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A OBSERVAÇÃO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

Por:   •  18/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  4.634 Palavras (19 Páginas)  •  402 Visualizações

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A OBSERVAÇÃO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

 INTRODUÇÃO

 

Desde a última década do século XX, os debates a respeito da conduta pedagógica que norteia o processo de ensino e aprendizagem em todas as disciplinas escolares tornaram-se mais intensos. No Brasil, especialmente a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, pelo Ministério da Educação – MEC, percebe-se uma maior preocupação com a conduta da escola em relação à abordagem dos conteúdos disciplinares e à formação de habilidades e competências nos educandos de acordo com os princípios básicos e objetivos das ciências enquanto disciplinas escolares.

Nesse sentido, é válido verificar a contribuição de procedimentos metodológicos que cooperaram para o aprimoramento da postura pedagógica dos professores das primeiras séries do Ensino Fundamental, especificamente no que concerne ao ensino de Geografia.

 O objetivo primordial deste artigo é refletir sobre a importância da observação como prática pedagógica no ensino de Geografia. A observação contribui para a compreensão da paisagem que faz parte do cotidiano dos alunos e cria possibilidades para que o estudo do espaço geográfico ocorra de forma mais significativa para crianças. Aprender e ensinar Geografia torna-se prazeroso, na medida em que os alunos são instigados a observar o espaço que os rodeia e a perceber o conteúdo material e subjetivo das relações sociais nele expressas.

Entretanto, é possível constatar que, enquanto disciplina escolar, a Geografia ainda é percebida por muitos estudantes como “matéria a ser decorada”, já que sua imagem atrela-se à das aulas chatas, cansativas e responsáveis pela produção de imensos questionários, textos e muitas informações a serem memorizadas sob pena de reprovação no ano escolar. Para que os alunos reconheçam o valor da Geografia escolar e se encantem com tudo o que essa disciplina tem a lhes oferecer, é necessário apresentá-la de forma lúdica, concreta e contextualizada à vida do indivíduo, tendo o cuidado de valorizar a prática e a vivência que cada criança traz consigo.

O ensino de Geografia tem sido discutido e reavaliado ao longo do tempo, porém ainda enfrenta graves problemas na sua condução. A ausência de uma abordagem metodológica diversificada, capaz de privilegiar a prática e o conhecimento dos alunos, é apenas um dos entraves para se construir uma imagem positiva da disciplina entre os discentes, especialmente se estes forem crianças.

 É na fase do desenvolvimento cognitivo que se dá a aprendizagem pelo fazer, ou seja, a observação, a prática e o experimento tornam-se elementos fundamentais no desencadeamento da aprendizagem e, consequentemente, do prazer pelo aprender. Esse

momento da vida da criança instaura-se como terreno propício para o desenvolvimento da consciência de cidadania, o que se dará por meio de um trabalho direcionado à compreensão espacial e ao saber lidar com esse espaço, compreendendo-o, respeitando-o e interferindo positivamente quando necessário.

O professor, durante as aulas de Geografia, apesar dos numerosos fatores desfavoráveis e perfeitamente conhecidos e vividos por todos nós, não pode limitar-se à fatal reprodução dos conteúdos sugeridos pelo livro didático, o que determinaria a sua atuação exclusivamente em sala de aula, pois, muitas vezes, o conhecimento sistematizado não condiz com a realidade em que o aluno está inserido. Os desafios são muitos, mas é preciso ousar para avançar com criatividade e imaginação, ressignificando o ato de ensinar e aprender a geografia.

Esse estudo junta-se a tantos outros que têm contribuído para despertar em todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem o prazer de “ler”, “reler”, “imaginar” e “concretizar” o mundo de forma crítica a partir da compreensão do lugar em que se vive. Ele foi pensado e conduzido sob uma metodologia pautada na pesquisa de teor predominantemente qualitativo e exploratório. Priorizou-se o referencial teórico em fontes já constituídas, porém a maior parte da discussão resulta do conhecimento apreendido no desenvolvimento da atividade docente em salas de aula do Ensino

Fundamental I e II.

OBSERVAÇÃO E APRENDIZAGEM

Entender o papel pedagógico da observação no ensino de Geografia requer o esclarecimento do que significa essa categoria e seus principais componentes cognitivos: aparência, apreensão, aprendizado, interpretação e percepção.

De acordo com Abbagnano (1998, p. 725), observação é a “verificação ou constatação de um fato” e, segundo o autor, ela pode acontecer a partir da verificação espontânea ou ocasional ou ainda pode ocorrer com base na verificação metódica ou planejada (observação experimental, racional). Nesse caso, há uma contraposição entre a experiência ingênua, primitiva, comum ou ocasional.

Nesse mesma linha, Foulquié (1967, p. 714 – 715) escreve: “observar tem o mesmo sentido de conservar-se diante do observado (não deixar de olhar). Considerar atentamente uma coisa a fim de conhecê-la melhor”. Para esse autor, observar é muito mais difícil que imaginar e deduzir. A observação é, portanto, “uma severa e poderosa apreensão da mente” (FOULQUIÉ, op cit., p. 715). Ainda segundo Foulquié, existe uma espécie de antagonismo entre a observação e a imaginação. Às vezes, a imaginação acaba substituindo a observação; assim, este último processo fica impedido pelas hipóteses do imaginário.

É necessário, antes de tudo, reformular as ideias para aprender a observar. As ideias são frutos da percepção da realidade e esta é resultado da observação (LENOBLE apud FOULQUIÉ, 1967). Silva (1979, p. 94) define observação como: o processo de investigação social que consiste na aplicação do sentido para a apreensão da realidade social. [...] muitas vezes a simples observação não é suficiente para dar ao observador uma sensibilidade e uma compreensão exata dos comportamentos do universo pesquisado, o que só será possível se o pesquisador assumir papéis reais.

Um dos aspectos ligados diretamente à observação é a aparência. De acordo com Abbagnano (1998), este termo pode ter dois significados diferentes.

 O primeiro é a ocultação da realidade e o segundo, manifestação ou revelação desta. Conforme o primeiro significado, a aparência vela ou obscurece a realidade das coisas, de tal modo que esta só pode ser conhecida quando se transpõe a aparência e se prescinde dela. Pelo segundo significado, a aparência é o que manifesta ou revela a realidade, de tal modo que esta encontra na aparência a sua verdade, a sua revelação. Com base no primeiro significado, conhecer significa libertar-se das aparências: pelo segundo significado, conhecer significa confiar na aparência, deixá-la aparecer. No primeiro caso, a relação entre a aparência e a verdade é de contradição e oposição; no segundo, é de semelhança ou identidade. (ABBAGNANO, 1998, p.68)

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