave) provaram que a esterilização por calor é superior que a usada com soluções.7, 8[pic 5]

        Muitas descobertas floresciam nesse período. Albert Niesser identificou o gonococo, levando seu nome anos mais tarde. Anton Weichselbaum isolou o meningococo, mas por apresentar semelhanças taxogenéticas, fora incluído no grupo das Nisserias. Albert Frankel publicou a existência dos Clostrídios, que causam tétano e o pediatra alemão Theodor Escherich evidenciou o achado do colibacilo, que anos mais tarde recebia, em sua homenagem o nome oficial de Scherichia coli.1

        O cirurgião estadunidense Willian Stewart Halsted, um dos primeiros na América a adotar os procedimentos assépticos de Lister, foi o primeiro a confeccionar luvas de borracha, inicialmente para atender à necessidade de sua assistente e, futura esposa, a enfermeira Caroline Hampton, que apresentava irritação cutânea pelo ácido carbólico. Já o médico polaco Jan Mikulicz-Radeck foi o primeiro a desenvolver a máscara cirúrgica. Em 1900, o cirurgião militar Walter Reeds associou a febre amarela à transmissão por mosquitos e a palavra vírus passou a ser usada. 1

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