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Tarefa: Atividade Individual – Análise do Filme Hotel Ruanda

Por:   •  8/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.559 Palavras (7 Páginas)  •  2.994 Visualizações

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Atividade individual

Matriz de análise

Disciplina: Negociação e Administração de Conflitos

Módulo: IV

Aluno: Raiane Paulo dos Santos

Turma: 0417-7_1

Tarefa: Atividade Individual – Análise do Filme Hotel Ruanda

Introdução

Diante de todo o conteúdo estudado nos módulos de aspectos conceituais associados ao processo de negociação; aspectos relacionais da negociação; aspectos substantivos da negociação e aspectos processuais de execução da negociação, passamos a observar o âmbito negocial de todas as nossas relações, sejam elas profissionais ou pessoais, de forma diferenciada.

Cada relação que estabelecemos em nossa vida requer negociação, em níveis próprios, e fazemos isso de maneira intrínseca, de forma habitual, sem perceber que nossas ações as do outro são motivadas por nossos interesses, medos, valores, frustrações, objetivos, motivações e principalmente por nossos sentimentos.

Por tanto, motivada pelas minhas afinidades com a área de humanas, pela minha graduação em Ciência Política, e principalmente pelo meu interesse em conflitos políticos e suas resoluções, escolhi o filme Hotel Ruanda, lançado em 2004, dirigido por Tenry George, inspirado na história real de Rusesabagina, para a minha atividade individual.

O filme Hotel Ruanda se passa durante a primeira guerra de Ruanda, e retrata os conflitos causados pela ascensão ao poder do povo Hutu, sobre o povo Tutsi. Tutsis e Hutus são povos de etnias diferentes, consequentemente culturas e valores diferentes, que habitavam a República de Ruanda, país localizado na região dos lagos da África, que foram forçados pelos colonizadores belgas a conviver dentro das mesmas fronteiras, o que acirrou as diferenças entre as duas tribos.

Ao desrespeitar as diversidades culturais dos povos africanos, nos processos de colonização e descolonização de continente, os colonizadores forçaram grupos rivais a conviver em uma determinada área, assim como separaram povos que viviam em harmonia e tinham suas relações estabelecidas, desta forma potencializaram os conflitos já existentes e iniciaram novos desentendimentos. Neste cenário se passa a história do filme Hotel Ruanda

Desenvolvimento – análise do processo de negociação representado no filme eleito

O filme Hotel Ruanda foi inspirado na história verídica de Paul Rusesabagina, gerente do Hotel des Mille Coline, empreendimento pertencente a um grupo belga Sabena, localizado em Kigali, capital de Ruanda. O país foi colonizado pelo belgas, que utilizaram o povo da etnia Tutsi, visto por eles com características mais europeias – pele mais clara, nariz mais afilado, e porte mais alto – que o povo Hutu, para governar o país.

Essa escolha maximizou os conflitos e disputas entre os dois povos e, consequentemente, as diferenças sociais e econômicas entre eles, mas quando iniciaram o processo de descolonização da região os Hutus, que eram a maioria da população, se revoltaram com a situação de subordinação a minoria Tutsi e, após confrontos, foram reconhecidos pela Bélgica, durante a independência da República de Ruanda, como líderes de governo da região.

A história do filme se inicia com a provável assinatura de um acordo de paz entre os povos Tutsis e Hutus, por parte do Presidente Juvénal Habyarimana, da etnia Hutu. Mas antes da formalização da trégua entre as duas etnias, o Presidente sofreu um acidente aéreo que o levou a óbito, juntamente com o Presidente de Burundi. Quando o acidente veio a público a Rádio RTM, Rádio do Poder Hutu, culpou o povo Tutsi pelo atentando, e através desse meio de comunicação os Hutus exortavam o ódio e incitava as pessoas a ter atos violentos com o objetivo de eliminar “as baratas”, maneira como chamavam o povo Tutsi, e até mesmo a “cortarem as árvores altas”, o que motivava os Hutus, que tinham uma estatura menor, a cortar os membros da tribo Tutsi com facões.

Neste clima de guerra e caos Paul, que era Hutu, tenta proteger sua esposa Tatiana e seus vizinhos, que eram Tutsis, do eminente massacre generalizado que tomou conta do país, onde o exército e as milícias mataram cerca de 800 mil pessoas num período de três meses.

Para garantir a segurança dos seus, Paul começa a negociar com vários atores: Coronel Oliver, representante das Nações Unidas; General  Bizimungo, representante do Exército de Ruanda, funcionários do Hotel des Mille Colines; Sr. Tillens, representantes do Grupo Sabena; representantes da milícia Interhawes; e até mesmo com sua esposa, Tatiana.

Em sua primeira negociação Paul oferece dinheiro ao Exército Ruanês pela sua família e vizinhos. Desde o início do filme ele demonstra dominar a arte da negociação, onde ele cita a importância de agregar valor – classe – as suas ações, de forma a agradar e estabelecer uma relação de confiança com os interlocutores; em outra cena ele explica para sua esposa que ao entregar as pessoas o que elas gostam, seja charuto, vinhos, cerveja, chocolate ou um tratamento diferenciado, ele está acumulando favores, que poderão ser trocados.

