As Imagens da Organizações

Resenha Capítulo 9: A FACE REPUGNANTE – AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO INSTRUMENTOS DE DOMINAÇÃO.

     A metáfora das organizações como instrumentos de dominação apresenta o lado obscuro das organizações, demonstrando que essas usam e exploram seus empregados e, à medida que busca alcançar os objetivos de poucos através do trabalho de muitos, se materializa como um instrumento de dominação.

     Além disso, responsabilidades social e ambiental vêm sendo negligenciadas em detrimento dos meios de produção e do consumo. Com intenção ou não, as organizações vêm impactando negativamente o mundo, década após década.

     A grande Pirâmide de Gisé, embora faça alusão à complexidade de se administrar sua construção, também serve de metáfora à dominação de muitos seres humanos para a glória de uns poucos. Essa relação de realização e dominação é tida como característica de organizações através dos tempos. As relações de poder têm assimetrias (muitos trabalhando pelo interesse de uma minoria detentora do poder). Weber descrevia dominação por coação/ imposição, mas também por direito de fazê-lo (um tipo “aceitável”). Classificou-as em carismática (Poder advindo de qualidades pessoais), tradicional (advindo da tradição) e racional-legal (poder definido por leis). Por fim Weber via na burocratização uma forma de estabelecer relação de poder numa organização.

     Há argumentos para definir que a organização sempre se deu por Classes. Um grupo social se impondo aos demais, como visto na revolução industrial, quando os artesão passaram a operários controlados pelos donos dos meios de produção.

     Nesse contexto o sistema capitalista de produção dependia da existência de oferta de mão-de-obra assalariada suficiente. Sendo possível dizer que o sistema de trabalho assalariado criou a administração moderna, deixando de fora os sistemas de trabalho escravo.

     Nas empresas e industriais os trabalhadores têm valor diferente. Alguns com mais treinamento e outros que recebem menos investimento, dividindo-se em: mercado de trabalho primário (cargos de carreira que exigem alto grau de competência) e, mercado de trabalho secundário (trabalhadores menos especializados e mais baratos para a empresa).

     No sistema capitalista de produção, muitos empregadores negligenciam as atividades que podem causar potencial risco à saúde de seus empregados em nome da produção. Desde o contato com materiais inflamáveis e cancerígenos como também, utilizando crianças e jovens que chegavam a trabalhar 16 horas ininterruptas por dia. Embora sejam problemas do início das revoluções industriais, ainda hoje as condições de trabalho são ruins em alguns segmentos. Os empregadores ainda relutam a aceitar condições insalubres envolvidas nas atividades. Sendo essas maiores causadoras das doenças ocupacionais.

     Na maioria das vezes, quando estas questões são tratadas na teoria organizacional, as mesmas são vistas como infortúnios, ou então como efeitos colaterais não intencionais, ou ainda como questões ligadas à ética da organização e ao relacionamento entre esta e a sociedade.

     Ao considerar a metáfora da dominação como uma estrutura básica para a análise organizacional, a discussão deste capítulo tenta colocar estas questões na via principal, no sentido de que devem ser tratadas como dominantes nas colocações sobre a natureza e sucesso das organizações na sociedade moderna. Por exemplo, muitas empresas, sob outros aspectos excelentes, freqüentemente possuem registros bastante questionáveis no que diz respeito ao impacto que causam no ambiente, na força de trabalho das fábricas e no Terceiro Mundo. Embora tem obtido uma condição desenvolvida e admirável em termos de certos aspectos da prática gerencial interna, existe sempre um lado avesso desta excelência que quase sempre é complemente ignorado.