Brucelose A saúde humana e animal estão inexoravelmente relacionadas

                                       Brucelose

Introdução
       A saúde humana e animal estão inexoravelmente relacionadas. O Homem depende dos animais, para alimentação, desenvolvimento socioeconômico e companhia. (Pessegueiro P. et al, 2003).

        Todavia, os animais podem transmitir aos humanos um grande número de doenças. Estas doenças são designadas zoonoses e algumas delas podem ser potencialmente devastadoras. (Pessegueiro P. et al, 2003).

        A Brucella melitenses, a primeira do gênero a ser identificada, foi isolada em 1887 do baço de pacientes mortos por "febre do mediterrâneo" por David Bruce, cujo nome identifica o microrganismo e a moléstia.  (CARLYLE, T. et. al, 1997).

        Subsequentemente, foi identificado um crescente número de espécies. Atendendo ao fato de cada espécie apresentar características epidemiológicas distintas, com cada novo agente identificado, a complexidade da interação com o Homem tem vindo a aumentar.(Pessegueiro P. et al, 2003).

 Definição

        Doença infecto-contagiosa provocada por bactérias do gênero Brucella. Caracteriza-se por provocar abortos geralmente no terço final da gestação, nascimento de bezerros fracos, retenção de placenta, repetição de cio e descargas uterinas com grande eliminação da bactéria, podendo ainda transmitir-se ao homem. (COETZER J. A, et  al.; 2003)
      A brucelose é uma zoonose, derivando virtualmente todas as infecções humanas de contato direto ou indireto com a infecção animal. A doença é provocada no Homem apenas por quatro das sete espécies da bactéria: Brucella melitensis, Brucella abortus, Brucella suis e Brucella canis. (Pessegueiro, P. et al, 2003)

       A brucelose tem vários nomes populares como por exemplo: Febre ondulante, febre de Malta, febre do mediterrâneo, doença das mil faces ou Melitococia. (Barbosa, J. et al, 2004)

Características do agente Etiológico:

       As bactérias pertencentes ao gênero Brucella são pequenos cocobacilos gram-negativos não capsulados, sem capacidade de locomoção e de formar esporos, parasitas intracelulares facultativos. (Pessegueiro P. et al, 2003).

       O gênero Brucella é composto atualmente por sete espécies: Brucella melitensis, Brucella suis, Brucella abortus, Brucella ovis, Brucella neotomae, Brucella canis e, mais recentemente, Brucella maris. (Pessegueiro P. et al, 2003)

      A brucelose humana pode ser causada por uma de quatro espécies: Brucella melitensis, ocorrendo mais frequentemente na população geral, sendo mais invasiva e patogênica e cujos reservatórios são as cabras, as ovelhas e os camelos; Brucella abortus, presente no gado bovino; Brucella suis e Brucella canis, transmitidas pelos suínos e pelos cães, respectivamente. (Pessegueiro P. et al, 2003)

Imagem 1 - Retirada de: http://www.veterinariandocs.com.br/documentos/Arquivo/DOIC/2011/Abril/DOIC-3.pdf[pic 1]

Patogenia

       Em seguida à invasão do hospedeiro, a brucela se localiza inicialmente nos linfonodos regionais, onde prolifera no interior das células reticuloendoteliais. (CARLYLE, T. et. al, 1997).

        A brucela penetra e atravessa por endocitose as células epiteliais intestinais, a invasão dos vasos linfáticos e a ocorrência de bacteremia permitem a localização das bactérias em diversos tecidos; as bactérias têm particular afinidade pelos órgãos reprodutores do macho e da fêmea, placenta, feto, e glândulas mamárias. (CARLYLE, T. et. al, 1997).

      Contudo os microrganismos podem localizar-se em outros órgãos e tecidos, como os linfonodos, baço, fígado, juntas e ossos, resultando em sinais clínicos variados. (CARLYLE, T. et. al, 1997).

      Em todos os locais invadidos a Brucella prolifera-se a nível celular. (CARLYLE, T. et. al, 1997).

Sinais Clínicos

      Brucelose em Humanos:

       Seu início pode ser agudo ou insidioso, caracterizado por febre contínua, intermitente ou irregular, e de duração variável. (Barbosa, J. et al, 2004)

        Um sintoma quase constante é astenia e qualquer exercício físico produz pronunciada fadiga. Acompanhada de mal-estar, cefaleia, debilidade, suor profuso, calafrios, artralgia, estado depressivo e perda de peso. Em alguns casos, podem surgir supurações de órgãos, como fígado e baço.(Barbosa, J. et al, 2004)

       Quadros sub-clínicos são frequentes, bem como quadros crônicos de duração de meses e até anos, se não tratados.(Barbosa, J. et al, 2004).

       Devido ao polimorfismo das manifestações e ao seu curso insidioso, nem sempre se faz a suspeita diagnóstica. Muitos casos se enquadram na síndrome de febre de origem obscura (FOO). (Barbosa, J. et al, 2004)

      Esta febre, na fase aguda e subaguda, em 95% dos casos é superior a 39,5o C. Complicações ósteo-articulares podem estar presentes em cerca de 20 a 60% dos pacientes, sendo a articulação sacroilíaca a mais atingida.(Barbosa, J. et al, 2004).

      Orquite e epididimite têm sido relatadas e, também, pode ocorrer endocardite bacteriana. Em geral, o paciente se recupera, porém pode fiar com incapacidade intensa no curso da enfermidade, sendo importante o diagnóstico e tratamento precoces.  (Barbosa, J. Et Al, 2004).  Recidivas ocorrem, com manifestações parciais do quadro inicial ou com todo o seu cortejo.(Barbosa, J. et al, 2004)

Brucelose em Bovinos:

      Em vacas O aborto é a manifestação mais óbvia. As infecções também
podem causar bezerros natimortos, placentas retidas e redução da produção de
leite. Habitualmente, os abortos não complicados não prejudicam a saúde geral.

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