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Brasil e Japão em diálogo: expressões modernas na arquitetura religiosa de Oscar Niemeyer e Kenzo Tange

Por:   •  25/8/2017  •  Artigo  •  3.559 Palavras (15 Páginas)  •  423 Visualizações

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XXII Encontro de Iniciação à Pesquisa

Universidade de Fortaleza

17 à 21 de Outubro de 2016

Brasil e Japão em diálogo: expressões modernas na arquitetura religiosa de Oscar Niemeyer e Kenzo Tange Joyce de Deus Pires Teixeira¹* (IC), Mariana Araújo de Oliveira² (IC). Ana Cecília Serpa Braga Vasconcelos³ (PQ).

1. Universidade de Fortaleza

2. Universidade de Fortaleza

3. Universidade de Fortaleza – Curso Arquitetura e Urbanismo

joycededeus@hotmail.com

Palavras-chave: Expressões modernas. Oscar Niemeyer. Kenzo Tange. Catedral de Santa Maria. Catedral de Brasília.

Resumo

        Nesta pesquisa, buscou-se identificar e estabelecer relações (diálogos) entre duas obras arquitetônicas religiosas de arquitetos de diferentes nacionalidades: Oscar Niemeyer, brasileiro e Kenzo Tange, japonês. Derivada de trabalhos realizados nas disciplinas Teoria e História da Arquitetura 3 e 4, a pesquisa parte de um aporte teórico, em que é discutida e compreendida a formação e consolidação do Modernismo em ambos os países, considerando contextos e realidades socioculturais distintas, mas identificando momentos similares de afirmação nacional, por meio da arte, da cultura e da arquitetura, em que a trajetória profissional de cada arquiteto é ressaltada. O cerne da pesquisa é analisar, sob a ótica da arquitetura, as duas igrejas - a Catedral Metropolitana de Brasília e a Catedral de Santa Maria, em Tóquio - de autoria dos referidos arquitetos, ambas construídas na década de 60.

Introdução

        Esta pesquisa deriva de atividades realizadas em duas disciplinas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), parte do eixo estruturante curricular denominado Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo (TH3 e TH4), que abordam a produção arquitetônica e urbanística internacional e nacional, respectivamente. Em ambas as disciplinas, houve a pesquisa sobre a trajetória profissional e projetual de arquitetos internacionais e nacionais, respectivamente, com foco em análises de obras de arquitetura. Foi possível, a partir dos seus resultados, perceber empiricamente relações entre aspectos como contexto histórico e as trajetórias profissionais e projetuais dos arquitetos estudados.

Dessa forma, este artigo tem como objetivo estabelecer diálogos entre duas obras de arquitetura religiosa – uma de autoria de Oscar Niemeyer e outra, de Kenzo Tange, arquitetos de nacionalidade brasileira e japonesa, respectivamente – por meio da identificação de princípios modernos e de estratégias projetuais relacionadas, considerando o contexto internacional de revisão e adaptação do Modernismo na época de suas construções.

Para tanto, pretende-se, de início, compreender e explicitar brevemente o contexto pós-Segunda Guerra, nas realidades brasileira e japonesa, e perceber o lugar da arquitetura no processo da busca de uma afirmação nacional. Depois, compreender as posturas projetuais de cada arquiteto, no constante à concepção do espaço sagrado e do domínio do concreto armado como material construtivo e plástico, estabelecendo relações entre a Catedral Metropolitana de Brasília, construída entre os anos 1958 e 1970, e a Catedral de Santa Maria em Tóquio, construída entre 1963 e 1964, no Japão.

Metodologia

        Esta pesquisa de abordagem qualitativa apresentou como principais procedimentos metodológicos a revisão bibliográfica, em que foram compreendidas as principais discussões e interpretações acerca da difusão do movimento moderno pelo Brasil e pelo Japão, com suporte na História da Arquitetura Moderna e foco nos arquitetos Oscar Niemeyer e Kenzo Tange. Além disto, nesta etapa foi apresentado o entendimento geral sobre a obra (trajetória profissional e princípios de projeto) dos referidos arquitetos.

        A outra fase corresponde ao estabelecimento de critérios de análise das obras escolhidas, ambas de caráter religioso, sejam eles: o contexto de projeto e construção, a implantação e a relação com o entorno imediato, os aspectos funcionais e simbólicos (altar, coro, nave, campanário), a volumetria e a relação com a estrutura, o uso da luz natural, entre outros. Por último, foram realizadas análises arquitetônicas de ambas as obras, expressas por meio de uma tabela síntese, a fim de estabelecer relações e identificar expressões modernas peculiares e/ou recorrentes, subsidiando o objetivo da pesquisa.

Resultados e Discussão

        O modernismo não se iniciou como um fenômeno mundial. Seu surgimento deu-se em alguns países da Europa Ocidental, dos Estados Unidos e em algumas partes da União Soviética. (CURTIS, 2008) No Brasil, ele teve raízes no movimento neocolonial, na década de 20, tendo seu estopim na Semana de Arte Moderna em 1922. (SANTOS, 2006) Em contrapartida, no Japão, o movimento moderno teve maior destaque apenas com o fim da Segunda Guerra Mundial, em que o país, arrasado pelos horrores vividos na guerra, encontrou no Modernismo um movimento fundamental para concretizar esse sentimento de mudança que os japoneses almejavam (CURTIS, 2008).

               No Brasil, o período após a Semana de 22, deu início a uma nova fase do Modernismo, principalmente depois da implantação do Estado Novo, em 1937, em que se firmou a idealização da nacionalidade brasileira. Assim, o governo ampliou o incentivo à educação, à música, à arte, e, em especial, a construção de edifícios públicos que marcassem esse momento mais nacionalista. Foi a partir disso, que os princípios modernos passaram a ser mais difundidos no Brasil. Uma notável obra que, até hoje, serve como exemplo edificado destes princípios foi o Ministério de Educação e Saúde - projetado por uma equipe de arquitetos brasileiros, incluindo Lúcio Costa e Oscar Niemeyer[1] - este edifício também contou com a orientação de Le Corbusier, um dos arquitetos mais importantes do século XX.

O edifício foi concebido de acordo com os fundamentos modernistas e tornou-se um marco para a arquitetura brasileira, representando a ruptura com as formas arquitetônicas ornamentadas com motivos historicistas e simbólicos que eram usadas na época. (TASSONIERO, 2009).

        Foi neste mesmo período, em que Juscelino Kubitschek encomendou a Oscar Niemeyer, arquiteto formado pela Escola Nacional de Belas Artes (atual UFRJ), as obras da cidade mineira, Pampulha. A soma destes projetos marcou o inicio da carreira de Niemeyer, que passou a mostrar ao mundo a possibilidade de executar projetos mais ousados. Neste contexto, ressalta-se que o ano de 1955 marcou uma notável mudança em suas obras, fruto de uma autorrevisão que o arquiteto fez em uma de suas viagens à Europa. Segundo Bruand (2002), ele foi atingido pela clareza e lógica de linguagens arquitetônicas que até então havia desprezado. Assim, no ano seguinte, essa postura projetual de Niemeyer encontrou um terreno ideal para expressar-se: Brasília, a nova capital federal. Foi na construção da catedral que se observou a implantação por completo dos princípios que passaram a nortear o arquiteto, como: o emprego de materiais modernos, a exploração do concreto armado, e o uso da imaginação plástica como composição formal.

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