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BREVE HISTÓRIA DOS SISTEMAS EDUCACIONAIS

Por:   •  18/3/2017  •  Tese  •  7.151 Palavras (29 Páginas)  •  288 Visualizações

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  1. BREVE HISTÓRIA DOS SISTEMAS EDUCACIONAIS

“É a educação um fato social tão antigo quanto o próprio homes, devendo ter sido praticada desde que apareceu na Terra a primeira família humana. Coincide, assim, o início da história da Educação com o da história da humanidade.” (Bello, 1978, p. 9)

Para compreender as inovações no cenário atual da educação é importante partir uma sólida base de conhecimento a respeito do que motiva os sistemas educacionais a se construírem em cada sociedade. Para alcançar tal entendimento, será apresentado a seguir um panorama da história da educação, focado nos impactos e motivações sociais e no papel do estado, tanto como regulador como quanto patrocinador.

                Diferentemente do que pode parecer em um primeiro momento, através das análise dessa perspectiva histórica, será possível perceber como diversos assuntos, que hoje são temas pungentes nas discussões sobre modelos educacionais, na verdade tem sua origem mais de dois mil anos atrás. Acompanhado essas questões e seu desenvolvimento ao longo da história espera-se consolidar uma sólida base para o entendimento dos atuais desafios e caminhos da educação, principalmente no que tange a relação público-privada e as áreas de borda em termo de regulamentação.                   

  1. Sociedades Primitiva

Embora não houvesse instituições formais ou um papel definido de educador nas sociedades primitivas fica evidente que o processo educacional, constituído pelo ajustamento do comportamento e das ações das criações a prática e moral sempre se deu de alguma forma, majoritariamente através da transmissão de experiência entre gerações.

Segundo Monroe podemos dividir a educação primitiva em dois segmentos: a educação prática e a teórica. A primeira, que consiste no aprendizado das formas do fazer de atividades do dia-a-dia da sociedade como, por exemplo, a obtenção de alimento e a construção de abrigo, não passava por um processo consciente e direto de transmissão, sendo fruto, incialmente da imitação das práticas dos adultos pelas crianças. Em uma segunda fase, quando já mais velhos, a participação no trabalho era exigida, fazendo com que o processo de imitação passasse a ocorrer de forma consciente, mas ainda sem um objetivo fundamentalmente educativo, focando-se no resultado produtivo daquela tarefa e não em uma forma de didática ou transmissão organizada do conhecimento. A educação teórica, por sua vez, era fundamentalmente baseada no processo de enculturação dos jovens ao envolver-los nas questões ritualísticas e sagradas que permeavam essas sociedades primitivas e constituíam boa parte de sua vida intelectual e espiritual. (MONROE, 1968)

  1. Egito

O Egito é amplamente reconhecido como o berço da cultura e da instrução por gregos, mesopotâmios e diversas outras etnias. Devido a complexidade das práticas dessa civilização em agricultura, agrimensura, arquitetura, entre outras ciências, além de sua complexa divisão do trabalho e sua hierarquia de funções, parece razoável deduzir que houvesse um modelo estruturado de transmissão dos conhecimentos práticos e científicos/intelectuais. Apesar disso, não existem provas diretas da forma de estruturação desses tipos de instituições nos primeiros momentos da história egípcia.

No entanto, quando se trata das classes dominantes, existem evidências que comprovam a existência de um ensino sistematizado, voltado para a vida política e para o exercício do poder. Nesse modelo educacional, fica clara prevalência do falar como a primeira forma de instrução. Falar este caracterizado como oratória e não como uma prática estético-linguística.

Essa educação, restrita as classes dominantes tinha um aspecto basicamente familiar, seja de pai para filho ou de escriba para discípulo, e se baseava na passagem do conhecimento morais e comportamentais de geração em geração.

Nesses ensinamentos das classes dominantes a obediência aparece como fator fundamental ligado ao poder estabelecido, seja social ou doméstico. Ou seja, a sociedade egípcia, em sua estrutura altamente hierárquica de comando e obediência, ensinava sua casta dominante a importância de tais valores, perpetuando sua estrutura através da enculturação.

Também nesse sentido, eram incluídos no ensino conceitos da sabedoria comportamental da época. Neles se encontravam claras menções a divisão de casta e a distinção entre os homens nobres e aqueles que alcançaram posições de importância através de seus ofícios, mesmo não tendo nascido na casta superior. Ao mostrar a  diferença entre os homens com as técnica de domínio (os nobres) e aqueles com as técnicas de produção, ficava claro que, apesar de haver uma certa mobilidade social, cada pessoa devia ocupar o seu lugar na hierarquia.

Para que tais conhecimentos fossem transmitidos o suporte  escrito era amplamente utilizado, fazendo com que esses textos compusessem parte de uma literatura sapiencial e muitas vezes profética, similares aquela que pode ser encontrada na bíblia.        Assim como no texto bíblico, os ensinamentos eram apresentados em uma perspectiva caso a caso, oferecendo algum comentário generalizador ao final, como que uma “moral da história”.

Apesar das referencias a leitura e a escrita como ferramentas fundamentais desse processo de aprendizado, não é claro se essa classe dominante efetivamente possuía o domínio dessas ferramentas, ou se tal função era desempenhado por terceiros especializados. A segunda opção parece mais provável, principalmente quando notamos a profissão de escriba, um ofício focado incialmente especialmente na leitura e escrita.

Na idade feudal egípcia (de 2190 a.C. à 2040 a.C.) surgem os primeiros relatos de ensinamentos físicos ministrados de forma estruturada. Mais uma vez eles eram restritos as classes dominantes e juntamente com os ensinamentos intelectuais do falar compunham o conteúdo do sistema educacional da elite.

Dessa época também datam registros do “Kap”, uma instituição para os não nobres e não destinados a cargos políticos. Baseada nos conhecimentos já produzidos e na construção de uma tradição de ensino, podemos identifica-la, como a primeira escola propriamente dita, construída a partir da institucionalização da transmissão do conhecimento.

        Com o enfraquecimento do controle de um governo central e a impulsão gerada pela disseminação do conhecimento em massa passou-se a reconhecer um maior espaço baseado nas realizações, em detrimento unicamente das posições de nobreza. É importante ressaltar , no entanto, que quando se fala em educação massiva no Egito, assim como em muitas culturas posteriores, esta se limitando essa definição aqueles que possuem um ofício familiar. Quanto as demais pessoas, que não possuíam um domínio de nenhuma técnica específica ou ofício, não era alvo de nenhuma espécie de forma estruturada de transmissão do conhecimento.

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