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INCIDÊNCIA DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NOS MUNICÍPIOS DE INFLUÊNCIA DIRETA DA UHE CANA BRAVA

Por:   •  27/11/2016  •  Monografia  •  4.733 Palavras (19 Páginas)  •  386 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - MEDICINA (PUC GOIÁS)

INCIDÊNCIA DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS NOS MUNICÍPIOS DE INFLUÊNCIA DIRETA DA UHE CANA BRAVA

ACADÊMICOS: GUSTAVO LIMA PEREIRA

ORIENTADOR: DR. NELSON JORGE DA SILVA JR.

GOIÂNIA, JUNHO DE 2014

SUMARIO

1. INTRODUÇÃO

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Pela necessidade de se utilizar casos oficialmente notificados, o trabalho se restringiu a invertebrados e vertebrados terrestres. Neste contexto, faz necessário a padronização de alguns termos.

2.1. Veneno e Peçonha

A conceituação de venenos e peçonhas considera as propriedades farmacológicas das toxinas integrantes e o tipo de órgão ou tecidos associados. Assim, venenos são produtos metabólicos produzidos ou estocados em órgãos que, em condições naturais, afetam o organismo quando ingeridos e podem também atuar, de modo artificial, por via parenteral. As peçonhas são produzidas por glândulas especializadas associadas a dutos excretores e possuindo ou não, estruturas inoculadoras, geralmente atuam por via parenteral e podem ser destruídas quando ingeridas (RUSSELL, 1967, 1971, 1979; FREYVOGEL & PERRET, 1973).

2.2. Animais Venenosos e Peçonhentos

Em toda a escala zoológica podemos encontrar animais venenosos e peçonhentos. Apesar de tudo, essa conceituação enfrenta alguns problemas quando comparamos, por exemplo, esponjas marinhas (causadoras de dermatites de contato) e moluscos do gênero Conus (com aparato de inoculação de veneno neurotóxico extremamente letal). Semelhantemente, o Phylum Cnidaria inclui as classes Scyphozoa (águas-vivas), Hydrozoa (caravelas), Anthozoa (corais e anêmonas) e Cubomedusae (medusas-cubo) que se comportam, simultaneamente, como peçonhentos (portadores de organelas inoculadoras – nematocistos) e venenosos (possuidores de toxinas em vários tecidos) (FREITAS & MALPEZZI, 1997).

Esse quadro foi o reflexo da preocupação dos órgãos de saúde pública com os animais peçonhentos “clássicos”, que incluíam somente as serpentes, escorpiões e aranhas. Com o passar do tempo, principalmente após a metade da década de

1980, muitos estudos foram sendo empreendidos, incluindo outros animais terrestres e aquáticos, ampliando muito o conhecimento de toxicologia animal brasileira. O resultado é a realidade presente na tão falada biodiversidade animal, negligenciada por inúmeras razões, mas não pertinentes de uma abordagem explicativa nesse momento. Assim, o quadro geral de animais peçonhentos e venenosos mudou drasticamente.

É observável também que a presença de toxinas nos diversos grupos animais descaracteriza qualquer relacionamento filogenético das hierarquias superiores. Além da grande presença entre peixes e invertebrados, venenos são encontrados em anfíbios, lagartos (1 gênero), serpentes, aves (1 gênero) e mamíferos (4 gêneros). Apesar desse quadro, no Brasil, são considerados de interesse epidemiológico os acidentes com serpentes (ofidismo), aracnídeos (aracnidismo) e, ultimamente, insetos.

2.3. Ofiologia e Ofidismo

Existe também uma grande confusão na terminologia derivada das serpentes. Dentro da classe Reptilia (répteis), as serpentes estão agrupadas em uma ordem que pode ser denominada de Ophidia (do grego ophidion) ou Serpentes (do latim serpente). Dependendo do uso de um ou outro nome na Zoologia temos os termos ofídios e serpentes. Muito comum é o uso do termo ofidismo para designar o estudo das serpentes e seus venenos. O termo ophidion é o diminutivo de ophis (=cobra) o que, naturalmente, levaria o termo ofiologia a designar a parte da Zoologia que trata dos ofídios como a biologia, anatomia, biomecânica, evolução, comportamento, fisiologia e ecologia. Coube ao ofidismo tratar do estudo do veneno e da ação do veneno das serpentes (SILVA JR., 1997).

2.3.1. Ofiologia

As serpentes são encontradas em quase todo o mundo, mas habitam principalmente regiões temperadas e tropicais, em especial pela sua dependência do calor externo para efetuar sua termorregulação por mecanismos comportamentais. Como os demais répteis, são animais ectotérmicos, à diferença de aves e mamíferos (endotérmicos). As grandes famílias de serpentes ocuparam praticamente todos os ambientes disponíveis, desde os terrestres, subterrâneos e arbóreos até as águas continentais e oceânicas, diversificando-se notavelmente para se adaptar a exigências tão díspares. Apesar de terem sofrido uma radiação adaptativa surpreendente, conservaram um padrão morfológico bastante homogêneo, mesmo que as menores espécies (Leptotyphlopidae) possam ter apenas 10cm de comprimento, e as maiores (Boidae) cheguem, eventualmente a atingir um tamanho próximo aos 10m (MELGAREJO,2003).

As serpentes estão incluídas na classe Reptilia por possuírem um coração de três cavidades, respiração pulmonar e temperatura corporal variável (ectotérmicos), e na ordem Squamata (juntamente com lagartos e anfisbenídeos), porque possuem o corpo totalmente recoberto com escamas epidérmicas. Estão atualmente divididas nas infraordens Scolecophidia e Alethinophidia, com 20 famílias, 361 gêneros e mais de 2.900 espécies. Das 20 famílias, 9 ocorrem no Brasil, sendo 2 representadas por serpentes venenosas (=peçonhentas) (Elapidae e Viperidae) e 1 de interesse médico (Colubridae), por possuir certa casuística nas acidentes com humanos (SILVA JR., 1997, 2007; FRANCO, 2003).

A infraordem Scolecophidia (do grego scolex = verme; ophis = serpentes) é composta por serpentes uniformemente cilíndricas e delgadas, com cabeças e caudas curtas e espinho apical na cauda. São formas fossoriais, alimentando-se de térmitas, minhocas e larvas de insetos. A infraordem Alethinophidia (do grego alethinos = real; ophis = serpentes) compreende um grupo muito mais diverso e complexo, incluindo todas as outras famílias de serpentes, que são

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