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Fichamento: Densidade Urbana Claudio Accioly

Por:   •  20/5/2022  •  Resenha  •  1.522 Palavras (7 Páginas)  •  225 Visualizações

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FICHAMENTO - ACIOLY, Claudio. Densidade Urbana: Um instrumento de planejamento e gestão urbana/ Claudio Acioly e Forbes Davidson; (Tradução Claudio Acioly) – Rio de Janeiro: Mauad ,1998.

1. PREFÁCIO

O livro Densidade Urbana acompanha o trabalho realizado pelo arquiteto e planejador urbano Claudio Acioly Jr. e pelo planejador urbano Forbes Davidson. Com este trabalho, teve-se o objetivo de analisar e apontar as deficiências, as dificuldades e as qualidades enfrentadas e observadas em diversas cidades pelo mundo no que diz respeito a densidade e ao planejamento urbano. Este livro foi patrocinado pela agência de desenvolvimento e cooperação internacional sueca (SIDA).

2. CONSIDERAÇÕES GERAIS DO LIVRO

“Quais são as densidades apropriadas às áreas residenciais em cidades? ”. J. Jacobs, 1961. (p.9).

A densidade populacional de uma cidade é o reflexo de seu planejamento e gestão. Diversas localidades ainda enfrentam este problema em relação a sua densidade, o que acaba gerando uma dúvida entre os diversos profissionais que lidam com esta questão: Qual o modelo ideal da cidade contemporânea? Existe um número limite de habitantes?

Ao analisar as diversas modelos urbanísticas encontradas pelo mundo, vemos opiniões diversas acerca do ideal. Enquanto muitos defendem uma alta densidade urbana, com extrema verticalização, outros defendem um intenso controle desta taxa, proporcionando uma maior qualidade de vida aos cidadãos. Tal análise é de extrema importância ao estudo dos fenômenos que ocorrem nas cidades e nos ajudam a traçar metas de planejamento e aprimoramento da gestão urbana. Atualmente, diversos especialistas concluem que maiores índices de densidade urbana proporcionam melhores condições de vida e moradia, por conta de um maior investimento em infraestrutura urbana. Contudo, vemos diversos casos de grandes aglomerações urbanas como Guiné-Bissau, onde as condições de urbanização e moradia estão em estado precário, atingindo a qualidade física e moral de seus moradores, situação que em pleno século XXI causa um desconforto psicológico difícil de aceitar.

Por outro lado, temos casos como Brasília, onde a baixa densidade populacional causada pelo seu planejamento de suas superquadras acaba por segregar seus habitantes e gerar o fenômeno das suburbanização periférica, onde áreas isoladas da cidade acabam por se urbanizarem, gerando um isolamento dessas áreas e uma priorização ao transporte individual, causando um problema socioambiental de grandes proporções.

Naturalmente, muitos veem como solução mais adequada a transferência de habitantes a áreas centrais da cidade, a fim de proporcionar uma maior interatividade e consequentemente ocasionar o aumento da densidade urbana, gerando uma redução de custo ao Estado na instalação da infraestrutura urbana. Porém, em muitos casos temos uma situação inversa; em muitos casos brasileiros, há uma intensificação da suburbanização periférica aliada a falta de investimentos por parte do Estado, gerando uma densidade populacional incontrolável e uma qualidade de vida insustentável, com um trânsito caótico e a ineficácia de serviços básicos. Para o mercado imobiliário, tais fenômenos são desejáveis. Áreas de baixa densidade tendem a ser novas oportunidades de especulação de terra, e geração de lucros, com propostas de condomínios e loteamentos urbanos que geram uma maior estratificação social e urbana.

Quando se analisa a questão da saúde, observa-se que cidades que possuem uma maior densidade teoricamente oferecem uma infraestrutura de maior qualidade e abrangência, o que barateia seus custos ao Estado. Cidades com menor densidade urbana exigem um maior esforço no que diz respeito a instalação de redes de esgoto e saneamento básico, entretanto, com a ineficácia dos serviços básicos, vemos uma situação contrária, onde lugares com alta densidade urbana, como favelas e assentamentos informais não possuem infraestrutura adequada de redes de esgoto ou até mesmo saneamento básico, o que pode levar a problemas psicológicos e a proliferação de diversas doenças. Além disso, áreas superlotadas são mais suscetíveis a incêndios e desmoronamentos por conta de suas ruas e acessos estreitos, que facilitam a propagação das chamas e impedem que bombeiros alcancem certas áreas. Um maior investimento na acessibilidade poderia ajudar na diminuição de casos como este por conta da maior circulação de veículos como ambulâncias e bombeiros, entretanto, apenas o alargamento de ruas não é suficiente. Áreas mais densas podem oferecer um transporte público de qualidade e barato, o que levaria a uma maior urbanização do local, e ao menor uso de automóveis individuais, diminuindo o consumo de combustíveis e proporcionando uma maior integração na malha viária da cidade. Casos como Curitiba mostram que um transporte público eficiente proporciona uma diminuição considerável no uso dos automóveis e geram uma maior qualidade de vida.

Em relação a questão social, baixas densidades ocupacionais estão ligadas a classes econômicas mais altas e a um número baixo de contatos e redes de conexões interpessoais. Altas densidades ocupacionais são ligadas a classes médias ou baixas, com um número muito maior de contatos e relações interpessoais, gerando uma maior quantidade de oportunidades. Todavia, vemos que altas densidades causam maiores conflitos por “espaço”, alterando o desenho e a forma urbana, o que se não houver um planejamento por trás, pode ocasionar na falta de organização e em uma aglomeração urbana. Em contrapartida, atualmente temos diversas cidades que adotam um modelo controlador da densidade, com a ideia de maior segurança e tranquilidade, gerando espaços e projetos que remetem às cidades-jardins. Diversos localidades no Rio de Janeiro e São Paulo já possuem estes “espaços isolados”. No quesito ambiental, baixas densidades podem gerar espaços bucólicos e integrados com a natureza, mas a um custo altíssimo de manutenção e criação de infraestrutura. Enquanto altas densidades não possuem espaço disponível para áreas verdes, o que gera uma maior migração da população e uma qualidade do ar questionável.

A questão do meio ambiente, potencializada nos discursos urbanísticos desde a década de 90, ainda fomenta uma infinidade de discussões. Para se planejar e construir uma cidade sustentável, é imprescindível que haja uma nova maneira de pensar e trabalha a cidade, através do comprometimento do Estado e políticas públicas que proporcionem uma densificação na cidade com alto grau de investimento aliado a instituições privadas em infraestrutura urbana, além da revisão de antigas leis, regulamentações do solo, standards e padrões de desenho, que atualmente se encontram obsoletos e travam a densificação e a forma da malha urbana. Por isso, é essencial que haja uma integração das diferentes densidades urbanas a fim de resolver problemas de parcelamento do solo, por exemplo.

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