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Resenha - Casa-Grande & Senzala

Por:   •  31/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.742 Palavras (7 Páginas)  •  524 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

Curso de Engenharia de Produção

RESUMO DO LIVRO:

CASA-GRANDE & SENZALA

Laís Kelly de Souza

        

São João Del Rey

29 de junho de 2017

O livro Casa-Grande & Senzala é de autorria do sociólogo Pernambuco Gilberto Freyre e teve sua primeira edição publicada no ano de 1933. Esse livro alterou profundamente a imagem que o Brasil fazia de si mesmo. Em meados do século XIX até princípio do século XX, teóricos raciais europeus, em destaque o Conde de Gobineau, escreveu que Brasil era condenado ao desaparecimento por ser formado por um povo mestiço. Esses teóricos consideravam que a mestiçagem era uma humanidade biologicamente fraca e intelectualmente indigente. Para desmentir essas teorias Gilberto Freyre escreveu seu livro argumentando que o Brasil só existe e se mantém uma sociedade unida justamente porque o colonizador português soube se misturar com as índias e com as negras. O autor ainda menciona que a mestiçagem foi a responsável pela a existência do Brasil, a mistura tinha que acontecer para aumentar a população e ocupar todo o imenso território brasileiro, porque se não fosse assim o português não teria como ocupar essa terra, já que Portugal é um país pequeno e com população minoritária.

Nos parágrafos iniciais do texto, o autor relata que durante todo o Brasil Colônia, a sociedade era divida por dois povos antagônicos, sendo de um lado os senhores brancos, donos das casas-grandes, e de outro os escravos, que viviam nas senzalas. Assim a sociedade brasileira no período colonial era uma sociedade altamente aristocratizada, pois era uma minoria de brancos dominando patriarcais, polígonos, do alto das casas-grandes de pedra e cal, não só os escravos, como os lavradores de partido, os agregados, moradores de casa de taipa e de palha. Diante dessas circunstâncias, Gilberto Freyre defende que a miscigenação que largamente foi praticada nessa sociedade foi o fator principal de correção da distância social que era muito forte naquele momento.

Em seguida, Freyre relata que até então se atribuía aos mestiços, uma série de características negativas, como a saúde instável, incerta capacidade de trabalho, a baixa estatura, e a apatia entre outras. Assim a mestiçagem era considerada uma raça incapaz e inferior Porém, para o autor, o problema na verdade era que a mestiçagem possuía uma grande deficiência alimentar, caracterizada pelo abuso do peixe seco e da farinha de mandioca, além de não ter condições necessárias de vida. Mas para Gilberto Freyre, esses fatores sociais poderiam ser corrigidos, e se esse homem mestiço se alimentasse corretamente, ele poderia trabalhar e pensar como qualquer outro homem. Portanto o mestiço brasileiro era apático pela falta de alimentação e por não ter uma condição descente de vida, sendo este um fator social, e não um fator de raça.

O próximo fato defendido no livro é que o espaço físico condiciona o desenvolvimento racial, pois quando se transporta uma raça de um continente a outro, essa raça só seria a mesma se transportasse junta com ela o meio físico, ou seja, a raça em si na verdade está amplamente subordinada aos padrões do meio natural. Além do espaço físico, as condições bioquímicas também provocam mudanças na raça. Assim, o sistema de alimentação possui uma importância considerável na diferenciação dos traços físicos e mentais dos indivíduos. No Brasil, houve uma contemporização entre a tendência do meio físico e principalmente do bioquímico no sistema patriarcal de colonização. Esse sistema de plástica foi representado pela construção das casas-grandes, que possuíam grossas paredes de taipa ou de pedra de cal, coberta de palha ou de telha-vã, alpendre na frente e dos lados, telhados caídos num máximo de proteção contra o sol e chuvas, e assim não reproduziam as casas portuguesas e sim uma expressão nova, adequada ao ambiente físico brasileiro. Logo, a raça na verdade não é um fator soberano que intervém sobre o resto. A raça também é algo construído e modelado, de acordo com o meio com o qual se insere.

Segundo Gilberto Freyre o sistema econômico, social e político estava presente na casa-grande, completada pela senzala. A monocultura latifundiária representava a produção; a escravidão o trabalho; o carro de boi, o banguê, a rede e o cavalo os sistemas de transporte; o catolicismo, as capelas e o culto dos mortos a religião; patriarcalismo e o polígono a vida sexual e a vida de família; “tigre”, touceira de bananeira, banho de rio, banho de gamela representava a higiene do corpo e da casa; e por fim, o campadrismo a política. Além disso, também continha fortaleza, banco, cemitério, hospedaria, escola e santa casa de misericórdia. Assim nos engenhos dos fins do século XVII e do século XVIII da casa-grande eram fazendas com funções de hospedaria e de santa casa, até o costume dos conventos medievais de tocar um sino na hora da comida estavam presentes. A arquitetura no Brasil colonial sem dúvidas foi influenciada pela arquitetura jusuíta, de igreja e dos conventos, porém, seguindo seu próprio ritmo, seu sentido patriarcal, experimentando maior necessidade que a puramente eclesiástica e assim como a casa-grande absorveu das igrejas e dos conventos valores e recursos técnicos, as igrejas brasileiras também assimilaram características das casas grandes, como os alpendres na frente ou dos lados como qualquer casa de residência.

Diante desse sistema, para o sociólogo a casa-grande venceu no Brasil a igreja, o jesuíta. Dessa forma o senhor do engenho ficou dominando a colônia quase sozinho, conquistou uma força política extrema dentro da sua fazenda, e se tornou o senhor absoluto inibindo até poder de bispos e dos vice-reis ali dentro. A casa-grande passou a representar um imenso poder feudal, porém com o passar das gerações, toda a solidez e arrogância de forma e de material se apodreceram por falta de potencial humano e falta de conservação. Em outras palavras, os netos e bisnetos dos senhores de engenhos encontraram todo aquele patrimônio construído e só se beneficiaram, não aprenderam a conservar o que herdaram e assim, o que sobreviveu nas casas-grandes foram às capelas.

Outro aspecto relatado pelo autor foi o costume de se enterrar os mortos nas capelas e com isso os mortos continuavam sobre o mesmo teto dos vivos. Além disso, não havia no Brasil antigo um distanciamento dos santos. O brasileiro como povo, nação ou ração se formou com uma religiosidade profunda, e se espremia numa grande proximidade entre as pessoas da casa e os santos. As mães encarregava São José de embalar o berço ou a rede da criança, a Senhora Sant’Ana de ninar os meninozinhos e era Santo Antônio que tinha que dar conta de objetos que eram perdidos. Grande símbolo do patriarcalismo foi à intimidade muito grande com os santos e com os mortos, entre as imagens dos santos havia fotos de avós e bisavós.  Para aqueles indivíduos abaixo dos santos e acima dos vivos ficavam os mortos, que estavam ali presentes vigiando o mais possível à vida dos filhos, netos, bisnetos.

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