A Influência da Contabilidade na Administração: uma Análise na Utilização de Jogos de Empresas

A Influência da Contabilidade na Administração: uma Análise na Utilização de Jogos de Empresas

Máyra Ferreira Candido [e-mail]

1. INTRODUÇÃO

1. PROBLEMA DE PESQUISA

Inserir-se no mercado de trabalho não é uma tarefa simples. As organizações aumentam cada vez mais o nível de aceitação o que gera uma busca maciça por qualificação. Ao se comparar à quantidade da população brasileira que tem acesso a educação em nível superior, não só em países desenvolvidos, mas com relação a países em desenvolvimento, o Brasil se encontra atrasado e deficitário (BERTERO, 2006).

De acordo com Ernesto Faria especialista em análise de dados educacionais e a partir de um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil encontra-se em último lugar em um grupo de 36 países, com relação ao percentual de graduados na população de 25 a 64 anos. Os dados, baseados no ano de 2008, indica que somente 11% dos brasileiros, na faixa etária citada acima, possuem diploma universitário. Enquanto que em outros países da OCDE a média é mais que o dobro da brasileira apresentando um percentual de 28%. Como exemplo pode-se citar o Chile com 24% e a Rússia com 54% (ZERO HORA, 2011).

Há uma preferência na escolha para o curso de Administração nos estados brasileiros por dois motivos: primeiramente o curso possui um amplo campo de atuação, permitindo assim que empreendedores não se especifiquem em apenas uma área do curso, mas que possam atuar em várias áreas existentes em uma organização. O segundo motivo seria a grande quantidade de alunos que buscam uma rápida ascensão no mercado e que se submetem a funções e salários que não correspondem à categoria de administradores. A origem socioeconômica dos alunos de administração encontram-se, em maior parte, na classe média baixa, os mesmos não imaginam-se alcançando tais funções por isso se contentam com poucas oportunidades e reduzidas remunerações (BERTERO, 2006).

De acordo com o Conselho Nacional de Educação, em sua Resolução n° 4 de 2005, as diretrizes curriculares dos cursos de Administração, devem contemplar em seus projetos pedagógicos conteúdos que estejam relacionados com os estudos antropológicos, filosóficos, psicológicos, ético-profissionais, políticos, comportamentais, econômicos, contábeis, jurídicos, bem como relacionados com as tecnologias da comunicação e informação.

Com o objetivo de fornecer aprendizagem vivencial para Ciências Sociais Aplicadas como foco nos cursos de Administração, Contabilidade e Economia, os Jogos de Empresas oferecem aos participantes o exercício e a análise de problemas empresariais, e a prática da

tomada de decisão em organizações simuladas. Esta metodologia baseia-se num modelo de simulação em que as características de uma determinada empresa e do ambiente que a envolve são retratadas de forma aproximada às situações reais para que decisões sejam postas em prática. A importância dos jogos de empresa como instrumento no ensino e treinamento para os estudantes e executivos vem apresentando uma grande contribuição ao exercício da tomada de decisões e ao desenvolvimento de habilidades fundamentais à atividade eficaz de um executivo (SAUAIA, 2008).

De acordo com o cenário apresentado, em que descreve a situação do ensino superior no país, a estrutura do curso de administração e a partir de um ambiente simulado, este trabalho busca responder a seguinte questão: as habilidades e competências contábeis são levadas em consideração para a tomada de decisão na atuação profissional do administrador, ao se utilizar a metodologia de ensino de jogos de empresa?

1.2. METODOLOGIA

Marconi e Lakatos (2005, p.83) afirmam que o método “é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões na pesquisa”.

1. REVISÃO DE LITERATURA

1. O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL

O curso de administração pode ter a sua linha do tempo definida da seguinte forma (NICOLINI, 2003):

Em 1902 são instituídos os primeiros cursos de administração no Brasil e duas escolas em especial passam a ministrar esse curso: a Escola Álvares Penteado, no Rio de Janeiro, e a Academia do Comércio em São Paulo.

A regulamentação ocorreu no ano de 1931 através da criação do Ministério da Educação, originando assim o Curso Superior de Administração e Finanças. Esse curso diplomava os bacharéis em Ciências Econômicas, mas ainda gerava preocupação com relação à capacitação administrativa desses profissionais.

Em 1944 tem-se a criação da Fundação Getúlio Vargas – FGV. O objetivo do projeto era a capacitação de mão de obra especializada tanto para a administração pública quanto para a administração privada.

O uso intensivo de modelos estrangeiros na estruturação das organizações brasileiras e do ensino de Administração evidenciou-se no ano de 1948, quando representantes da FGV realizaram visitas a diversos cursos de Administração Pública sediados em universidades norte-americanas, como resultado da cooperação entre Brasil e Estados Unidos, estabelecida após o fim da Segunda Guerra Mundial. A partir dessa relação e das visitas realizadas surge em 1952, no Rio de Janeiro, a Escola Brasileira de Administração Pública – EBAP- destinada à formação de profissionais especialistas na área de administração Pública. Em 1950 a mesma

FGV originou a Escola de Administração de Empresas de São Paulo – EAESP – destinada à formação de especialistas nas mais modernas técnicas de gerência empresarial.

1. A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS CONTÁBEIS PARA FORMAÇÃO DO ADMINISTRADOR

Os administradores devem possuir maior interesse nos dados contábeis, pois a profissão exige um alto grau de conhecimento e análise, além de serem considerados os agentes responsáveis pela tomada de decisões. Para Gitman (2010), uma das principais diferenças entre finanças e contabilidade está relacionada à tomada de decisões. Os contadores dedicam-se à coleta e apresentação de dados financeiros, já os administradores avaliam as demonstrações contábeis, desenvolvem mais dados a partir delas e então tomam as decisões. O autor revela que essas afirmações não significam que os contadores nunca tomem decisões, ou que os administradores jamais coletem dados, apenas que o foco principal das duas atividades é bem diferente. A contabilidade para a função do administrador fornece informações aquém das demonstrações básicas, como Balanço Patrimonial e Demonstrações de Resultado, ela oferece um fluxo contínuo de informações sobre os aspectos mais diversificados da gestão. O administrador que sabe usar a informação contábil e conhece suas limitações, detém um poderoso instrumental de trabalho que lhe permite tomar decisões visando um futuro com maior segurança, bem como conhecer a situação atual e a possibilidade de sucesso ou de fracasso de suas decisões passadas. (Equipe de professores da FEA/USP, 2006)