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Universidade Cidade de São Paulo

Por:   •  24/10/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.402 Palavras (10 Páginas)  •  60 Visualizações

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Universidade Cidade de São Paulo

Curso de Psicologia

Mulheres que têm filhos e trabalham home office durante a pandemia do Covid-19.

Adele Laurinavicius Ubaldo Augusto

Flaviana de Jesus Rocha

Natália Pereira Silva

2020

1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, observa-se o crescente número de indivíduos que trabalham em home office em virtude da pandemia, que exigiu o distanciamento social como forma mais eficaz de evitar a contaminação. No centro desta questão estão as mulheres mães, que assumem os custos físicos e emocionais mais árduos no papel de cuidadoras do lar e da família, ao mesmo tempo que continuam a exercer o papel profissional na modalidade remota. Historicamente o papel de cuidadora foi atribuído às mulheres e reforçado ao longo dos tempos com a divisão desigual de tarefas do lar. Ao passo que estas mesmas mulheres se profissionalizaram e passaram a contribuir financeiramente com as despesas da casa, não houve redução da carga de trabalho doméstico, resultando em uma equação quase desumana. Nota-se que as mulheres estão mais expostas ao estresse decorrente do cenário atual, sobrecarga de tarefas domésticas, atenção aos familiares, medo de contaminação, autocobrança excessiva, além das atividades laborais.

O COVID-19, ou Novo Coronavírus como ficou popularmente conhecido, é decorrente de uma doença respiratória aguda causada pelo Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). A infecção pelo Novo Coronavírus é altamente contagiosa e de rápida disseminação. Por este motivo foi declarado, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), estado de pandemia em 11 de março de 2020. Atualmente, o número de vítimas fatais da doença no mundo todo já passa de 1 milhão. No Brasil, nos aproximamos de 160 mil óbitos e temos quase 5,5 milhões de casos confirmados. Mesmo onde a situação parecia já estar sob controle, novos casos voltaram a surgir, além de casos de reinfecção.

A pandemia trouxe consigo efeitos secundários desastrosos como instabilidade social e econômica, especialmente nos países onde há mais desigualdade social e menos políticas públicas rigorosas para garantir a saúde e segurança da população, seja ela física, mental, social ou econômica. Também há relatos de discriminação, xenofobia e racismo contra pessoas de descendência chinesa e do leste asiático, disseminação on-line de fake news e o fechamento de escolas e universidades por todo o mundo.

Este evento imprevisível alterou o cotidiano de toda população mundial, fazendo com que o cuidado à saúde mental seja prioridade para transpor esse terrível momento. Existem estudos atuais que indicam quadros de ansiedade, medo, insegurança e depressão relacionados ao isolamento social.

O objetivo desta pesquisa é compreender as percepções das mulheres mães que trabalham em home office durante a pandemia. Colocando em pauta como o trabalho home office somado aos cuidados com a família e lar, afetam essas mulheres em tempos de isolamento social.

Este estudo revela sua importância, pois em consequência da brusca mudança da rotina, as mulheres mães sofreram grandes impactos e devem ter sua saúde mental preservada. É muito importante identificar o que as aflige, para ajudá-las a entender a causa e depois fazer com que elas aprendam a lidar com a situação que causou ou está causando aqueles sentimentos. E ainda, propor uma reflexão sobre a percepção dessas mulheres sobre a atual realidade. Sobretudo, o que as experiências adquiridas neste momento tão desafiador irão contribuir com a forma de pensar, agir e sentir.

O estudo contribui com a sociedade em geral, pois é um instrumento muito valioso para identificar e compreender o choque emocional que causa nos indivíduos, em especial, as mulheres mães que serão objetos de estudo deste artigo. Quando avaliamos os impactos do isolamento social, torna-se possível indicar melhores políticas de enfrentamento de forma diferenciada entre os sexos, de modo que satisfaça às diferentes questões psicológicas peculiares de cada gênero, resultando em propostas mais eficazes e equitativas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Sabe-se que as mulheres são predominantemente responsáveis pelos cuidados da família, bem como das tarefas domésticas que não se limitam apenas aos afazeres do dia a dia, mas também educação e instrução dos filhos. Além de contribuir no aspecto financeiro, na maior parte das vezes, elas têm a incumbência de estabelecer a ordem e bem-estar da família. Tem sido desta forma ao longo de toda história, mas em tempos de pandemia, podemos observar que os impactos do isolamento social entre homens e mulheres são muito discrepantes no que diz respeito à divisão do trabalho doméstico.

A pandemia apenas escancara os desafios impostos às muitas mulheres mães que precisam trabalhar em jornadas duplas ou triplas. Para estas mulheres responsáveis pela renda familiar, a divisão sexual do trabalho, que já era desigual, tende a se agravar na quarentena (Oliveira, 2020, p. 159)

A rotina que já era puxada física e emocionalmente, passou a ser extremamente exaustiva, trazendo sentimentos de esgotamento, ansiedade, impaciência e angústia. As novas funções impostas podem causar frustração diante da autoexigência feminina, pois nessas circunstâncias há o agravante do medo do fracasso em áreas que não dominavam, mas que tiveram que se reinventar para suportar o novo modelo de vida. Se antes já era um grande desafio conciliar maternidade e vida profissional, a quarentena só fez piorar. Esta nova realidade faz emergir também um sentimento de culpa, pois para as mulheres mães é muito complicado estar presente no lar, e ao mesmo tempo tão distante, já que o acúmulo de tarefas não dá a elas, neste momento, a possibilidade de desfrutar da companhia de seus filhos.

Como a mulher internalizou valores de uma cultura materno centrada, pode passar a enfrentar conflitos de identidade por compartilhar de um imaginário social de que a boa mulher é a boa mãe, a boa dona de casa, a boa cozinheira: referenciais aprendidos e propagados pelas ideias compartilhadas de qual deve ser o papel da mulher (MACEDO, 2020, p. 187-204).

Manter a produtividade profissional enquanto se dedica ao lar e a família tornou-se um obstáculo à carreira feminina. Esta nova realidade exacerbou a necessidade de as mulheres precisarem se superar para tentar dar conta de todas as atividades à elas atribuídas. Algumas mulheres perderam o emprego, pois não recebiam apoio suficiente de seus parceiros, quando os tinha. Outras enfrentam sobrecarga, esgotamento físico e mental, que pode levar a crises de ansiedade, pânico e depressão.

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