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O Primeiro Semestre

Por:   •  24/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  37.975 Palavras (152 Páginas)  •  144 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

      Um grande debate que permeia as discussões políticas e econômicas do país é o de como alcançar o desenvolvimento sustentável. Após 500 anos de história o Brasil ainda não conseguiu atingir um nível desejável de avanço econômico, mas principalmente social. Vários foram os projetos que proporcionaram ondas de crescimento, mas nenhum deles conseguiu sustentar-se por um longo tempo. Isso resultou em avanços consideráveis, mas insuficientes à demanda do país.

        Há vários trabalhos acadêmicos sobre esse assunto, como várias propostas políticas, mas há um consenso de que dada à dimensão territorial do país e suas diversidades culturais e geográficas, um plano de desenvolvimento nacional e único não é suficiente para atender as especificidades locais. Ë nesse contexto que o desenvolvimento local aparece como uma ação estratégica para preencher as lacunas deixadas por planos nacionais, que resultaram em grande desigualdade entre as regiões do país e na sociedade.

       Apesar disso, não há um modelo estabelecido de desenvolvimento local em torno do qual seria possível criar e organizar um consenso. Uma região que tem grandes necessidades de deter seu empobrecimento e estimular seu crescimento deverá empreender estruturas próprias ao desenvolvimento local. Nesse espaço, o principal objetivo de qualquer política desenvolvimentista é a criação de emprego e renda, que pode ser alcançado através de atividades empreendedoras.

      A pequena empresa brasileira tem um grande papel na geração de emprego e renda, o que a torna um agente importante no propósito de desenvolvimento de uma cidade. Além disso, a pequena empresa organizada como uma cooperativa permite uma maior democratização da participação do envolvidos e também um maior acesso dos retornos produzidos. Entretanto, as cooperativas se deparam com o mesmo cenário com que se deparam milhares de micro e pequenas empresas, das quais, segundo dados do BID, 70% delas morrem antes de chegar aos 5 anos de funcionamento.

      Nessa perspectiva propõe-se a elaboração de um projeto de uma cooperativa rural, que atenda o propósito de gerar emprego e renda para a comunidade do Campinho, no município de Luz. A escolha da comunidade do Campinho no município de Luz está em atender a necessidade daquele local em ampliar as ofertas de emprego. Luz é um município com 17.129 habitantes, com uma densidade demográfica de 14,87 hab/Km2 e está localizada no Centro-Oeste mineiro.

      Esse trabalho será organizado em três etapas. A primeira será compreendida pelo referencial teórico, abordando a questão do desenvolvimento, empreendedorismo e o papel das cooperativas. A segunda parte trata da análise econômica da região de Luz, para definir o potencial econômico a ser explorado e a terceira compreende a elaboração do plano de negócios para a cooperativa.

      2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

      Este capítulo tem o propósito de mostrar a importância do estimulo ao desenvolvimento econômico local, através de uma das várias alternativas, que é o incentivo ao empreendedorismo, em especial a pequena empresa e a formas sociais de organização, como associações e cooperativas.

      2.1 Desenvolvimento econômico local

      A necessidade de se criar empresas capazes de gerar emprego e renda é uma resposta à necessidade de se promover o desenvolvimento de uma comunidade, de uma cidade e de um país. Nesse contexto a compreensão da importância da formação e fomento de empreendimentos empresariais só será completa com o entendimento da questão do desenvolvimento econômico.

      Até os anos de 1950 não havia qualquer distinção ao se definir crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Esses termos eram vistos como sinônimos, mas esse consenso foi se desfazendo quando se percebeu que surtos periféricos de crescimento econômico geraram focos de prosperidade cercados de miséria. Esse foi o modelo de crescimento de países como o Brasil, México e África do Sul. A partir de 1990, com a criação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que apesar de suas limitações como índice, deixou claro que crescimento econômico só gera desenvolvimento se for capaz de melhorar a qualidade de vida e o nível educacional da população. Assim o crescimento é um meio para atingir o desenvolvimento (VEIGA, 2005).

      Segundo Jacobs(2001, citado por Veiga, 2008) o crescimento além de um meio é um fator importante para o desenvolvimento. Uma das formas de se crescer é através da produção competitiva para exportação, que nesse caso não está relacionada com o sentido comum de exportação para fora do país, mas sim da exportação para fora do sistema considerado, seja ele a comunidade, o município, cidade, ou até mesmo o país. Além disso, é importante a diversidade econômica, pois ela permite que o crescimento econômico se transforme em desenvolvimento econômico, através do efeito multiplicador dos recursos incorporados na sociedade.

      Sendo assim, fica claro o papel do crescimento econômico, mas também a necessidade de que ele seja acompanhado de um elemento social. Para Furtado (2004, p.484, citado por Veiga, 2008) “quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento”.

      Expandindo ainda mais a importância da questão social na busca pelo desenvolvimento, Amartya Sem (1999, citado por Veiga 2008) defende que o desenvolvimento só pode ser alcançado através da expansão das liberdades desfrutadas pelos membros da sociedade. Isso requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade, a pobreza, a tirania, a carência de oportunidades econômicas, negligencia dos serviços públicos e interferência de Estados repressivos.

      Avançando nesse conceito, incorporou-se a necessidade de que esse desenvolvimento seja sustentável, ou seja, que a busca desse desenvolvimento não comprometa os fundamentos naturais das sociedades futuras (VEIGA, 2005). De acordo com Ignacy Sachs(2004, citado por Veiga, 2008), o adjetivo sustentável deveria ser desdobrado em socialmente includente, ambientalmente sustentável e economicamente sustentado no tempo.

      Essa discussão leva ao questionamento do modelo desenvolvimentista adotado pelo país nos últimos anos. O Brasil ao longo da década passada vivenciou períodos de elevado crescimento econômico, mas pouco se desenvolveu quanto à condição sócio-econômica da maioria da população. Esse fato desperta a necessidade de se pensar um modelo que seja capaz de promover o crescimento econômico com melhoria social. Esse modelo precisa romper também com as desigualdades regionais e priorizar as especificidades locais É nesse contexto que o desenvolvimento local aparece como uma ação estratégica para preencher as lacunas deixadas por planos nacionais.

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