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TCC - Neurocisticercose

Por:   •  23/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  5.840 Palavras (24 Páginas)  •  1.034 Visualizações

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  1. Introdução

 Este trabalho discute sobre Cisticercose do sistema nervoso central (SNC), ou neurocisticercose (NCC), que é a doença produzida pelo alojamento da larva da Taenia Solium no SNC. Na teníase, o homem é o hospedeiro definitivo, onde ocorre a reprodução do parasita, e o porco é o hospedeiro intermediário, o que aloja a forma larvária. No porco, o cisticerco se distribui aleatoriamente, predominando na musculatura estriada. Se ingerido pelo homem, quando não destruído pelo cozimento, o cisticerco pode desenvolver-se, resultando na forma adulta, a tênia, que se aloja no seu intestino, passando a liberar proglótes com ovos. O ciclo se completa com a ingestão dos ovos pelo porco, a partir da contaminação de água, solo, vegetação e alimentos. A neurocisticercose ocorre quando este ciclo natural do parasita é modificado, com a ingestão dos ovos pelo homem, que passa a ser o hospedeiro intermediário, alojando a larva. Uma característica importante é que, no caso do homem, o alojamento ocorre principalmente no SNC.

A transmissão é dividida em “interna” e “externa”. Na interna os proglótes do intestino vão para o estômago, ocorrem a liberação dos ovos, e a penetração destes na corrente sanguínea. A externa ocorre por ingestão de ovos a partir de mãos sujas por fezes, alimentos contaminados por fezes, mas, principalmente por irrigação de verduras e frutas por riachos que recebem esgoto não tratado, seguido de ingestão dos produtos sem uma lavagem adequada e sem substâncias capazes de romper o ovo, tais como vinagre e água sanitária. Assim, a principal forma de transmissão da neurocisticercose é devido a condições sanitárias precárias, fator essencial para que os ovos, liberados nas fezes cheguem até o homem.

Uma vez no estômago, o ovo sofre a ação do suco gástrico, perde sua cápsula e se transforma em embrião, denominado oncosfera. Este penetra a mucosa gástrica e vai para os vasos linfáticos. As oncosferas são distribuídas por via sanguínea para todo o corpo, sendo que no homem elas acabam se alojamento principalmente no SNC, devido ao maior volume sanguíneo. As diversas formas evolutivas do parasita são: ovo, oncosfera, larva (cysticercuscellulosae) e taenia solium. O tempo de inicio de sintomas após a infestação varia de meses a 30 anos, mas a faixa média é quatro a oito anos.

  1. História

A seguir apresentamos uma perspectiva histórica da descoberta da doença e da evolução do conhecimento acerca desta.

1558 - RUMLER: primeiro relato de cisticercose humana, em autópsia de um paciente epilético.

1853 - VAN BENEDEN: relaciona o cisticerco com a Taenia Solium.

1881 - MAGALHÃES: faz o primeiro relato de caso no Brasil.

1905 - PEREIRA: faz o primeiro relato de caso com localização encefálica no Brasil.

1915 - ALMEIDA: descreve 13 casos de autópsia no RJ. A doença deixa de ser considerada rara no Brasil.

1928 - BUSI: faz a primeira observação radiológica em radiografias simples de crânio.

1977 - VÁRIOS AUTORES: descrevem a utilidade da tomografia computadorizada no diagnostico da neurocisticercose.

3. Fundamentação Teórica

3.1 Neurocisticercose (NCC)

A Neurocisticercose ou Cisticercose do Sistema Nervoso Central (CSNC) é a infecção parasitária mais comum no Sistema Nervoso Central (SNC). Ocorre em todo o mundo, mas é rara nos países ricos e comum nos países pobres. Na Europa a doença é relatada na Rússia, Portugal, Espanha, Romênia e Polônia. Na Ásia ela é comum na China, Filipinas, Tailândia, Coréia do Sul e Índia. É constante em toda a África e América Latina, incluindo o México. No Brasil é mais comum em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, sendo, curiosamente incomum no norte-nordeste. Não existe uma explicação precisa para esta distribuição no Brasil, sendo provavelmente ligada a situação do solo ou deficiência no diagnóstico.

