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ATUAÇÃO EM EQUIPE MULTIDISCIPLINAR, A PARTIR DA VISÃO DO MÉDICO

Por:   •  20/11/2018  •  Relatório de pesquisa  •  2.044 Palavras (9 Páginas)  •  273 Visualizações

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Relatório da entrevista sobre a atuação em equipe multidisciplinar, a partir da visão do médico

O nosso entrevistado, é um profissional da medicina, que atua no Hospital Regional do munícipio de Santo Antônio de Jesus. Um hospital público e de grande porte que atende a cidade e regiões afins, instituição abarcada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimento de média e alta complexidade. Se constituindo como a referência de unidade hospitalar na região do Recôncavo da Bahia. Ele retrata sobre a formação tecnicista do médico, afirmando que para uma prática mais humanizada e empática com os usuários seria necessário buscar capacitação para além do que é apresentado na academia durante os anos da formação desses profissionais. O entrevistado, para responder às questões apresentadas na entrevista, também relata sobre a falta e a necessidade do psicólogo hospitalar na instituição e, dessa forma, algumas das suas atribuições acaba sendo cumpridas por outros profissionais do hospital, tais como profissionais da medicina e equipes da enfermagem.

Segundo Nogueira e Guedes (2013), a educação é modeladora dos sistemas de representação da realidade. Dessa forma, as autoras discutem que a prática dos profissionais é o reflexo da metodologia que embasa a sua formação, e por isso, grande parcela dos profissionais da medicina, possuem a prática pautada no olhar biomédico. Por este motivo, estes profissionais atuam na doença desconsiderando o indivíduo, restringindo-o somente a patologia. Além disso, as autoras ressaltam que devido o itinerário formativo médico, estes não são aproximados suficientes aos embasamentos teóricos para se questionar, sobre os saberes que são expostos nas disciplinas e as forças atuantes que compõem a estrutura do poder biomédico.

Moraes (2012) complementa que na prática biomédica houve a normalização de alguns pensamentos, tais como o médico ser o único que tem “poder de curar as doenças”, e o detentor do saber. Esse lugar, esse campo de força, que é esperado que o médico ocupe e fortaleça com a sua prática, por muitas vezes reforça um não-olhar para o paciente e a sua totalidade, com uma práxis que não abarca a autonomia desses sujeitos e nem a possibilidade de atuar de maneira ativa na escolha do seu processo propedêutico e terapêutico desconsiderando o processo de escuta desse paciente e a sua importância. Nesta discussão, segundo Saito et al (2013), também pode-se analisar o local no qual o paciente ocupa nesta relação médico-paciente e pode está muito atrelado ao significado da palavra, paciente, que remete ao ser que supõe-se ser passivo e conformado.

Neste sentido faz jus o entendimento de que, ainda que a figura do profissional médico propague como detentor do saber, trata-se de uma construção histórica, atravessada de interesse de perpetuação da disciplina e controle social, docilizando os corpos dos indivíduos, na nossa sociedade estruturada pelo capitalismo, distanciando da perspectiva do sujeito como um ser biopsicossocial, sendo necessários para uma intervenção integral do cuidado, os diversos saberes dos profissionais presentes no âmbito hospitalar, visto que todos os demais profissionais, de acordo com suas especialidades, podem e devem contribuir para a elaboração de um plano terapêutico que contribua positivamente para o avanço na melhora do quadro clínico dos usuários do serviço.

É nesse contexto que deve ser validado a formação de uma equipe multidisciplinar, para que seja construído um diálogo acerca das condições clínicas e demandas do paciente, além do contexto social e cultural que este está inserido. Apesar dos desafios, a ação multidisciplinar apresenta-se como uma forma promissora e irreversível de atendimento na área da saúde. Atualmente a equipe conta com o auxílio de diversos profissionais, inclusive o psicólogo (Tonett et al, 2007). Esses profissionais estão habituados a tomarem decisões importantes em curto espaço de tempo, no entanto essas decisões ainda passam pelo crivo do profissional médico.

A entrevista foi conduzida com perguntas que buscavam conhecer a prática multidisciplinar vivenciada pelo nosso entrevistado, com ênfase na relação com o profissional da psicologia, buscando-se uma aproximação da perspectiva do profissional da medicina em relação ao papel do psicólogo, no ambiente hospitalar. Como foi relatado pelo nosso entrevistado, percebe-se ainda uma pequena participação em determinados momentos desse profissional da psicologia, por exemplo, na hora do boletim, de forma que possam integralizar o cuidado afirmando ser centradas ao médico algumas ações que podiam ser realizadas com outros profissionais, como também o profissional do serviço social.

Almeida (2000) discute a possibilidade de um diálogo possível entre a biomedicina e a subjetividade. Neste sentido, a autora ressalta a importância da interdisciplinaridade na equipe multidisciplinar, por proporcionar conversa entre as diferentes áreas do saber, possibilitando neste espaço discutir a hierarquia do saber médico, buscando outras perspectivas. Assim como a substituição da hierarquia estabelecida, pela interlocução entre os diversos saberes.

A partir da reflexão crítica, sobre o processo de saúde-doença e a importância de olhar o indivíduo, para além do aspecto biológico, considerando também, o psicológico, o social e espiritual. Como afirma Saldanha et al (2013) toda a equipe de saúde acaba por ouvir as angústias e medos do paciente, porém é o psicólogo que precisa ter o olhar e atenção na escuta e atentar para aspectos simbólicos também a fim de poder ampliar a sua perspectiva acerca do sujeito e poder contribuir com a melhora do seu quadro ou amenização do seu sofrimento. Aspecto que apareceu durante a fala do nosso entrevistado, ele reconhece a importância da intervenção do psicólogo, nas questões com as famílias, na comunicação de más-notícias, já que o médico possui uma formação muito mais técnica que implica muitas vezes na dificuldade na comunicação de más notícias.

Dentro deste contexto, elenca-se questões relevantes atreladas ao bom exercício da profissão do psicólogo hospitalar, como o trabalho da equipe multidisciplinar no qual se pode estabelecer uma relação interdisciplinar, onde algumas estratégias específicas podem ser adotadas para promover tal relação como: reuniões entre os profissionais das diversas áreas para a discussão dos quadros clínicos dos pacientes, na qual a equipe multidisciplinar aja de forma complementar buscando o que onde ser potencializado no paciente através das diversas áreas de atuação como: fisioterapia, farmacologia, cuidados da equipe de enfermagem, fonoaudiologia, psicologia bem como a flexibilização

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