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PRÁTICA E TEORIA DA ESTRATÉGIA

Por:   •  1/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.527 Palavras (7 Páginas)  •  318 Visualizações

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PRÁTICA E TEORIA DA ESTRATÉGIA: UM ESTUDO A PARTIR DO MODELO PROPOSTO POR MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL Daniele de Lourdes Curto da Costa (UEM) Luiz Tatto (UEM) RESUMO No presente trabalho, apresenta-se o resultado de uma pesquisa qualitativa realizada em uma indústria do segmento químico de Maringá (Pr), com o objetivo de analisar a relação existente entre a prática e a teoria da estratégia utilizada por esta empresa. A metodologia adotada pautou-se nos pressupostos qualitativos, estudo teórico e estudo de caso, sendo a coleta dos dados através de entrevista semiestruturada com os sócios/dirigentes. Na revisão bibliográfica, utilizou-se como base o modelo proposto por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), em “Safári de Estratégia”, onde os autores apresentam a estratégia a partir de escolas descritivas e prescritivas. O procedimento permitiu identificar conceitos de estratégia difundidos dentro de uma organização em relação ao ambiente interno e externo e, ao mesmo tempo, possibilitou analisar a estratégia utilizada pela organização e compará-la com o modelo proposto pelos autores. A análise dos dados coletados através do estudo sugere que, mesmo não estando explícito na empresa o uso da estratégia, a mesma (a) utiliza-se dessa ferramenta; (b) existe relação da prática da estratégia com a teoria apresentada. A organização objeto do estudo sugere enquadrar-se a partir de perspectivas das escolas: empreendedora, ambiental e posicionamento. Palavras-chaves: Estratégia. Prática. Teoria. Estudo de Caso. 1 INTRODUÇÃO Em um mercado que se encontra cada vez mais competitivo e exigente, as empresas têm a necessidade de utilizar ferramentas para se diferenciar de seus concorrentes, seja em qualidade, preço, produto, ou outra forma de atuação que lhe traga de alguma forma vantagem competitiva, que ganha forma e contexto através da estratégia. Segundo Andrews (1991), a estratégia dentro de uma organização é o modelo de decisão da empresa, no qual se definem metas e objetivos a serem alcançados e traça o plano para alcançar esses objetivos. Dentro desse contexto, segundo Prahalad et al (1998), a gerência tem como objetivo escolher ou criar uma oportunidade para utilizar os recursos da empresa com o intuito de criar uma vantagem competitiva. Por outro lado, a estratégia nem sempre é colocada em prática da mesma forma pela qual é exposta pelos autores, ou seja, como um conjunto de ação coordenada a ser 2 seguido de forma rígida pelos gerentes para que se alcance o objetivo esperado. Mintzberg (1975) chama atenção para desmistificar o papel do gerente de uma ação “engessada” dentro da organização, pois as ferramentas planejar, coordenar, controlar e organizar nem sempre são claras entre os executivos, como mostra a teoria e, muitas vezes, elas ocorrem dessa forma. Para Maciel (2007), a estratégia é ação de diversos atores sem que necessariamente tenha sido planejada, bem como sem as considerações de suas consequências, ou seja, muitas vezes a formulação e implementação da estratégia em uma organização ocorrem de modo inconsciente ou pelo conhecimento já adquirido. No que se refere à teoria, segundo Demo (2005), a teoria existe, pois não se tem acesso garantido à realidade externa, constrói-se alguma idéia, servindo como estilo de auto-referência, ou seja, como não se tem exatamente o que é certo, definem-se níveis aceitáveis da realidade, porém apropriados para uma relação com a realidade externa. Neste contexto da teoria e prática, Johnson et al (2003) apud Whittington (2004) afirmam que, à medida que se aproxima da prática, percebe-se que a estratégia não é um atributo somente das organizações, mas uma atividade realizada pelas pessoas. Sendo assim, pode ser percebida por uma prática social como qualquer outra. Para Whittington (2004), ao envolvimento da estratégia com a prática envolve uma agenda dupla. A primeira pelo simples fato sociológico constituir uma atividade social importante e a segunda é a agenda gerencial que retira da compreensão sociológica implicações práticas para melhorá-la. Dessa forma, neste artigo se propõe como objetivo geral analisar o possível distanciamento ou aproximação das estratégias utilizadas por uma empresa do segmento químico industrial de Maringá-Pr em relação às teorias de estratégia estudadas. O estudo se justifica devido à importância para o campo da estratégia por se tratar de um estudo visando à prática da estratégia, bem como promover um melhor entendimento do uso da estratégia dentro de uma organização. Dessa forma, buscou-se responder o seguinte questionamento: Em uma organização específica existe aproximação ou distanciamento entre a prática e teoria da estratégia? 