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O CONTEXTO HISTÓRICO | SEGURANÇA NO TRABALHO

Por:   •  4/5/2021  •  Artigo  •  1.828 Palavras (8 Páginas)  •  271 Visualizações

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CONTEXTO HISTÓRICO | SEGURANÇA NO TRABALHO

1.1 Origem da Segurança e Saúde no Trabalho

No decorrer da história da humanidade, até o período pré-Revolução Industrial, poucos são os registros a respeito das atividades ligadas à identificação e à prevenção dos riscos no ambiente de trabalho.

Alguns registros feitos pelo grego Hipócrates, foram encontrados em meados do século 4 a.C., ele que foi uma das figuras mais importantes da história da saúde, ressaltou a gravidade toxicológica causada pelo chumbo em indivíduos que trabalhavam em minas.

No 5 a.C., Plínio escreveu sobre os perigos envolvendo outras substâncias, como enxofre, zinco, mercúrio e poeiras, materiais estes provenientes das atividades envolvendo mineração. Ele se referiu a um dos primeiros equipamentos de proteção individual, registrando que: quando os trabalhadores estavam expostos à poeira, os escravos improvisavam uma forma de proteção amarrando panos ao rosto a fim de cobrir nariz e boca e diminuir a sua inalação.

Até que no final do século XV alguns estudos realizados relacionados a algumas doenças específicas geradas por alguns agentes químicos, não especificava qual a forma de tratamento. O primeiro estudo que de fato foi completo, foi realizado por George Bauer (1494/1555, Inglaterra), conhecido por seu nome latino Georgius Agrícola, sua obra “De Re Metallica” foi publicada em 1556. Nela foram estudados os problemas relacionados com as atividades de extração e fundição de prata e ouro. Onde foi abordado também, os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns entre os mineiros e os meios de prevenção, ressaltando também a necessidade de ventilação no ambiente.

Agrícola dava destaque para a “asma dos mineiros”. Para ele a doença era provocada por poeiras corrosivas. A descrição dos sintomas e a rápida evolução da doença indicavam tratar-se de silicose, mas cuja origem não ficou claramente descrita por Agrícola (NOGUEIRA, 1981).

Outros autores que também escreveram sobre esse tema foram Aureolus Theophrastus Bembastus von Hohenheim (PARACELSO, 1493/1541). A obra publicada em 1567, “Dos ofícios e doenças da montanha”. Trata-se da primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença. Foram realizadas numerosas

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observações, relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas com doenças. Citando na sua obra, a silicose e as intoxicações pelo chumbo e pelo mercúrio sofridas pelos mineiros e fundidores de metais (RODRIGUES, 1982; NOGUEIRA, 1979; PIN, 1999).

Os registros encontrados, a segurança e a saúde no trabalho também não eram motivos de preocupação para a grande maioria dos empregadores, pois os trabalhos pesados e manuais ficavam restritos aos escravos ou aos cidadãos de classes menos favorecidas da sociedade.

Somente em meados de 1700, na cidade de Modena, Itália, o médico italiano Bernardino Ramazzini. Publicou uma importante obra a respeito do assunto, a De Morbis Artificium Diatriba – As Doenças do Trabalho. Consistia em um verdadeiro tratado sobre doenças ocupacionais, no qual estavam descritas pelo menos 50 ocupações e as respectivas medidas que deveriam ser tomadas no intuito de reduzir os perigos à saúde dos trabalhadores. Essa publicação foi considerada pioneira e serviu como base para o desenvolvimento da medicina ocupacional, por isso Bernardino Ramazzini é visto até os dias atuais como o “pai da medicina ocupacional”.

Algo interessante ser mencionado é que, nessa época, já existia na sociedade europeia a crença de que as doenças ocupacionais causavam perdas de produtividade e, consequentemente, de dinheiro advindo do trabalho. Em 1776, o economista Adam Smith, publicou a obra A Riqueza das Nações. Em um dos trechos do livro, o economista nos diz:

Estando o trabalhador em seu estado normal de saúde, vigor e disposição, e no grau normal de sua habilidade e destreza, ele deverá aplicar sempre o mesmo contingente de seu desembaraço, de sua liberdade e de sua felicidade. O preço que ele paga deve ser sempre o mesmo, qualquer que seja a quantidade de bens que receba em troca de seu trabalho (SMITH, 1776).

Assim, diante do fato de que o potencial máximo de produtividade do trabalhador somente poderia ser alcançado quando ele se encontrasse em seu estado normal de saúde e vigor, é evidente que as empresas e os empregadores passaram a valorizar a manutenção da saúde e a prevenção de doenças ocupacionais, a fim de mantê-lo produtivo o quanto fosse possível.

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1.2 Revolução Industrial

Ocorreu a Revolução Industrial no final do século XVIII. Iniciada no continente europeu (Inglaterra, França e Alemanha), ficou caracterizada pela invenção da máquina a vapor (1784) por James Watts na Inglaterra e pela publicação de Adam Smith, The Wealth of the Nations (A Riqueza das Nações), em 1776. Essa invenção viabilizava a instalação de indústrias em qualquer lugar, antes restrita às margens dos rios (devido ao uso da força hidráulica), e a publicação apontava as vantagens econômicas da divisão do trabalho. São inegáveis os benefícios advindos da Revolução Industrial, que trouxe, entre outros, o grande aumento da produtividade, proporcionando uma ampliação no consumo de bens para a sociedade de um modo geral, porém também é inegável o preço pago por tais benefícios pelos trabalhadores (RODRIGUES, 1982; WAISSMANN & CASTRO, 1996).

As condições de trabalho eram bastante degradadas, com numerosos acidentes de trabalho graves, mutilantes e fatais, tendo como causas: falta de proteção das máquinas, falta de treinamento para sua operação, jornada de trabalho prolongada, nível elevado de ruído das máquinas monstruosas ou pelas más condições do ambiente de trabalho. Não eram poupadas as mulheres e crianças a partir de 6 anos, contratadas com salários mais baixos.

A primeira referência conhecida ao emprego de um médico numa manufatura é de 1789, em Quarry Bank (MURRAY, 1987 apud GRAÇA, 2000). Em 1795, Peter Holland (1766-1855) era não só médico assistente da família do proprietário dessa manufatura como dos seus operários e aprendizes (GRAÇA, 2000).

Concomitantemente ao bônus, surge o ônus, ou seja, as consequências negativas dessa evolução na indústria.

Em resposta ao processo acelerado de produção em condições cada vez mais desumanas, começaram a surgir doenças ocupacionais, e as taxas de acidentes relacionados ao trabalho aumentaram a níveis alarmantes – não só homens, mas também idosos, mulheres e crianças eram designados para as mais diversas tarefas, em condições

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