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O Reuso de Águas Cinzas

Por:   •  1/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  9.529 Palavras (39 Páginas)  •  144 Visualizações

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ESTUDO DE VIABILIDADE PARA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE REÚSO DE ÁGUAS CINZAS EM RESIDÊNCIAS POPULARES1

Alex Queiroz Dias de Oliveira2

Jeir de Lima Cosme3

Daniel Melo Martins de Gois4

RESUMO

O agravamento da crise hídrica, resultante do crescimento populacional e da concentração de pessoas nas cidades, vem afetando não apenas a oferta, como também a qualidade da água oferecida à população mundial. O reúso de água vem se mostrando uma alternativa para amenizar os problemas de escassez de água potável. A implantação e o uso desses sistemas tornaram-se uma solução vantajosa, pois permite reduzir a demanda sobre os mananciais, substituindo a água potável por outra de menor qualidade, mas com condições de atender o uso em atividades menos nobres. Este trabalho tem como objetivo enfatizar a importância do reúso de água na sociedade brasileira, verificando a viabilidade técnica e econômica de um sistema de reúso de águas cinzas para residências populares. O sistema abordado trata da reutilização de águas provenientes dos chuveiros e lavatórios, em descargas de bacias sanitárias, lavagem de pisos e irrigação de jardins. O empreendimento analisado é composto por duas residências populares situados no município de Extremoz/RN. Definidos os sistemas de coleta, tratamento e distribuição foram avaliados os custos de implantação e finalmente, a representatividade deste investimento no custo global do empreendimento. Conclui-se então que esta é uma alternativa tecnicamente viável e economicamente aplicável para projetos sociais de residências populares e que as ações sustentáveis devem ser priorizadas mediante a escassez dos recursos naturais.

Palavras-Chave: Águas cinzas.Reúso.Sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

A água é um dos principais recursos naturais utilizados pela humanidade para sua sobrevivência. O aumento da população mundial, que só no século XX triplicou, implica na utilização de maiores quantidades dos recursos hídricos5 disponíveis em usos domésticos, industriais, agricultura e na geração de energia, ocasionando escassez, ou em alguns casos, inviabilizando seu uso, não atendendo a demanda d’água pela população mundial. Com a crescente escassez da reserva hídrica6 mundial faz-se necessário aplicar métodos, ações e tecnologias que reduzam o consumo, tornando o uso deste recurso sustentável, pela sociedade mundial.

O processo de urbanização, com grande concentração de pessoas nos centros urbanos, tem sido outro fenômeno marcante nas últimas décadas, principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil. A crescente e ilimitada utilização da água para consumo humano, tornou-se incompatível com a capacidade de restauração e manutenção do meio ambiente. O crescimento desordenado e localizado da demanda de água nas cidades e a degradação da qualidade dos cursos de água, além do lançamento de esgotos colocam em risco o abastecimento e o suprimento do recurso às necessidades mínimas. Segundo projeções da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050, entre 2 e 7 bilhões de pessoas estarão vivendo sem garantia de uma quota diária de 50 litros de água para suas necessidades básicas (UNESCO, 2003).

O Brasil é a potência natural das águas, com 12% de toda água doce do planeta perfazendo 5,4 trilhões de metros cúbicos. Mas é desigualmente distribuída: 72% na Região Amazônica, 16% no Centro-Oeste, 8% no Sul e no Sudeste e 4% no Nordeste (REBOUÇAS, 2002).

Apesar da oferta, a população brasileira não a tem utilizado como convém, pois 37% da água tratada é desperdiçada no Brasil, o que daria para abastecer toda a França,  Bélgica, Suíça e norte da Itália. Portanto, um novo padrão cultural em relação a esse bem tão essencial se torna necessário para o seu uso consciente. (REBOUÇAS, 2002).

Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), o Rio Grande do Norte (RN), estado da região nordeste que possui território abrangendo uma área de 52,7 mil de km²,correspondendo a 0,62% do tamanho do Brasil, e 3,4% da região nordeste, tem o seu período chuvoso nos meses de maio a junho decorrente da zona de convergência tropical7.O seu balanço hídrico8 varia em aproximadamente 800 mm por ano.

O RN tem um histórico de desastres naturais ligados à estiagem e à seca. As estiagens, se comparadas às secas, são menos intensas e caracterizam-se pela menor intensidade e por menores períodos de tempo. Já a seca, é caracterizada por longos períodos sem chuva com consequências severas para a região.

Uma pesquisa desenvolvida em 2004, pela CNM, no Rio Grande do Norte, analisou 98 municípios, correspondendo a 59% do total do Estado. Notou-se que, a distribuição de água em 80 municípios pesquisados é feita através de caminhão-pipa. Outro dado que chama à atenção é a quantidade de água distribuída para o consumo: em 51, desses municípios, a água é distribuída exclusivamente para o consumo humano.

Tendo como base os dados acima, faz-se necessário à utilização de sistemas que possam evitar a crescente escassez d’água para o abastecimento humano. As soluções precisam abranger diferentes focos, tanto na ampliação da oferta, como na gestão da demanda – reduzindo perdas e desperdícios, na promoção da conservação e preservação das reservas de água doce. Essa medida é necessária para o desenvolvimento sustentável9 da humanidade.

1.1 OBJETIVOS

A gestão de recursos hídricos em relação ao abastecimento pode ser dividida em duas vertentes: controle da demanda e a busca de recursos complementares. Nesse sentido, o reúso de águas residuais10 ou águas cinzas11, atende os dois lados, atuando como um instrumento de redução do consumo de água potável e funcionando como um recurso hídrico complementar para usos menos nobres. Nessa expectativa, este trabalho foi desenvolvido visando apresentar uma alternativa que, somado a outros esforços, possa mitigar o efeito da escassez de água potável para o público alvo em questão.

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo desse trabalho é sugerir um estudo de viabilidade técnica e econômica para implantação de um projeto hidrossanitário que permita, por meio de uma tubulação independente,

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