A Matriz Energética no Brasil
Por: Dom Pedro II • 9/6/2025 • Artigo • 2.019 Palavras (9 Páginas) • 27 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS TRINDADE
ENGENHARIA ELÉTRICA
MATEUS DUARTE VITORINO
ARMAZENAMENTO DE ENERGIA COM BATERIAS GRAVITACIONAIS SÓLIDAS
FLORIANÓPOLIS 2024
- INTRODUÇÃO
A matriz energética no Brasil é altamente dependente de fontes renováveis que necessita de fatores climáticos e naturais específicos para o seu funcionamento. (BRASIL, 2022). Logo, elas nem sempre estarão prontas para fornecer eletricidade nas horas de urgência. Assim, cresce a necessidade de armazenar a energia produzida por essas fontes.
De toda a oferta de eletricidade interna no Brasil, 83% são representadas por fontes renováveis. Uma vez que essas fontes não são contínuas e dependem, majoritariamente, das condições favoráveis ambientais como disponibilidade de ventos, incidência solar e chuvas, em quantidades suficientes para suprir a demanda, torna-se necessário o armazenamento da energia elétrica, que na maioria dos casos, utiliza-se das já conhecidas baterias químicas (chumbo ou lítio, por exemplo). (MORSTYN, 2021, apud PIRES et al., 2023).
Alguns métodos entram nessa jogada para auxiliar em alcançar a demanda energética nos horários de pico de consumo de energia elétrica, quando a esta fica mais cara, distribuindo energia armazenada em excesso e barata. Métodos como baterias de lítio e de chumbo possuem fortes impactos naturais e para a saúde e uma capacidade de armazenamento limitada, se destacando em armazenamento para baixas potências. Para largas escalas, temos as centrais hidrelétricas reversíveis, onde a água é bombeada para cima de morros e depois é liberada para o que o fluxo de água desça ladeira a baixo, aproveitando a força potencial gravitacional para girar uma turbina e fornecer energia elétrica. Esse método necessita de condições geográficas específicas, é muito caro e ocupa muito espaço, além do problema da evaporação da água, por se tratar de um reservatório de água a céu aberto. (TONG et al. 2022)
Então, pode-se utilizar de baterias de gravidade por meio de suspensão de blocos grandes e pesados para suprir essa demanda. Este método também funciona com energia potencial gravitacional. A diferença é que neste, usamos energia excedente para levantar blocos pesados para o topo de uma estrutura alta, para então, nos momentos de alta demanda energética, descer esses blocos de forma controlada, aproveitando a energia potencial para rotacionar um gerador. O objetivo consiste em aumentar a utilização e a viabilidade de sistemas de armazenamento de energia por gravidade para evitar apagões e a sobrecarga do sistema energético e diminuir o custo médio de energia, o custo de armazenamento, por ser um método que envolve processos físicos básicos, ocupa bem pouco espaço, podendo ser aplicado em várias formações geográficas. (TONG et al. 2022)
- MÉTODOS DE ARMAZENAMENTO
O método mais utilizado para armazenamento de energia elétrica em larga escala atualmente é o PHES (Pumped hydroelectric energy storage), representando 79.3% de toda a capacidade de armazenamento de energia instalada. (China Energy Storage Alliance, 2023, p.1 ). Como citado na introdução, o PHES funciona usando eletricidade para acionar bombas que transportam a água de um reservatório em menor altitude para outro em maior altitude, armazenando eletricidade na forma de energia potencial gravitacional líquida. Ao liberar a água do reservatório superior para o inferior, a força de descida da água movimenta uma turbina, gerando energia elétrica.
Outros métodos também são relevantes serem mencionados e explicados para termos um entendimento das tecnologias envolvidas neste tema, entre eles temos os seguintes:
CAES (Compressed air energy storage) é um meio de armazenar energia utilizando um compressor de ar para guardar ar comprimido em uma câmara de estoque. Quando liberado o ar comprimido, ele gira uma turbina para produzir eletricidade. Alguns reservatórios utilizam combustíveis fósseis para aquecer este ar comprimido e potencializar a geração de energia.
LAES (Liquid air energy storage) é uma forma parecida com CAES que liquidifica ar comprimido em baixas temperaturas, reduzindo a dependência de fatores geográficos para a sua instalação e a área para a construção desta tecnologia e armazenamento do recurso.
BES (Battery energy storage) é a solução mais comum para armazenamento, realizando a conversão de energia química para energia elétrica por meio de uma reação de oxirredução, porém ainda não há resoluções para problemas de segurança relacionados à aplicação em larga escala deste meio de armazenamento.
Uma das tecnologias mais promissoras para a reserva em larga escala atualmente é a HES (Hydrogen energy storage). Ela converte energia elétrica em energia química ao extrair hidrogênio por meio da eletrólise da água. Todavia, o principal problema é como estocar grandes volumes de hidrogênio de uma forma segura. (TONG et al. 2022)
Agora, colocando em comparação, a SGES (Solid gravity energy storage), objeto de estudo deste artigo, possui várias vantagens suportadas conforme o estudo “Solid gravity energy storage: A review” de Tong et al. (2022).
Em relação à PHES, a SGES utiliza um recurso de maior densidade e massa, podendo ser adaptada para regiões geográficas que a PHES não cobre, maior densidade energética, melhor eficiência de ciclo e economia.
Em relação às BES e HES, a SGES apresenta segurança significativamente maior, melhor inércia (capacidade de geradores resistirem a variações súbitas no sistema elétrico), melhor sincronização com a rede (capacidade de uma fonte de energia de operar na mesma frequência e tensão que o restante do sistema, evitando instabilidades), permitindo operação mais eficiente e estável do sistema.
E em relação à LAES e CAES, a SGES apresenta uma maior eficiência de ciclo, apesar de sua menor densidade energética.
Consequentemente, a SGES possui uma ampla aplicabilidade em regiões com novas fontes de energia, como eólica e solar, porém apenas onde não há aplicabilidade de PHES, por esta última ser um sistema de armazenamento já muito consolidado e adotado em várias regiões, tornando a SGES um ótimo complemento para a PHES. (TONG et al. 2022)
- TIPOS DE BATERIAS GRAVITACIONAIS SÓLIDAS
A tecnologia de baterias gravitacionais sólidas deixou de ser mera verificação teórica e passou a ser uma aplicação de engenharia ainda recente. A seguir será demonstrado em maiores detalhes o funcionamento de cada tipo de SGES, bem como figuras para ilustração.
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