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Resenha Narradores de Javé

Por:   •  12/4/2016  •  Resenha  •  672 Palavras (3 Páginas)  •  363 Visualizações

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         O filme narradores de Javé é uma produção nacional de ficção, que conta o drama de uma comunidade prestes a desaparecer pela inundação de uma barragem hidrelétrica. Quando parecia que tudo estava perdido, uma possível solução é apresentada por um morador, seria transformar o lugarejo em patrimônio histórico. Este processo seria muito trabalhoso, especialmente por se tratar de pessoas analfabetas, e não havia nenhum registro escrito da origem e história do lugar.

       Os moradores se reúnem e decidem que um antigo morador (Zé bia, o carteiro) escreveria sobre a origem da cidade, a fim de convencer as autoridades que aquela cidade era um patrimônio histórico, e assim não poderia ser destruída. Fica claro que a especulação econômica não se sensibilizaria com aquela população pobre e analfabeta. Biá, o ‘’escritor’’, se encarrega de escrever as histórias, através de entrevistas com os moradores mais antigos da cidade, que se valem das suas memórias. A tarefa não era fácil, Biá e os moradores não se entendem, embora houvesse comunicação entre eles. Na passagem em que Zé biá anotava em seu livro o depoimento de cada morador, se notava o dinamismo da oralidade, pois apesar de cada morador contar a mesma história, suas versões eram diferentes, alguns acrescentavam fatos, outros diminuíam, tinham opiniões diferentes, mas cada personagem afirmava que seu relato era o verdadeiro. Nota-se que o herói é representado pelo próprio contador, também os estereótipos apresentados de acordo com o narrador. No relato de Vicentino, predominam universo masculino; no de Deodora, há destaque para a heroína e um número maior de mulheres; no de Firmino, ele está montado em um jumento encenando a sua realidade e no de Pai Cariá, todos são de uma mesma religião. Todas essas técnicas de diferenciação de imagens, próprias da linguagem cinematográfica, das quais a diretora e os realizadores do filme apropriam-se muito bem, colaboram para ressaltar as várias versões das narrativas orais.  O final do filme mostra claramente que por falta da informação verídica não se pode evitar a construção da barragem e assim houve a destruição do vale de Javé.

          A história oral é a entrevista onde se faz o apanhado das memórias e o seu registro. O filme estabeleceu uma comunicação direta com a realidade, a câmera (imagem) também é capaz de nos contar a história, a apresentação cênica de cada narrador dar um tom diferente á sua história, além disso, há uma linguagem audiovisual, variedades linguísticas e expressões inclusive com dialetos. Zaqueu se refere a essas ‘’autoridades’’ como ‘’eles’’, ‘’os engenheiros’’ – que ao final do filme não interagem com o povo – e usa o advérbio ’’lá’’. Lá onde? Eles quem?. É possível afirmar que o filme revela; na figura de Biá, uma metalinguagem do oficio do historiador.

         Ao assistir o filme pode-se notar também que a linguagem escrita era desconhecida pela maioria da população local, trazendo a importância da leitura escrita de uma comunidade e assim utilizavam da linguagem oral para narrar todos os fatos hipoteticamente ocorridos naquele lugar. Bom filme contém partes humorísticas, também me chamou atenção foi que eles não deram valor para veracidade da história que o ‘’dossiê’’ deveria conter, para comprovar que aquela cidade era um patrimônio histórico ao contrário disso, se preocupavam em serem sempre os heróis da sua própria história. E assim só deram o real valor quando viram seu vilarejo sendo aos poucos inundado pelo ‘’progresso’’ da barragem.

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