Neoplasias (tumores) Relacionados Ao Trabalho

Neoplasias (tumores) relacionados ao trabalho

No corpo humano, existem genes que atuam como supressores; eles regulam o crescimento normal das células.

Os tumores aparecem quando esse equilíbrio é alterado pela influência de fatores endógenos (ou genéticos) e/ou exógenos (ambientais).

Já se sabe que o processo de formação de tumores é multifatorial: predisposição genética ou induzida por fatores secundários (ambientais ou virais).

Pesquisadores estimam que as contribuições dos fatores ocupacionais no desenvolvimento dos cânceres variam entre 4 e 25%.

Percival Pott, no seu clássico estudo datado do século XVIII, já descrevia o câncer de escroto em limpadores de chaminé... Com o passar do tempo, diversos outros pesquisadores vêm tentando demonstrar a relação entre diversas doenças com o trabalho, ou em grupos populacionais específicos.

A estimativa é de que, nos países desenvolvidos, cerca de 9% dos cânceres que atingem homens são causados por um fator exógeno relacionado à ocupação profissional.

• Apesar da legislação brasileira determinar limites de tolerância (e segurança) para algumas substâncias carcinogênicas, segundo preconização internacional, não existem níveis seguros de exposição a estas substâncias;

• Existem inúmeros tipos de cânceres e, geralmente, o aparecimento desta doença acontece depois de muitos anos de exposição ao risco, mesmo que ela tenha sido cessada;

• Ora, estamos falando da identificação dos riscos aos quais estes processos estão associados e às exposições dos trabalhadores a estes riscos.

• O foco é a busca e a detecção precoce de casos e a investigação da possível relação com o trabalho para que então possamos determinar as medidas de controle e do como intervir nestas condições.

Vamos exemplificar algumas ações de vigilância no ambiente de trabalho, para este grupo de doenças, de como estabelecer o nexo causal da doença com o trabalho e também do que fazer entre o câncer e as atividades laborais do trabalhador.

O seu objetivo será sempre:

• procurar, de todas as formas, substituir as substâncias e agentes cancerígenos por outros não cancerígenos ou menos nocivos;

• reduzir o número de trabalhadores expostos, a duração e os níveis de exposição ao mínimo compatível com a segurança;

• prescrever medidas de proteção;

• estabelecer sistema apropriado de registro;

• informar aos trabalhadores sobre os riscos e medidas a serem aplicadas;

• garantir a realização dos exames médicos necessários para avaliar os efeitos da exposição.

Veja alguns exemplos de medidas de controle do ambiente de trabalho (vigilância ambiental):

• Manter os níveis de concentração de substâncias cancerígenas próximos de zero;

• Enclausurar processos relacionados a estas substâncias, e isolá-los dos demais setores de trabalho;

• Estabelecer rigorosas normas de higiene e segurança, bem como medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho relacionados com substâncias cancerígenas, com limpeza à úmido, lavagem com água das superfícies do ambiente (bancadas, paredes, solo) ou por sucção, para retirada de partículas, antes do início das atividades;

• Proporcionar sistemas adequados e eficientes de ventilação com exaustão no local e também de ventilação geral;

• Monitorar sistematicamente as concentrações das substâncias cancerígenasaerodispersoides1;

• Modificar o modo de organização do trabalho, permitindo a diminuição do número de trabalhadores expostos às substâncias cancerígenas, bem como o tempo da exposição às mesmas;

• Facilitar a higiene pessoal: disponibilizar chuveiros, pias com água fria e quente, bem como vestiários;

• Fornecer Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado, em bom estado de conservação, complementando as medidas de proteção coletiva adotadas.

Em equipe, sempre! Para realizarem as seguintes etapas:

• estabelecer tipo histológico do tumor;

• coletar dados como data do diagnóstico, dados demográficos, idade e sexo;

• estratificar os trabalhadores da empresa por sexo e idade;

• obter taxas de incidência de câncer por sexo e idade a partir dos dados da população geral;

• determinar a taxa de incidência, por idade, na empresa. Conferir se há um excesso de incidência, comparada à população geral;

• determinar intervalos de confiança dessa taxa (intervalos amplos, pequeno número de casos, significância estatística);

• seguir investigação, mesmo que a elevação da taxa de incidência de câncer na empresa não seja estatisticamente significante;

• identificar os tipos histológicos dos cânceres da sua população de trabalhadores. Um excesso de tumores raros ou daqueles conhecidos como sendo induzidos por fatores ambientais deve ser alvo de atenção (angiossarcoma do fígado2 e o cloreto de vinila3 , o mesotelioma4 e o asbesto);

• identificar os períodos de latência (período de tempo entre o início da exposição ao fator carcinogênico e a detecção clínica do câncer), observados em cada caso.

• revisar a história ocupacional pregressa e atual de cada paciente. Fique atento às exposições múltiplas e concomitantes;

• revisar as informações sobre os ambientes e condições de trabalho, verificando se alguma exposição em particular é comum entre os casos. Verificar se houve exposições pregressas (nos registros, por meio de entrevistas com trabalhadores antigos, registros de produção, etc.);

• avaliar os demais locais de trabalho, incluindo situações que possam levar a exposições acidentais (aquecimento, ventilação, sistema de ar-condicionado, água potável, etc.).

Após realizarem todas essas etapas, você e sua equipe de saúde ocupacional poderão chegar às seguintes conclusões:

1. Não