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Ensaio Teórico: Contribuições Para os Estudos Organizacionais

Por:   •  13/9/2023  •  Ensaio  •  4.416 Palavras (18 Páginas)  •  47 Visualizações

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Ensaio teórico: Contribuições para os estudos organizacionais

Considerações Iniciais

O presente estudo tem como objetivo a análise sobre uma dimensão pouco explorada na produção científica em administração: o ensaio. A proposta é apresentar uma postura crítica, sem a intenção de desfazer o que já existe ou, afirmar que uma forma é superior à outra na produção científica predominante. O objetivo é destacar outras possibilidades e novos caminhos na área da administração.

Para a descoberta de novas possibilidades, é necessário adotar uma postura mais crítica e questionadora em relação às formas estabelecidas de produção científica e, estar aberto a novas perspectivas e abordagens. Trata-se de explorar além do que é conhecido e visível, e se arriscar em direção ao duvidoso, desconhecido e pouco comum, que não é amplamente aceito pelo sistema.

Nesse contexto, o termo sistema refere-se ao conjunto de significados e reinterpretações, que pesquisadores em administração atribuem à sua prática, tendendo a desafiar novas possibilidades teóricas, metodológicas, ontológicas e epistemológicas. A pesquisa em administração tem como objetivo encontrar respostas, em vez de fazer perguntas ou levantar dúvidas, pois, isso poderia limitar a criatividade e a inovação na área, e impedir o surgimento de novas ideias.

Ao final deste ensaio, o leitor não terá uma resposta definitiva ou conclusiva. Ao contrário, pode surgir uma dúvida, uma inquietação ou até mesmo um sentimento negativo, se os argumentos apresentados conseguirem desafiar as convicções prévias do leitor.

É importante destacar que a área de estudos científicos em administração é um campo fértil para pesquisas empíricas e teórico-empíricas, devido à sua abordagem positivista-funcionalista. Busca-se constantemente aprimorar as técnicas e métodos de investigação, para que os pesquisadores possam contribuir com os aspectos práticos da atividade administrativa, oferecendo explicações gerais sobre fenômenos particulares e avançando epistemologicamente de maneira gradual.

Dessa forma, na área da administração, o foco da pesquisa reside principalmente nos efeitos, não nas causas. Ao estudar os efeitos, parte-se de uma realidade já estabelecida e de alguns pressupostos que moldam a maneira de enxergar o fenômeno investigado. O pesquisador formula hipóteses ou questões de pesquisa que devem ser exploradas durante o processo de pesquisa, visando a demonstrar as inter-relações entre o que foi estudado e a prática administrativa esperada. O caminho para chegar aos resultados pode ser de natureza qualitativa, quantitativa ou uma combinação de ambas.

Os estudos sobre as causas dos fenômenos administrativos são escassos devido à ênfase na produtividade e à pressão das agências de fomento e instituições acadêmicas para a produção em grande escala, em detrimento da originalidade e criatividade. A pesquisa científica moderna é guiada por uma ideologia que prioriza a quantidade em detrimento da qualidade, resultando em poucas contribuições significativas para o desenvolvimento do conhecimento administrativo no que diz respeito às suas causas.

Essa situação leva a um empobrecimento do campo de estudos administrativos, já que a pluralidade de perspectivas e abordagens é fundamental para a construção de um saber mais sólido e abrangente. Além disso, acaba por limitar a capacidade de inovação e de enfrentamento dos novos desafios que surgem na área administrativa.

O atual sistema de produção acadêmica pode levar os pesquisadores a se ajustarem ao modelo de produção em massa, resultando em uma falta de originalidade e criatividade em suas pesquisas. A pressão por produtividade e a necessidade de produzir grandes quantidades de artigos muitas vezes leva à utilização de fórmulas pré-fabricadas e à reprodução de ideias já existentes. Isso pode resultar em uma falta de diversidade na pesquisa, e os pesquisadores podem ser recompensados por se ajustarem ao sistema. No entanto, não é possível atribuir a culpa pela falta de originalidade dos pesquisadores ao próprio pesquisador, já que ele é moldado pela estrutura existente.

O pesquisador autônomo pode encontrar dificuldades para introduzir novas abordagens e ideias, e pode precisar enfrentar conflitos com a visão dominante da administração. No entanto, ao persistir na busca por conhecimento autônomo e inovador, o pesquisador pode contribuir para o desenvolvimento de uma nova perspectiva na área.

De acordo com Popper (1993), os cientistas consideram as explicações como meras generalizações decorrentes de análises de casos específicos. A título de exemplo, se todos os pesquisadores no presente e no passado observaram apenas cisnes brancos, é possível que concluam que somente cisnes brancos existem. No entanto, a descoberta de um cisne preto pode transformar completamente essa visão, como ocorreu no século XVIII. Nesse sentido, muitas vezes, o pesquisador autônomo pode encontrar dificuldades em dialogar com seus avaliadores e colegas, sendo que sua voz é ouvida e compreendida com dificuldade.

Se desistir, ele pode acabar se voltando para o ensino e a extensão, tornando-se um mero transmissor do conhecimento de outros autores, sem aprofundar sua própria investigação e reflexão crítica. Como resultado, pode acabar frustrado, sendo apenas um ocupante de cargo e não um pesquisador autônomo.

Portanto, é importante ressaltar que a discussão está em andamento e, é necessário progredir na compreensão desse fenômeno. Para isso, a seguir serão apresentadas reflexões sobre o ensaio teórico no campo da administração.

O ensaio teórico e a administração: possibilidades e interações

Na área da administração, existem quatro paradigmas principais, sendo os mais influentes aqueles que defendem a objetividade das ciências sociais, especialmente o funcionalismo. Nesse sentido Burrel e Morgan (1979), afirmam que o funcionalismo e suas correntes afiliadas, corroboram a objetividade, pressupõem uma realidade concreta, recorrem ao que é observável, buscam pormenorizar o mundo para predizê-lo e dominá-lo através de generalizações.

É importante ressaltar que a realidade na área não se limita apenas a uma perspectiva funcionalista, mas também envolve outras abordagens. Isso significa que, ao se concentrar exclusivamente em aspectos estruturais e sistêmicos do campo, os pesquisadores podem limitar sua compreensão dos fenômenos em questão, enxergando apenas partes de um todo.

As pesquisas funcionalistas são baseadas no positivismo, já que se apoiam em processos de socialização munidos de esquemas básicos, por admitir que os fenômenos ocorrem dentro de formas invariantes (BURREL, MORGAN, 1979).

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