Como os suínos têm a prática de ingerir fezes, são mais facilmente infectados, ao consumirem ovos ou proglótes eliminados nas fezes humanas. A doença é rara em comunidades que não têm hábito de ingerirem carne suína, como os judeus. Em alguns países o hábito de fertilizar o solo com fezes humanas aumenta muito o risco. Os abates clandestinos, feitos sem a inspeção das carcaças, favorecem a disseminação da doença. Também pode ocorrer por infecção fecal oral como em determinadas práticas sexuais.

A idade de ocorrência varia de dois a 69 anos, sendo a faixa predominante dos 20 aos 40 anos. Não há diferenças significativas entre os sexos e raças.      

A doença é causada pela larva da Taenia Solium, um verme plano que normalmente mede entre 1,5 a 5 metros de comprimento. É constituído por uma cabeça ou escólex, um pescoço e pelo estróbilo. O escólex possui quatro ventosas e um rosto coroado por duas fileiras de ganchos, estas estruturas são as que fixam na mucosa do jejuno.

De uma forma geral, o ciclo da doença compreende os suínos como hospedeiros intermediário, infectados pela forma larvária, e o homem como hospedeiro definitivo da Taenia Solium. Nos suínos, o cisticerco apresenta distribuição aleatória predominando na musculatura estriada. Se ingerido pelo homem, sem a devida destruição no cozimento, o cisticerco pode desenvolver-se, resultando na forma adulta, a Taenia, que se aloja no seu intestino, passando a liberar proglótes com ovos. O ciclo se completa com a ingestão dos ovos pelo porco a partir da contaminação da água, solo, vegetação e alimentos. A neurocisticercose ocorre quando este ciclo natural do parasita é alterado, com a ingestão dos ovos pelo homem, que passa a ser hospedeiro intermediário, albergando a forma larvária. Uma particularidade importante é que, no caso do homem, ocorre uma localização preferencial no SNC, talvez pelo maior débito sanguíneo.

 3.2 Ciclo Biológico da Taenia Solium

As taenias precisam de dois hospedeiros para completar o seu ciclo evolutivo, um é o homem, que é o único hospedeiro definitivo da taenia (único a possuir a fase adulta do verme), o outro hospedeiro é chamado de intermediário, pois nele só ocorre a fase larvar (cisticerco), que podem ser os suínos, bovinos, carneiros, etc. Ao comer carne crua ou mal passada dos suínos e bovinos, que contenha as larvas da taenia (cisticercos), o homem passa a desenvolver a doença chamada Teníase, também conhecida por "solitária", porque geralmente é causada somente por uma taenia. São conhecidos, porém, casos comprovados de até nove taenias localizadas no intestino do mesmo ser humano. Três meses após a ingestão do cisticerco, a taenia já localizada no intestino delgado do homem, começa a soltar anéis com ovos de seu corpo. Geralmente elimina de 5 a 6 anéis por semana, sendo que cada anel contem de 40 a 80 mil ovos. Os anéis podem sair com as fezes, ou se romper ainda dentro do intestino, liberando os ovos, que são da mesma forma eliminados durante a defecação. No meio ambiente, estes ovos, dependendo da temperatura e umidade, podem continuar vivos por até 300 dias. A taenia pode viver até 8 anos ou mais no intestino do homem, contaminando seguidamente o meio ambiente onde caírem as suas fezes. Se houver esgotos apropriados, o problema praticamente desaparece. Acentua-se, porém, se a defecação for em local inadequado (campo, hortas, lagos,etc.).
As fezes se ressecam com o sol, os ovos ficam mais leves que o pó e são levados pelo vento a grandes distâncias. Dessa forma contamina as pastagens, hortas ou rios e lagoas, cujas águas podem ser utilizadas para beber ou irrigar plantações. Somente a fervura ou cocção acima de 90º centígrados é capaz de inativar o ovo, que é resistente à maioria dos produtos químicos. O homem com teníase, pode se auto contaminar com os ovos, ao não fazer corretamente a higiene após evacuar e levar as mãos à boca, ou praticando o sexo oral, já que os ovos podem permanecer na região perianal. Depois de ingeridos, os ovos vão para o estômago e o intestino delgado, onde os sucos gástricos e pancreáticos dissolvem a sua camada superficial, liberando os embriões. Este se fixa nas vilosidades intestinais, onde permanecem por quatro dias.
A seguir, perfuram a parede intestinal e caem nos vasos sanguíneos, sendo distribuídos pelo corpo todo. A grande maioria se fixa no cérebro, causando a chamada Neurocisticercose.

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