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A Diversidade das Configurações Sociais

Por:   •  29/11/2021  •  Relatório de pesquisa  •  1.075 Palavras (5 Páginas)  •  138 Visualizações

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Diversidade das configurações sociais.

Atualmente encontramos bibliografias importantes de geógrafos e economistas sobre a prática do agronegócio e suas extensões. Embora sejam poucos os estudos mais qualitativos direcionados ao tema, ainda é constatada a existência de artigos sobre determinados grupos empresariais, trabalhadores ou projetos específicos. Trata-se de trabalhos importantes, porém pontuais, pois apesar de fornecerem dados relevantes, não permitem uma visão conjunta da sociedade do agronegócio.

Até 1970, as terras da região Centro-Oeste, atualmente cobertas pelo plantio de soja, eram consideradas inadequadas para agricultura, e também eram ocupadas por populações indígenas e pequenos posseiros. Já outras regiões, como por exemplo, o Triângulo Mineiro e o Oeste baiano eram ocupados pela criação de gado, praticada em grandes fazendas, e cultivos ligados à pequena produção agrícola destinada ao consumo local e regional. Ao contrário do Centro-Oeste, eles abrigavam uma população de certa monta, elevando a importância econômica na região, que era consequentemente, cortada por estradas que ligavam o Sul e o Sudeste ao Centro e ao Norte do país.

De acordo com Heredia; Palmeira; e Leite (2010), a presença de parte substancial da população que movimenta o chamado agronegócio nas regiões do país é fruto de políticas públicas, pois os programas governamentais de ocupação dos cerrados desencadeados nos anos de 1970 levaram junto com a soja e outros produtos agrícolas, um perfil considerado adequado ao tipo de agricultura que planejavam desenvolver, minimamente familiarizados com um paradigma tecnológico.

Comerford (2014), em relatório de pesquisa sobre o Triângulo Mineiro, conclui que as intervenções fundiárias do governo foram pontuais, combinando a colonização dirigida com incentivos mais amplos e difusos para a agricultura intensiva e empresarial. O privilégio dado aos colonos do Sul pelo Estado, fez com que eles fossem os primeiros a chegar a áreas como o Alto Teles Pires (MT), sendo vistos, em poucos anos como pioneiros.

Enquanto em Minas Gerais, a ideologia do pioneirismo assumiria uma forma mais moderada, diferentemente de Mato Grosso, no caso de Minas o caráter de pioneirismo não estaria ligado ao fato de ocupar uma região livre, mas seria atribuído àqueles que têm introduzido a produção de café em grande escala na região.

Os dados estatísticos mostram claramente que os deslocamentos envolveram famílias de diversas regiões do país. Os migrantes vindos de estados de outras regiões aumentaram a partir dos anos de 1990, sendo a maioria, pessoas do Nordeste. Nos municípios do Triângulo Mineiro, a migração de paranaenses e paulistas anda a par com a de nordestinos, e ambas têm o seu auge em 1990.

Casualmente, o mapa social elaborado pelos que vivem nessas regiões faz menção à origem das pessoas a quem estão se referindo, como por exemplo, “gaúchos” e “maranhenses” na área de soja em Mato Grosso; “paulistas” ou “paranaenses” e “baianos”, além dos “mineiros” na área cafeeira do Triângulo Mineiro. O trabalho de campo nessas regiões apresenta que não coincidem perfeitamente as classificações locais e as classificações estatísticas oficiais.

No Triângulo Mineiro em áreas onde o plantio de soja é dominante, o termo “gaúcho” opera como classificatório de modo semelhante a Mato Grosso. O mesmo ocorre em municípios mais ao norte, onde, principalmente associados ao cultivo da soja, migrantes do Sul são identificados desta forma. Já no Triângulo Mineiro, os paranaenses, são migrantes majoritários e nas áreas cafeicultoras, “paranaenses” ou “paulista” é o termo que designa os nativos e provenientes do Sul.

Essas classificações têm como intuito primário agrupar em dois conjuntos diferentes, proprietários rurais e outros agentes sociais ligados ao mundo do agronegócio em oposição a migrantes nordestinos vinculados ao mundo do trabalho. Ao confirmar essa aproximação, as estatísticas apresentam que, nos dois municípios estudados de Mato Grosso, todos os proprietários rurais são provenientes da região Sul e que, naqueles de Minas Gerais, onde os mineiros representam a maioria deles, há um percentual considerável de proprietários de terras do Sul do país, enquanto são minoria os nordestinos em tal condição. Entretanto, os sulistas também são majoritários entre os empregados na agricultura.

Quando feita uma observação direta das áreas, é evidenciada uma considerável diversidade nas categorias sociais entre “produtores” e “trabalhadores”; além da massa dos trabalhadores fixos

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