2 METODOLOGIA Estabelece-se para a orientação mais adequada para o desenvolvimento da pesquisa aquela baseada nos pressupostos humanistas através da adoção da pesquisa qualitativa que, segundo Minayo (1995), é definida como um nível de realidade que não pode ser quantificado. Segundo Richardson (1999) apud Nonaka (2007), a pesquisa qualitativa é indicada quando se busca compreender os aspectos psicológicos dos indivíduos, pois são cercados por dados que não se é possível colher através de outros métodos. Dentro desse aspecto, identifica a pesquisa descritiva como o tipo mais adequado para a execução deste trabalho que, para Cervo e Bervian (1983), é a pesquisa que observa, registra, analisa fatos e fenômenos sem manipulá-los, procura descobrir com a precisão possível a frequência com que o fenômeno ocorre, a relação e conexão com outros, natureza e características. Utilizouse, também, para o desenvolvimento da pesquisa um estudo de caso que, para Godoy (1995), caracteriza-se como uma pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente com o exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação em particular. 2.1 PROCEDIMENTOS ADOTADOS Para a realização da pesquisa foi desenvolvida, inicialmente, uma pesquisa bibliográfica para levantar os conceitos sobre o tema exposto, com ênfase em Mintzberg et al 3 (2000), em seu livro “Safári de Estratégia”. O objetivo foi identificar as escolas tratadas pelos autores, verificando suas perspectivas de estratégia para o ambiente organizacional, bem como foi explorado os conceitos de teoria e prática para posteriormente fazer a análise proposta a priori. Em um segundo momento foi realizado o estudo de caso da empresa e feito um comparativo entre o estudo de caso e o referencial teórico, de modo que fosse possível verificar a relação prática versus a teoria da estratégia. As informações foram levantadas por intermédio de visitas e entrevistas com profissionais da área integrantes dessa organização, com o uso de entrevistas semiestruturadas que, segundo Merrian (1998), este instrumento é definido como guia composto de questões a serem estudadas, as perguntas e respostas não são pré-determinadas e bons resultados advêm de perguntas bem elaboradas. Assim as questões foram elaboradas e aplicadas para tentar identificar o uso de possíveis estratégias na empresa e relacioná-las com a revisão bibliográfica apresentada. O estudo envolveu uma indústria do segmento químico que trabalha com a produção e distribuição de seus produtos em redes varejistas as quais revendem seus produtos aos clientes finais. 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 ESTRATÉGIA COMO PRÁTICA O campo de estudo em estratégia tem sido muito difundido no meio acadêmico e empresarial. Segundo Jeremy (2002) apud Maciel (2007), o estudo da estratégia no meio acadêmico teve origens nos grupos de pesquisa sobre história de negócio, em 1927, em Harvard Business School, nos Estados Unidos, ganhando mais consistência a partir de 1950 com Igor Ansoff e outros autores. Porém a abordagem como prática vem de estudos mais recentes, no qual buscam compreender o que acontece dentro das empresas como prática de estratégia e buscam compreender o sucesso das empresas através da estratégia. Dentro desse contexto, existem inúmeras ferramentas que auxiliam no desenvolvimento dessa ferramenta dentro de uma organização, para que se torne prático o que é planejado como estratégia para a empresa. Segundo Jarzabkowski (2005) apud Maciel (2007), as práticas administrativas servem de mecanismos de seleção e controle para moldar a atividade estratégica dentro da organização, ou seja, elas auxiliam na implementação e controle da estratégia. Winttington (2004) trata a prática da estratégia a partir de duas agendas. A primeira, com base sociológica, aponta que a estratégia como prática está inserida no contexto comportamental do ser humano e baseada na sociologia das elites, ou seja, é preciso não focalizar apenas a cúpula de dentro da organização, mas também as pessoas do ambiente externo que influencia a prática da estratégia como, por exemplo, os consultores; a segunda, é a gerencial, que é baseada não somente no lado do ser humano enquanto estrategista, mas em vários outros atores que participam da estratégia dentro da organização, pois os gestores precisam de ferramentas e habilidades para realizar bem o seu trabalho em estratégia. Para Mintzberg (1994) apud Winttington (2004), o estrategista precisa planejar e pensar estrategicamente, porém é difícil saber como o estrategista adquire essas habilidades, bem como se conhece pouco dessas habilidades na prática. Já Carrieri et al (2008) apontam que é preciso que a estratégia não seja vista apenas como uma ferramenta “engessada” e eles trazem que autores como Winttington (1996; 2003) e Wilson e Jarzabkowski (2004), que, segundo uma visão incremental, tratam a estratégia como sendo práticas cotidianas e não apenas como aspectos secundários, agregando as concepções e construções sociais do sujeito, e que para se ter a estratégia como prática é 4 preciso levar em consideração esses aspectos. Esses fatos demonstram a importância do estudo nesta área e que demonstre a prática da estratégia como acontece dentro das organizações, bem como suas raízes teóricas que a sustentam

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