Utilizando a negociação Paul, em certo posto seguindo a Teoria de Nash, absorve todas as informações que poderão ajuda-lo a barganhar e oferecer a melhor alternativa, faz suas propostas seguindo transações em serie que chegarão a um resultado final de maximização de seus ganhos. Para garantir a segurança do hotel, Paul aceita refugiados da ONU; assim como fornece bebidas ao Exército Ruandês, e dinheiro a milícia. Nesse clima de gerenciamento de conflitos e negociação, o gerente abrigou cerca de 1.200 refugiados Tutsis e Hutus, entre eles ricos, pobres, empresários, cientistas, intelectuais, funcionários do hotel, órfão e freiras

Tropas belgas são enviadas para o país, isso enche a todos de esperança, mas elas foram enviados apenas para resgatar os estrangeiros que estavam exilados no hotel, situação que faz Paul pensar em como conseguir ajuda externa para que todos continuassem a salvo. Ele reúne a todos e os orienta a entrarem em contato com conhecidos de outros países, pessoas que possam pressionar os governos de outros países a intervir na situação em Ruanda. Neste momento ele explica a necessidade da comunicação verbal e não verbal, para que ao falar as pessoas deixem claro a seriedade da situação e a necessidade de auxílio, ele orienta que “falem como se estivessem segurando a mão deles, que ao soltarem vocês morrerão, para que se sintam culpados e procurem ajudar”, de forma a influenciar as decisões das pessoas usando o emocional.

Em uma tentativa de retirar sua família do país, junto com alguns dos refugiados que receberam vistos enviados de outros países, Paul acaba denunciado por um de seus funcionários, Gregoire, que desde o início do filme sentia inveja do cargo e reconhecimento que o gerente tinha no hotel, e para salvá-los Paul suborna o exército mais uma vez.

Percebendo o fim deus seus suprimentos, e valores, para continuar negociando a segurança do Hotel Des Mille Colines, Paul decide usar informações de fora, referente aos Estados Unidos, para chantagear o general Bizumigo, responsável pelas forças de guerra de Ruanda. Paul blefa ao informar ao General que os EUA o veem como o principal causador da Primeira Guerra de Ruanda, e em troca de proteção para que os refugiados deixem o hotel, ele se compromete a depor em favor do General.

Paul e as Nações Unidas de Assistência da Nações Unidas para a Ruanda (UNAMIR) conseguem ônibus para levar os refugiados, seus filhos e sua esposa para um campo de refugiados, desta vez também escoltados pelo Exército Ruandês, e apesar de encontrarem rebeldes pelo caminho, chegam em segurança ao acampamento, garantindo o sucesso da empreitada de salvar 1268 pessoas do genocídio realizado durante os 100 dias em Ruanda.

Considerações finais

O filme Hotel Ruanda apresenta a negociação em vários níveis, desde o ganha-ganha, perde-ganha, ganha-perde e perde-perde, todos estes resultados influenciados pela maneira em que a comunicação se deu. Nosso protagonista demonstra um senso de observação muito aguçado, se mantem atento aos interesses e preferências de todos, agrega valor as ações, estabeleça a confiança com a outra parte, planeja suas ações e possíveis propostas, e usa muito bem todas as informações que detém.

O verdadeiro Paul Rusesabagina, em entrevista ao UOL, destacou o diálogo como parte essencial para sucesso de  suas ações em Ruanda, para ele é sempre possível encontrar um ponto comum, onde se dará o acordo que trará benefícios mútuos, para ele “a conversa é a chave para a resolução de todos conflitos”.

Em meio a situação caótica que o hotel enfrentava, Paul ainda se preocupava em manter o nível do hotel, 4 estrelas, em todos os serviços prestados por ele e sua equipe. E contornou de forma clara os conflitos com sua equipe, dando a eles o que lhes faltava: um ato que legitimasse Paul como gerente, que o reconhecesse como líder naquela situação, e assim ele conseguiu unir e motivar a sua equipe, para que todos permanecessem bem e em segurança. Essa situação demonstra que para superar conflitos no âmbito profissional é necessário agregar, evitando o enfrentamento, buscando um objetivo conjunto que estimule a equipe e os arregimente.

Referências bibliográficas

CAMPOS, E. Quer ser Ph.D em negociação? Época NEGÓCIOS, 2012. Disponível em: http://epocanegocios.globo.com/Inspiracao/Carreira/noticia/2012/01/quer-ser-phd-em-negociacao-william-ury.html. Acesso em: mai. 2017.

CARVALHAL, Eugenio R. do; ANDRADE, Gersem M. de; ARAÚJO, João V.; KNUST, Marcelo. Negociação e administração de conflitos. 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014.

HOFSTEDE, Geert. Cultures and organizations: software of the mind. Nova York: McGraw-Hill, 1991.

DAVIS, Flora. A comunicação não verbal. São Paulo: Summus, 1979.

DIAMOND, Stuart. Consiga o que você quer. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.

SILVA, Vanessa C. da. Novo genocídio pode acontecer, diz homem que inspirou filme Hotel Ruanda.  UOL Notícias INTERNACIONAL, 2014. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/04/06/homem-que-inspirou-filme-hotel-ruanda-acredita-que-pais-pode-ter-novo-genocidio.htm . Acesso em: mai. 2017.

RUANDA, Hotel. Direção: Terry George. [S.I.] Metropolitan FilmExport, 2004. (121 min)

VARIAN, Hal. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

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