Avaliação De Soluções Técnicas

Avaliação e Seleção de Ferramentas de Desenvolvimento de

Produtos

Claudiano Sales Araújo

Desenvolvimento de produtos (DP) é uma atividade essencial para a competitividade e Sobrevivência de uma empresa a longo prazo. Diferentes áreas têm explorado as várias e complexas dimensões que compõem o problema de DP. Uma dessas dimensões diz respeito às ferramentas utilizadas pelas pessoas envolvidas nesse tipo de atividade. Com o rápido aumento do número de ferramentas disponíveis, o novo problema que se coloca diz respeito à escolha do ferramental adequado para um certo contexto. Análise dos resultados de uma pesquisa realizada acerca do uso de ferramentas de DP na indústria manufatureira britânica apontou uma pobre prática no processo de aquisição desse tipo de ferramenta como sendo um dos principais obstáculos para uma favorável implementação e uso das ferramentas adotadas. Essa pesquisa é baseada em uma extensa revisão da literatura relevante, bem como em uma série de visitas e entrevistas em diversas empresas na Dinamarca, Inglaterra e Suécia. Foram identificadas dimensões e elementos importantes para a derivação de um critério de avaliação de ferramentas de DP, que constitui-se tema principal deste artigo.

Vemos nesse artigo que autores oriundos de áreas mais especializadas, tais como Engenharia de Projetos, tendem a observar o processo de aquisição de ferramentas de DP como um fenômeno acontecendo dentro dos limites do processo de desenvolvimento ou de projeto. Devido a esse ponto de vista único, as classificações das ferramentas de projeto, bem como as recomendações para a sua seleção encontradas nesse tipo de literatura, são sempre baseadas nos aspectos de funcionalidade da ferramenta. Por outro lado, literaturas descritivas oriundas de áreas de estudo mais gerais tais como Desenvolvimento de Novos Produtos e Inovação, são normalmente focalizadas nos aspectos mais qualitativos das ferramentas, o critério para avaliação e seleção de ferramentas de desenvolvimento deve ser baseado em como as ferramentas podem ajudar no processo de desenvolvimento como um todo. Finalmente, sob o enfoque administrativo e gerencial, o processo de aquisição de ferramentas de desenvolvimento é geralmente entendido como um caso particular de decisão estratégica.

Nesse artigo nós usamos o termo “aquisição de ferramentas de DP” para descrever o processo de tomada de decisão de uma ferramenta de desenvolvimento escolhido dentre um grupo de outras possíveis candidatas. Na prática foi observado que o processo de aquisição de ferramentas acontece em pelo menos duas situações bem distintas. Primeiramente na fronteira da organização de DP. Nesse caso uma determinada ferramenta é escolhida com vistas a satisfazer uma determinada necessidade organizacional como um todo ou a necessidades locais. Uma vez a ferramenta tenha ‘entrado’ na organização, ela pode se tornar, em princípio, uma ‘regra’ ou procedimento padronizado. A segunda situação refere-se ao momento no qual um determinado ator (indivíduo ou grupo), confrontado com uma certa tarefa ou problema no âmbito do DP, irá selecionar aquela que é percebida como sendo a melhor opção de acordo com a sua situação local. Três dimensões são utilizadas para ilustrar as diferenças básicas entre essas duas situações, e portanto justificar a hipótese de que elas devem ser abordadas de modo diferente na prática. A primeira é quando os atores diretos são envolvidos, portanto o processo de seleção da ferramenta mais apropriada é quase exclusivamente feito pelos próprios indivíduos que utilizarão a ferramenta escolhida. A segunda é quando a importância percebida do processo pelos responsáveis pela tomada da decisão é levada em consideração. É geralmente tratada como uma tomada de decisão local, com o impacto aparente pertencendo exclusivamente ao projeto específico na qual ela ocorre. Por fim, quando a complexidade do processo decisório é levada em consideração. A aquisição de ferramentas, e mais especificamente a sua avaliação e seleção, é sempre baseada numa análise, mais ou menos

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elaborada, das informações relativas às características (implícitas ou explícitas) das ferramentas sendo avaliadas em relação ao problema em questão, e o contexto de sua aplicação. A nível operacional as tarefas são em média bem estabelecidas e detalhadas, e as informações sobre as ferramentas disponíveis são também mais ou menos precisas e confiáveis. Dois fatores, sempre presentes no processo de aquisição de ferramentas de desenvolvimento na fronteira organizacional, fazem dessa uma atividade intrinsicamente complexa. Primeiro, as informações sobre as ferramentas sendo consideradas para escolha, incluindo suas qualidades implícitas e funcionalidades são sempre pouco confiáveis. Além disso as publicações sobre novas ferramentas são geralmente apresentadas em uma linguagem que os tomadores de decisão

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