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Compreendendo A Dislexia

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Por:   •  5/6/2013  •  2.619 Palavras (11 Páginas)  •  697 Visualizações

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Compreendendo a Dislexia

Autora:Sabrina Mazo D’Affonseca

O campo de estudos das dificuldades de aprendizagem é uma de pesquisa vasta, entretanto, dentre os transtornos de aprendizagem existentes (dislalia, discalculia, disgrafia, disfasias, memória, transtorno de défcit de atenção e hiperatividade entre outras) gostaríamos de destacar a dislexia, dada sua singularidade e importância de seu conhecimento para a aplicação de ações eficazes para auxiliar na avaliação e tratamento de pessoas disléxicas.

1.1. Definição

A palavra dislexia é derivada do grego "dis" (dificuldade) e "lexia" (linguagem), sendo definida como uma falta de habilidade na linguagem que se reflete na leitura (Associação Nacional de Dislexia, 2005; Ianhez, 2002). Entretanto, ela não é causada por uma baixa de inteligência. O que ocorre é uma lacuna inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar, sendo que o problema não é comportamental, psicológico, de motivação ou social (Associação Nacional de Dislexia, 2005).

Ou seja, a dislexia não é uma doença, é um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem. De fato, pesquisas atuais, obtidas através de exames por imagens do cérebro, sugerem que os disléxicos processam as informações de um modo diferente, tornando-as pessoas únicas; cada uma com suas características, habilidades e inabilidades próprias (Associação Nacional de Dislexia, 2005).

A dislexia torna-se evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, adequada inteligência e oportunidade sóciocultural e sem distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo da aquisição da linguagem. Isto é, ela independe de causas intelectuais, emocionais ou culturais. Ela é hereditária e a incidência é maior em meninos, numa proporção de 3/1, sendo que a ocorrência é de cerca de 10% da população Mundial (Nicco, 2005), embora freqüências altas de 20% a 30% tenham sido relatadas (Hallahan & Kauffman, 2000).

Apesar dessa alta incidência, considerada por alguns autores como uma das mais comuns deficiências de aprendizado (Gorman, 2003), o diagnóstico ainda não é facilmente realizado, o que faz com que os portadores de dislexia sejam erroneamente rotulados por pais e professores de preguiçosos, pouco inteligentes ou mal-comportados (Gorman, 2003), visto que essa criança com inteligência, geralmente, acima da média, enxerga e ouve bem, expressa-se com fluência oralmente, no entanto, seu desempenho escolar não combina com seu padrão geral de atuação, apresentando dificuldades na leitura e na escrita, letra ruim, troca de letras e lentidão (Gonçalves, 2005).

Embora os disléxicos tenham grandes dificuldades para aprender a ler, escrever e soletrar, suas dificuldades não implicam em falta de sucesso no futuro, haja vista o grande número de pessoas disléxicas que obtiveram sucesso, entre elas, Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator), Walt Disney (fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie (autora) (Estill, 2005; Gorman, 2003). De fato, alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com problemas e com o stress (Gorman, 2003).

1.2. Etiologias

As causas da dislexia são neurobiológicas e genéticas (Gorman, 2003; Pennington, 1997), sendo também encontrados estudos que descrevem fatores ambientais como causa da dislexia (Pennington, 1997). As evidências atuais apóiam a perspectiva de que a dislexia é familial (cerca de 35% a 40% dos parentes de primeiro grau são afetados), herdada (com uma hereditariedade de cerca de 50%), heterogênea em seu modo de transmissão (como evidencia tanto a forma poligênica como a de gene predominante responsável pelo distúrbio) e ligada em algumas famílias a marcadores genéticos no cromossomo 15 e possivelmente para outras famílias a marcadores genéticos do cromossomo 6 (Pennington, 1997).

Os fatores ambientais são poucos conhecidos das causas da dislexia. As complicações perinatais apresentam uma associação fraca, não-específica, com problemas posteriores de leitura (Accordo, 1980 apud Pennington, 1997). Alguns autores postulam que insultos ambientais infecciosos ou tóxicos também poderão ter aqui um papel (Schulman & Leviton, 1978 apud Pennington, 1997). Além disso, considera-se o tamanho da família e o nível socioeconômico das mesmas. Algumas famílias com nível socioeconômico baixo lêem menos para seus filhos e fazem poucos jogos de linguagem com eles, a falta dessas experiências pré-escolares parece retardar o desenvolvimento de habilidades posteriores de leitura (Pennington, 1997).

1.3. Curso de desenvolvimento

A dislexia vai emergir, normalmente, nos momentos iniciais da aprendizagem da leitura e da escrita, usualmente não antes do final da primeira ou segunda série. Contudo, está se tornando progressivamente claro que precursores da dislexia estão presentes antes da idade escolar (Estill, 2005; Pennington, 1997). Clinicamente, as histórias pré-escolares de alguns disléxicos, mas não todos, contêm informações sobre retardo leve no falar, dificuldades de articulação, problemas para aprender os nomes das letras ou nomes das cores, problemas para encontrar palavras, seqüência errada das sílabas (“aminais” por “animais”, “donimós” por “domínós”) e problemas para lembrar endereços, números de telefones e outras seqüências verbais, incluindo ordens complexas (Pennington, 1997). No presente estudo de caso, não foi possível analisar vários dos aspectos apontados anteriormente à respeito da história pré-escolar de A.C. devido a dificuldade de contato e precisão das informações coletadas com a mãe da garota.

De fato, ao contrário de outras pessoas que não sofrem de dislexia, os disléxicos processam informações em uma área diferente de seu cérebro; embora os cérebros de disléxicos sejam perfeitamente normais. A dislexia parece resultar de falhas nas conexões cerebrais. Ou seja, uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons. Ela passa então a analisar as palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus respectivos sons. À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma memória

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