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MUSEU AUGUSTO CASAGRANDE: A PERDA DE IDENTIDADE

Por:   •  16/8/2018  •  Artigo  •  1.361 Palavras (6 Páginas)  •  420 Visualizações

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MUSEU AUGUTO CASAGRANDE: A PERDA DE IDENTIDADE

Amanda Souza Lemos

Maria Carolini Niero Fratoni

1 Introdução

Este trabalho abordará a importância que o Museu Augusto Casagrande tem para a cidade de Criciúma – SC, sendo esse o primeiro sobrado da cidade, construído em 1920. Transformado em patrimônio em 1978, quando o herdeiro proprietário do imóvel Joaci Casagrande e sua família decidiram doar o casarão para a prefeitura com a condição de que o lugar fosse restaurado e destinado à criação do Museu.

A restauração ocorreu próximo ao centenário da cidade, sendo inaugurado em 1980. Para a restauração “[...] foi adotado o critério de fidelidade à época em que o mesmo foi edificado” (ARNS, 1985, p. 138). No ano de 2015 visando adaptação à lei de acessibilidade para pessoas com deficiência o Museu Augusto Casagrande passou por uma nova reforma, com a instalação de uma rampa de acesso e um elevador.

A reforma descaracterizou drasticamente a arquitetura do casarão, os novos elementos que deveriam servir de suporte acabam chamando mais atenção do que o próprio casarão pela tecnologia e materiais utilizados. O trabalho tem como objetivo mostrar como uma intervenção obrigatória por lei pode alterar a identidade do patrimônio e denuncia o descaso com que a reforma foi planejada e executada sem a assessoria de um profissional que trabalhe com patrimônio.

2 AnÁlise de bibliografia

Conforme Zacharias (2000) a família Casagrande fez parte do primeiro grupo de imigrantes italianos a chegar ao Sul do estado de Santa Catarina. Augusto Casagrande casou-se com Cecília Darós e dessa união tiveram 15 filhos. Com ajuda do filhos construiu em 1920 o primeiro sobrado de Criciúma. Segundo a arquiteta Izes de Oliveira (2017), a casa também foi pioneira pelos materiais utilizados na construção: “não há cimento na obra, foi construída como areia, cal e tijolos” (OLIVEIRA, 2017).

Fig.01 – O antigo “Casarão”. Hoje Museu Augusto Casagrande

[pic 2]

Fonte: Arquivo pessoal de Nádia Candiotto Casagrande da Silva

Com a morte de Cecília Darós em 1954, Augusto deixou a casa e a mesma ficou abandonada até o ano de 1968, nesse período a casa foi invadida por moradores de rua, que depredaram o local. Com a aproximação do centenário de Criciúma, o casarão foi doado no ano de 1978, pelo herdeiro proprietário Joaci Casagrande que impôs a condição de que o prédio fosse restaurado e destinado à criação do museu. No ato, Joaci deixou claro que o museu não deveria enaltecer apenas a cultura italiana, mas sim os cinco grupos étnicos que constituíram o desenvolvimento da cidade.

A reforma durou dois anos e foi coordenada pelo Arquiteto Manoel Coelho. “Na restauração do prédio adotou-se o critério de fidelidade à época em que o mesmo fora edificado” (ARNS, 1985, p. 183). O museu foi inaugurado em 09 de janeiro de 1980, juntamente com as comemorações ao Centenário da Colonização de Criciúma.

Durante o ano de 1995 o museu passou por reformas no prédio e retomou as atividades em 11 de abril de 1996. Em 07 de agosto de 2003 fica homologado o tombamento do imóvel pelo prefeito municipal Décio Goes em exercício de sua função com o art. 6º. Da Lei nº 3.700, de 14 de outubro de 1998. (SILVA, 2012, p. 34)

2.1 A REFORMA DE 2015

No ano de 2015 o Museu Augusto Casagrande foi submetido a uma reforma para se adequar a nova legislação do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM).  A reforma começou no dia 11 de novembro de 2014, tinha previsão para ser finalizada até fevereiro de 2015, porém a inauguração aconteceu em 28 de julho de 2015, com cinco meses de atraso. Era necessária a adequação às normas vigentes no decreto para fins econômicos, sociais e acessíveis.

Art. 1º. Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. (citação: CAPITULO I - LEI Nº 11.904, DE 14 DE JANEIRO DE 2009).

Seguindo a Lei nº 11.906, o decreto trás para o setor inúmeros procedimentos e ações que devem ser seguidas e ao IBRAM confere as ações de fiscalização necessárias para a preservação do patrimônio cultural “musealizado” e passível de “musealização”.

O decreto tem a efetiva ação de incluir a acessibilidade universal, onde fica determinado que todos os museus deverão ter adaptações das suas sedes de modo a contemplar os mais diversos públicos. Para o funcionamento interno da unidade do museu, um documento de organização interna traz definições importantes como: disposições sobre o público com horários, necessidade de agendamento de visitação, restrições á entrada, estrutura administrativa, diretrizes sobre exercício das atividades de segurança, regras de cobrança de ingressos, etc.

Na adequação foram instaladas uma plataforma elevatória, uma rampa de acesso e a adaptação do banheiro. Custou em torno de R$130 mil, financiados pelo Programa de Apoio ao Patrimônio Cultural, da Caixa Econômica Federal. A reforma feita sem supervisão de um especialista em patrimônio descaracterizou a arquitetura de estilo eclético colonial italiano.

A rampa feita em metal e pintada de preto tornou-se a primeira coisa a ser vista na paisagem, tirando o foco da construção. Por conta dos desníveis e inclinações do terreno a rampa ocupa uma lateral e toda a fachada principal do Museu.

Fig. 02 – Fachada do Museu Augusto Casagrande antes da reforma

[pic 3]

Fonte: Blog Museu Augusto Casagrande. Disponível em: http://museuaugustocasagrande.blogspot.com.br/

Fig. 03 – Fachada com rampa de acesso

[pic 4]

Fonte: Arquivo pessoal Amanda Souza Lemos

Fig. 04 – Rampa de acesso e a paisagem

[pic 5]
Fonte: Engeplus. Disponível em: http://www.engeplus.com.br/noticia/variedades/2015/reforma-no-museu-augusto-casagrande-e-concluida/

A plataforma de elevação foi instalada logo na entrada da edificação e para instalação foi necessário a abertura de um espaço do forro do primeiro andar, para poder acessar o segundo andar. O piano que ocupava o espaço onde agora se encontra a plataforma foi relocado dentro do museu, perdendo destaque.

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