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A História do Saneamento Básico na Idade Média

Por:   •  7/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.841 Palavras (8 Páginas)  •  1.990 Visualizações

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A história do saneamento básico na Idade Média

No início da Idade Média ( século V d.C. ao século XV d.C.), com a queda do Império Romano no Ocidente, surgem novas regiões como Gália, Bretanha, Germânia, Espanha, Portugal e novas organizações socioeconômicas que se consolidam no sistema feudal. A água é entendida como um elemento vital para o desenvolvimento econômico. Rodas d´água e moinhos foram projetados para fornecer força motriz na moagem, tecelagem, tinturaria e curtimento, atividades de transformação de propriedades dos senhores feudais.

A população da Europa tinha um consumo de água de apenas um litro por habitante, diariamente. O abastecimento de água era feito por meio da captação direta dos rios, diferente das práticas romanas de captar a longas distâncias, trazendo um retrocesso do ponto de vista sanitário. O baixo consumo acarretou em graves consequências à saúde pública. Com as crises econômicas, políticas e religiosas, a prática adotada era de construção de muralhas e fossos ao redor das cidades. Com a queda de Roma, o conhecimento ficou arquivado em mosteiros religiosos e só foi revelado algo sobre saneamento em 1425, quando Gian Francesco Poggio encontrou o texto escrito por Frontinus, intitulado de “ De Aqvis vrbis Romae” , que continha ensinamentos sobre hidráulica, o saneamento e sua gestão, ignorados durante toda a Idade Média.

A titularidade sobre a água foi  redefinida e fragmentada nas mãos dos aristocratas laicos e dos eclesiásticos. A água deixou de ser um recurso público, gerenciado pelo governo, passando a ser gerenciado coletivamente pelos cidadãos. Parte do consumo diário das famílias era garantida por meio da compra de água transportada por carregadores. Grande parte da população escavava poços no interior de suas casas, que acabavam contaminados devido à proximidade de fossas e estercos de animais, contribuindo para o avanço de doenças em um período de grandes epidemias. Cólera, lepra e tifo eram comuns na Europa, além de peste negra, ou bubônica, transmitida ao homens através de pulga de ratos, que infectou metade da população e dizimou cerca de 1/3 da população europeia. Na China e na índia o panorama não foi diferente, mais de 23 milhões de pessoas foram levadas a óbito em menos de 12 anos. Atualmente, cerca de 2000 casos da peste negra por ano em todo o mundo, concentrados nas regiões em que há roedores infectados.

Acredita-se que as primeiras ações rudimentares que podem ser associadas ao saneamento básico tenham surgido no chamado período neolítico, junto com os agrupamentos dos homens em aldeias. Na época, os dejetos começaram a ser separados em um local específico. A população mundial, no entanto, era pequena, com isso a quantidade de detritos era insuficiente para causar alterações ambientais significantes.

O primeiro sistema de abastecimento de água surgiu na região da Assíria (às margens orientais do atual mar Mediterrâneo) em 691 a. C. Já na região onde é atualmente a Índia, o vale do Indo, a cidade de Harappa desenvolveu o primeiro sistema de água encanada, com tubos de cerâmica. Outra civilização conhecida por suas sofisticadas estruturas aquavirárias foi a egípcias que, já no seu antigo império, iniciou os experimentos para irrigação. Os povos orientais desenvolveram técnicas de filtragem por capilaridade, usando um tecido para tirar água de um pote e levá-la a outro, mas sem a sujeira.

Os famosos banhos públicos romanos

Talvez, um dos maiores da antiguidade do advento das cidades antigas tenha sido Roma, que surgiu em 753 a. C. e foi uma das maiores da antiguidade. Com esse crescimento da população urbana, o estabelecimento de vias públicas e cada vez mais casas, era preciso atentar para o fornecimento de água e recolhimento de esgoto. Roma tinha onze aquedutos e um extenso sistema de esgoto. Porém, hábitos que julgamos pouco higiênicos hoje em dia eram comuns. Um dos principais: os banhos públicos. Em locais parecidos com grandes piscinas, por vezes temais, os romanos compartilhavam a mesma água para banhar-se. Estima-se que em 300 a. C. haviam pelo menos 300 locais como esse. As mulheres se banhavam pela manhã e os homens pela tarde.

Crescimento desordenado e insalubridade nas ruas

O saneamento básico não está ligado apenas às tecnologias, mas também à cultura. É provável que um dos momentos da História que mostram isso melhor seja a Idade Média na Europa. Costumes como a pouca frequência de banhos, os banhos com água compartilhada e o descarte de dejetos em vias públicas contribuíram para a proliferação de vetores (animais transmissores de doenças) e podem ter sido responsáveis por uma das maiores tragédias da História: os surtos de Peste Bubônica que mataram cerca de um terço da população da época no século XIV. Enquanto isso, do outro lado do oceano Atlântico, a água e de recolhimento de esgoto bem mais sofisticados.

Melhorias que levaram a mais problemas

As crises levaram o governo a investirem em pesquisa. Com isso, começaram as pavimentações das ruas, o desenvolvimento de canais de drenagem mais eficientes e, inclusive, a invenção do vaso sanitário em 1596, com sua primeira versão em cerâmica feita apenas em 1883. Porém, o progresso incentivou o êxodo rural. Durante a revolução industrial, as casas foram se tornando cada vez mais populosas e doenças como cólera e febre tifoide aumentaram. Estudos como o do cientista francês Louis Pausteur, ajudaram a pressionar pelo investimento maior em saúde pública. Aliás, foi em 1842 que surgiu a primeira lei de Saúde Pública do mundo, na Inglaterra.

Não se faz tanto tempo assim

Com a ampliação do acesso a uma água de qualidade e com estruturas melhores de despejo, o banho se popularizou no século XIX. O desodorante só foi inventado em 1907 e a primeira escova de dentes em 1950. Já o conceito de coleta seletiva, para tentar diminuir a quantidade de lixo produzido – e os problemas em consequência dele -, só surgiu na segunda metade do século XX. Mesmo século em que foi desenvolvida a técnica de tratamento de água, permitindo a recuperação de mananciais contaminados.

A evolução continua ...

Apesar de tudo isso, não se engane em pensar que a falta de acesso ao saneamento básico é um problemas pré-histórico. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, em 2015 serão 2,4 milhões de pessoas no mundo sem acesso no mínimo de condições desse sistema de primeira necessidade. No Brasil, 27 milhões de pessoas não tem rede de esgoto em suas casas. Se as técnicas e tecnologias permitiram uma vida mais confortável e saudável para todos nós, os desafios se renovam a cada momento histórico.

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