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Relato de caso: Diabetes Mellitus e suas complicações

Por:   •  24/10/2018  •  Artigo  •  3.619 Palavras (15 Páginas)  •  381 Visualizações

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Relato de caso pediátrico: Diabetes Mellitus tipo I e suas complicações

Paediatric case report: type I Diabetes Mellitus and its complications

Beatriz Paulino Moreira1

Nathalha do Carmo de A. da Silva2

Scarlat Karoline Lopes Pereira3

William Frank Alves Rangel4

Anna Carolina de Freitas Policarpo5        

RESUMO

A diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue, devido à redução/interrupção da produção do hormônio insulina ou mesmo por falha na atuação do mesmo. A.C.O.D.A, 7 anos, sexo feminino, branca, foi diagnosticada com diabetes mellitus tipo I aos 2 anos de idade. Apresentou ansiedade oriunda da diabetes, puberdade precoce e suspeita de epilepsia aos 3, sendo esta, confirmada aos 4 anos juntamente com o diagnóstico de atraso de desenvolvimento neuropsicomotor associado à neuropatia. Foram realizados exames de imagem, bioquímicos, de monitoramento não invasivo e genético, intencionando-se estabelecer uma correlação dos sintomas e a descoberta da causa inicial do quadro clínico apresentado. Os exames de imagem apontaram a presença de isquemia no corpo ventricular esquerdo e esclerose hipocampal, os exames genéticos excluíram a possibilidade do envolvimento da síndrome de Williams na sintomatologia apresentada pela paciente e não foram observadas mutações cromossômicas (sem deleções, duplicações ou alterações de formato), dificultando, deste modo, o estabelecimento de um diagnóstico conclusivo. Ainda assim, consultas à literatura possibilitam a correlação de alguns sintomas como sendo complicações geradas pela diabetes do tipo I, como a neuropatia e a puberdade precoce.

Palavras-chave: Relato de caso. Complicações do diabetes tipo I. Diabetes na infância. Puberdade precoce. Suspensão medicamentosa súbita.

1 INTRODUÇÃO

Diabetes mellitus é um grupo de doenças crônicas caracterizadas por uma elevação de glicose no sangue devido à dificuldade do metabolismo em fazer com que a célula a absorva para que esta seja utilizada como fonte de energia. (McPHERSON et al, 2012). A hiperglicemia, decorrente da redução/interrupção na produção de insulina ou deficiência em sua atuação resultando em resistência insulínica, de forma crônica pode levar à diversas complicações, podendo ocasionar até mesmo a falência de órgãos. (FERREIRA et al, 2011, p.182-188). A diabetes é comumente dividida em mellitus do tipo I, do tipo II e gestacional, podendo ser classificada também, de forma mais específica e não relacionada às classificações já citadas, como diabetes causada por infecções, induzida por fármacos, agentes químicos, síndromes genéticas (Down, Klinefelter, Turner, Huntington), entre outras. (McPHERSON et al, 2012; FERREIRA et al, 2011, p.182-188).

        A Diabetes mellitus do tipo I, tratada aqui de forma mais ampla, configura-se como aspecto base para discussão do relato de caso, visto que esta vem acometendo a população com frequência cada vez maior, sendo sua prevalência mais comum em crianças, adolescentes e jovens adultos. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2018). Nela, tem-se a interrupção da produção insulínica devido à destruição das células β pancreáticas presentes nas ilhotas de Langerhans ou da própria insulina produzida, por mecanismo autoimune. Em detrimento desta característica, a diabetes mellitus do tipo um pode também ser denominada de diabetes insulinodependente. Esta possui caráter genético, podendo estar relacionada a modificações no sistema de resposta imune localizado no cromossomo 6, levantando a hipótese da existência de um evento desencadeador da doença. (McPHERSON et al, 2012).

2 RELATO DE CASO

A.C.O.D.A, 7 anos, sexo feminino, branca, em 2013- aos 2 anos de idade, deu entrada no Hospital Unimed, apresentando sonolência, astenia, gripe e polidipsia nos 3 dias antecedentes ao atendimento. Foram realizados exames de Glicose Capilar (resultado: 580 mg/dL), Glicemia de Jejum e Hemoglobina glicada. Recebeu o diagnóstico de Diabetes mellitus do tipo I e, após a administração de insulina NPH/Regular, foi observada sensibilidade, levando assim à prescrição de Humalog e Lantus, como terapia substituta. Um mês antes, a paciente havia realizado exames de rotina e os resultados não apresentaram alterações para a faixa etária.

Em junho de 2014 apresentou quadros de vômito frequentes e, frente a sintomatologia suspeitou-se da existência de intolerância à lactose, sendo esta descartada posteriormente. Ao final do mês a paciente retornou às atividades escolares, mesmo com a permanência dos vômitos e começou a apresentar comportamentos depressivos (choros constantes e isolamento social). Frente à ocorrência desse episódio a neurologista efetuou a solicitação de uma Ressonância Magnética Encefálica (RME), repetida posteriormente para confirmação de laudo. Detectaram-se duas alterações:

[pic 1][pic 2]

FIGURA 1: Ressonância Magnética Encefálica em (A) corte axial apresentando isquemia - hipossinal no terço posterior do corpo ventricular esquerdo (seta grande) e (B) em corte coronal apresentando atrofia hipocampal bilateral (seta grande e larga), mais exacerbada à direita e região de hipersinal sinalizando gliose (seta grande e estreita), sugestivo de Esclerose Hipocampal

Fonte: Exames da paciente

 

                Durante as visitas de rotina à neurologista, foram descartadas possibilidades diagnósticas como a de autismo e hiperatividade. Considerou-se, portanto, o quadro comportamental da paciente resultado de sobrecarga de ansiedade oriunda da diabetes mellitus, iniciando-se assim intervenção terapêutica com administração de Ansiodoron (um comprimido). No entanto, devido às queixas de aumento da sonolência durante o dia, optou-se pela suspensão do medicamento.  Ainda neste período, a paciente teve crise hipoglicêmica severa durante o horário do almoço com tremores na boca, que se estenderam à todas as refeições e momentos de estresse. Este episódio foi, à princípio, correlacionado pela endocrinologista a uma possível deficiência de cálcio, mas tão logo a hipótese foi descartada.

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