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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE DOAÇÃO E CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS

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Por:   •  14/3/2015  •  6.753 Palavras (28 Páginas)  •  812 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A morte sempre foi um assunto envolto em mistérios, e pouco discutido pela população, até mesmo entre os profissionais de saúde, já que sua formação é pautada na cura, pouco é abordado durante a graduação o tema morte e como trabalhar diante de tal acontecimento. Outro tema pouco ou quase nada abordado durante o período acadêmico e sobre doação e transplante de órgãos e o conceito de Morte Encefálica (ME). Alguns estudos evidenciam que os profissionais da saúde mostram-se resistentes em aceitar e assimilar a (ME) como o fim da vida e não a falência do coração.

Considerando a importância do enfermeiro na doação/transplante essa situação tende a prejudicar o processo de captação de órgãos visto que esses profissionais são formadores de opinião.

Com os avanços tecnológicos e de medicações capazes de controlar a rejeição de órgãos e tecidos, o transplante deixou de ser um tratamento experimental e se tornou uma terapia eficaz para reabilitação de pacientes portadores de algum tipo de deficiência terminal de órgão vital. Contudo o número de pacientes em fila de espera passou a ser bem maior que a quantidade de órgãos doados.

Para que essa discrepância entre pessoas em lista de espera versus o número de doação diminua a população precisa colaborar, colocando de lado o preconceito contra a doação de órgãos.

A medicina tem desenvolvido um arsenal tecnológico que tornou possível a reparação e substituição das funções de órgãos, o transplante permite manter com vida um grande número de pessoas vitimas de doenças terminais que antes não tinham perspectiva de vida.

O Brasil tem se destacado no cenário mundial de transplantes. Há mais de quarenta anos tais procedimentos são realizados no país, que possui atualmente o maior sistema público de transplantes do mundo (ABTO, 2009).

Diante do exposto a pergunta é: Qual é o papel do enfermeiro no processo de doação de órgãos e tecidos?

Sendo assim o objetivo geral que se apresenta é descrever o papel do enfermeiro na doação e captação de órgãos e tecidos. Tendo como objetivos específicos: Conceituar morte encefálica; Discorrer sobre a história dos transplantes no Brasil; Apresentar o processo doação-transplante; Elencar as principais Leis relacionadas à doação de órgãos.

A ideia de realizar este estudo surgiu da vivência enquanto acadêmico/estagiaria da Organização de Procura de Órgãos (OPO) da autora. Que durante o estagio na OPO observou-se a demanda crescente por transplantes, em escala maior que a efetivação de doações.

REFERENCIAL TEÓRICO

CONCEITO DE MORTE ENCEFÁLICA

Não podemos falar em doação de órgão e tecidos sem antes discorrer sobre Morte Encefálica (ME).

A morte é um acontecimento biológico que finda a vida, sendo capaz de despertar nos indivíduos intensos sentimentos como: raiva, revolta, desespero, angustia diante da dor de perder um ente querido. O processo morrer é um assunto permeado por medo e mistério, que expõem o ser humano a uma condição de vulnerabilidade e fragilidade. (SILVA; SILVA, 2007)

A ME é definida como condição na qual há perda irreversível das funções cerebrais, incluindo o tronco encefálico. As funções pulmonares e cardiocirculatórias podem ser mantidas através de medidas de suporte avançado de vida (ventilação mecânica, drogas vasoativas e aquecimento artificial) por certo tempos, após o diagnóstico da ME.

O conceito de morte vem sofrendo alterações no decorrer dos tempos, em 1968 foi dada uma nova definição ao termo morte quando a Comissão da Escola de Medicina de Harvard (Committee of the Harvard Medical School) sendo conhecida posteriormente como Comissão de Morte Cerebral de Harvard (Harvard Brain Death Committee), publicou um relatório no Journal of the American Association intitulado “ Uma definição para o coma irreversível. Tornando-se documento oficial de divulgação dos critérios de morte encefálica (MORAES, 2006).

A morte encefálica representa o estado clínico irreversível em que as funções cerebrais (telencéfalo e diencéfalo) e do tronco encefálico estão irremediavelmente comprometidas. São necessários três pré-requisitos para defini-la: coma com causa conhecida e irreversível; ausência de hipotermia, hipotensão ou distúrbio metabólico grave; exclusão de intoxicação exógena ou efeito de medicamentos psicotrópicos. Baseia-se na presença concomitante de coma sem resposta ao estimulo externo, inexistência de reflexos do tronco encefálico e apneia. O diagnostico é estabelecido após dois exames clínicos, com intervalo de no mínimo seis horas entre eles, realizados por profissionais diferentes e não vinculados a equipe de transplantes. É obrigatória a com provação, por intermédio de exames complementares, de ausência no sistema nervoso central de perfusão ou atividade elétrica ou metabolismo. (MORATO, 2009).

O termo morte encefálica foi oficialmente aceito no Brasil com a publicação da Resolução 1.346/97 do Conselho Federal de Medicina (CFM), atualizada pela Resolução 1.480 de 08 de agosto de 1997 que define os critérios de ME e propõe alguns protocolos. Destacando-se como parâmetros clínicos o coma aperceptivo, arreativo com ausência de atividade motora supra-espinal, midríase paralitica bilateral, apneia e o reflexo óculo-motor ausente (MORAES, 2006).

Para da inicio ao protocolo de ME são necessários três pré-requisitos para confirmá-la: causa conhecida do coma, ausência de hipotermia, hipotensão, distúrbio metabólicos grave, excluir intoxicação exógena. Ao exame neurológico o potencial doador deve estar em Glesgow 3.

Segundo a Resolução n 1.480 do Conselho Federal de Medicina o exame clínico neurológico é à base do diagnóstico, sendo necessário a realizados de dois exames com intervalos de tempo que varia de 48 a 6 horas a depender da faixa etária, deve ser realizado por dois médicos diferentes, sendo um deles obrigatoriamente um neurologista, neurocirurgião ou neuropediatra. Nos exames clínicos são avaliados os reflexos do troco encefálico, que inclui:

- Reflexo pupilar - As pupilas devem estar com dilatação media ou completa, não deve apresentar qualquer resposta a estimulação luminosa por 10 segundos.

- Reflexo corneano – a córnea é estimulada com um contonete ou algodão, não deve apresentar resposta de defesa ou fechamento ocular

- Reflexo vestíbulo

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