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Conceito e epidemiologia da Síndrome de Guillain Barré

Por:   •  22/2/2019  •  Projeto de pesquisa  •  1.784 Palavras (8 Páginas)  •  270 Visualizações

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  1. Conceito e epidemiologia da Síndrome de Guillain Barré (SGB)

É uma polirradiculoneuropatia inflamatória de origem auto-imune adquirida e monofásica. Há uma desmielinização segmentar rápida e aguda dos nervos periféricos e de alguns nervos cranianos (WILLISON; JACOBS; VAN, 2016).

É uma patologia grave e pouco divulgada, que pode está associada a um quadro infeccioso prévio: viral ou bacteriano (SILVA et al, 2018).

Ao longo dos anos, ela recebeu várias denominações: paralisia aguda ascendente, polineurite idiopática aguda, polineuropatia inflamatória aguda, polineurite infecciosa, polineuropatia periférica. Esta uma disfunção dos nervos periféricos: motora (fraqueza, paralisia flácida) e sensorial, além de ser generalizada, simétrica e distal (MURAHOVSCHI, 2013).

Não há dados epidemiológicos específicos no Brasil. Porém, é um grave problema de saúde pública enquanto doença rara cuja ocorrência se dar mundialmente. E independe de condição social, estilo de vida, sexo, idade podendo atingir tanto adulto ou criança. É portanto, uma emergência médica que leva o paciente a uma Unidade de Terapia Intensiva- UTI (COSTA, 2016).

A taxa anual de incidência de SGB está de 0,4 a 4 casos por 100 mil habitantes, além de ser a causa mais comum de paralisia flácida aguda- PFA que por sua vez, atinge diferentes locais do sistema nervoso: músculo, medula espinhal, nervo periférico, junção mioneural (LINO, 2013).

De acordo com Matos (2017), no Brasil, em março de 2015, teve o primeiro caso de Zika vírus (ZKV) e com isto houve também o aumento de incidência de SGB em Pernambuco e Bahia. O que é reforçado também no estudo de Matos (2017) que atribui o aumento da incidência dessa síndrome associada a tal vírus em Fortaleza.

O pico de notificação de SGB ocorreu entre junho e julho de 2015 após a identificação do vírus citado, conforme Malta et al (2015).

Entretanto, a causa de aumento da incidência da SGB no Brasil, Colômbia, Suriname ainda permanece desconhecida, apesar dos esforços em curso de estudo, investigação. Em parte, esse desconhecimento se deve a circulação simultânea dos vírus (flavivírus) Zika, dengue, chikungunya nas Américas, cuja transmissão se dar através do mosquito Aedes aegypti (OMS, 2016).

É importante o seu controle vetorial, além da vigilância epidemiológica no seu reconhecimento precoce em novas áreas de transmissão no combate aos impactos dessas doenças uma vez que as alterações climáticas propiciam à dispersão de vetores e doenças, além do crescente número de vôos internacionais, acompanhados de doentes ou pessoas com infecção no período de incubação (VASCONCELOS, 2015).

Em 01/fevereiro/2016, o Comitê de Emergência de Saúde Pública de Organização Mundial de Saúde declara que a propagação do vírus Zika é um problema de emergência na Saúde Pública internacional (MINIMISAVA et al, 2016).

Porém, os casos de Zika hoje, não são mais noticiados comparado aos de 2015 e 2016. Este decretado como emergência em fevereiro e em novembro seu encerramento. O que não elimina possíveis vítimas da epidemia (homens, mulheres, crianças) esquecidas em sua própria dor (FAZZIONI, 2018).

  1. Patogênese da SGB

É doença autoimune, ou seja, não é causada por um dano viral direto. E sim, o indivíduo produz anticorpos que atuarão contra a sua própria mielina do sistema nervoso periférico (MURAHOVSCHI, 2013).

Está comumente associada a infecção, sendo o agente mais comum é a bactéria Campylobacter jejuni, esta intimamente ligada ao aumento de anticorpos anti- GM1 presente na SGB. Há outros microorganismos como: citomegalovírus, vírus Epstein Barr, Mycoplasma pneumoniae, Haemophilus influenza, vírus da Influenza A, Hepatite B, C, vírus da imunodeficiência humana- HIV (VAN et al, 2014 apud WILLISON; JACOBS; VAN, 2016).

Cerca de 2/3 dos casos há uma doença infecciosa que precede o quadro num intervalo de 1 a 4 semanas, em geral, quadro gripal ou uma gastroenterocolite aguda- GECA. E mais, algumas infecções podem ser subestimadas, subclínicas comumente associadas aos herpes –vírus: citomegalovírus-CMV, o mais frequentemente identificado (5% a 15%), vírus Epstein Barr- EB. Há também, os casos de cirurgias, transplantes, traumas, vacinas relatados também como antecedentes (LINO, 2013).

  1. Evolução e consequências

A SGB em geral, evolui com uma piora do quadro em sua intensidade e evolui de modo ascendente e rápido, em geral nesta ordem: membros inferiores, superiores, tórax, pescoço, cabeça (BRASIL, 2015 apud SILVA et al, 2018).

Indiscutivelmente, como mencionado anteriormente, os pacientes apresentam aproximadamente nas quatro semanas que antecedem suas queixas iniciais com: infecções respiratórias das vias superiores, gastrintestinais. Pode ocorrer a recuperação completa, porém, pode haver sérias consequências, complicações em 20%: paralisia dos músculos relacionados a respiração, coágulos sanguíneos e mortes em 5% (WILLISON; JACOBS; VAN, 2016).

Conforme Lino (2013) a maioria tem boa recuperação, porém 10% evoluem com comprometimento na deambulação, sendo as causas de morte se relacionam por sepse, embolia, disautonomia, insuficiência respiratória. Grande parte da doença é monofásica, porém, há casos de recorrência (aproximadamente 5%).

A antropóloga Débora Diniz e autora da obra: “Zika do sertão nordestino à ameaça global”, afirma haver um descompasso no sentido temporal entre a comunicação científica e as urgências em saúde, apesar de boa parte da pesquisa ter sido no Nordeste onde estavam a maioria de pacientes afetados e os médicos, pesquisadores responsáveis pela descoberta do vírus da Zika. Ao mesmo tempo, ela valoriza os cuidados, contato direto dos doentes feito pelos médicos à beira de leito cujas hipóteses diagnósticas são sempre antecipadas. O que não elimina a responsabilidade de políticas eficazes no combate, controle do vírus (FAZZIONI, 2018).

O surgimento do ZKV era antes restrito à África e que fora descrito fora desse continente em 2007. Indiscutivelmente, há uma epidemia desse vírus, não só a nível de Brasil. Sendo que 20% das infecções são sintomáticas, a saber: febre baixa (37,8- 38,5 ºC), conjuntivite não purulenta, artralgia, rash maculopapular (NETO, 2017).

  1.     Quadro clínico

1 3.1 Sinais e sintomas

Fraqueza muscular: simétrica, progressiva, ascendente com predomínio nos membros inferiores, com incapacidade de executar movimentos voluntários, hiporreflexia e parestesias, além de lombalgia contínua (BRASIL, 2015, apud SILVA et al 2018).

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