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O ESPÍRITO DO LUGAR “GENIUS LOCI”

Por:   •  2/12/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.760 Palavras (12 Páginas)  •  281 Visualizações

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[pic 1]                Mestrado Integrado em Arquitetura MIARQ          O ESPÍRITO DO LUGAR

      Obrigatória 1A-DA CIDADE À PAISAGEM19/20 Janine Pereira dos Santos a61614

 

O ESPÍRITO DO LUGAR  

“GENIUS LOCI”  

https://janinepsantos.tumblr.com 

 

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Figura 1 - Fotografia tirada e editada por mim, no primeiro dia de visita à Fábrica Sampaio Ferreira | Riba d’Ave | Oliveira de São Mateus | 23/09/2019

“Genius loci é um termo latino que se refere ao “espírito do lugar”, e é objeto de culto na religião romana. Segundo Sérvio, em Vergilii Aeneidos Commentarius(“Comentário à Eneida de Virgílio), 5, 95, “nullus locus sine Genio” (“nenhum lugar é sem um Gênio”).A associação entre espírito e lugar originou-se talvez da assimilação do Gênio aos Lares, a partir da era de Augusto (r. 27 a.C.-14 d.C.). Mas, de acordo com o Movimento Tradizionale Romano, o Genius loci não se confunde com os Lares, que são os gênios (genii) do lugar que o homem possui ou por onde ele passa, enquanto o

Genius loci é o gênio do lugar habitado e frequentado pelo homem.”

 

RESUMO  

O presente artigo procura apresentar a noção de lugar e espírito do lugar, compreendida de acordo com as perspectivas no âmbito da ampliação do campo do património e paisagístico, que se fundamentam nas interações entre os aspectos ambiental e cultural, material e imaterial. Para melhor compreensão, recorreu-se ao desenvolvimento das noções de lugar e de genius loci na esfera dos organismos internacionais e nacionais de património. Empreendeu-se uma reflexão sobre como identificar a imaterialidade das relações que se manifestam no lugar e na paisagem, com o intuito de contribuir e salvaguardar estas referências culturais.  

Palavras-chave: Cultura. Lugar. Paisagem. Património.  


INTRODUÇÃO  

O modo como representamos o espaço e o tempo na teoria importa, visto afetar a maneira como nós e os outros interpretamos e depois agimos em relação ao mundo. (HARVEY, 1992, p. 190).  

Tempo e espaço são, formas puras de toda intuição sensível. É impossível fazer uma representação de que não haja nenhum espaço, embora se possa pensar que não se encontre nenhum objeto nele. Sendo então, o espaço considerado a condição da possibilidade dos fenómenos e não uma determinação dependente destes, a dinâmica e a transformação do espaço por meio do sistema de objetos e do sistema de ações.  

O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como um quadro único no qual a história se dá.  

Se considerarmos como objetos (geográficos) tudo o que há sobre a superfície da Terra, tanto os naturais, como os criados pela acção transformadora do homem, estamos diante do sistema de objetos. Os objetos são tudo que se cria fora do homem e se torna instrumento material da sua vida. 

Por sua vez, as necessidades humanas as quais podem ser materiais, imateriais, económicas, sociais, culturais, morais ou afetivas, levam o homem a agir estabelecendo um sistema de ações, por meio da criação e do uso dos objetos geográficos (naturais ou sociais). O sistema de objetos condiciona a maneira como se dão as ações, e o sistema de ações realiza-se sobre os objetos existentes ou leva à criação de novos objetos.  

Para o foco da presente reflexão, procura-se uma maior compreensão do significado da paisagem cultural e espirito do lugar, com o intuito de conservação1, ter em mente a interacção entre os sistemas de objectos e de acções. Ao procurar demarcações para compreender a sua complexidade, recorreu-se à ideia de que os aspectos materiais da paisagem cultural estão vinculados ao sistema de objetos em que os aspectos imateriais, por sua vez, são advindos do sistema de ações, e podem ser apreendidos na manifestação do lugar, mais especificamente, do espírito do lugar.

 

1 O LUGAR 

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Figura 2 - Fotografia tirada por mim, no passeio da Avenida Narciso Ferreira, Riba D’Ave 2019

A ideia de lugar, frequentemente observada em expressões de linguagem e em representações nas mais diversas manifestações arquitectónicas e artísticas, artes plásticas, literatura, entre outras, costuma ser utilizada para representar um espaço idealizado, real ou imaginário, com o qual se estabelece uma relação marcada pelo despertar de sensações que evocam sentimentos de identificação e de pertence.  

Impregnado de uma grande carga simbólica, a ele consignada por meio da conexão dos sentimentos, ainda que possa se materializar e ser vivenciado em um espaço concreto,

diferencia-se, entre outros fatores, pelos afetos que se constroem de forma individual ou coletiva através da relação com seus aspectos simbólicos e intangíveis. As relações entre pessoas e objectos, são fundamentais para conferir estrutura ao lugar, constroem-se principalmente através da percepção e reconhecimento de cheiros, sons, sabores, texturas, luzes e cores familiares, que evocam memórias de experiências passadas, do conhecimento obtido através da tradição oral e escrita dos “antigos”1 ou pela apropriação intelectual.  

Os sentimentos de afinidade possibilitam a criação de novas "camadas” de memórias e exercem o papel de mediadores entre os elementos inerentes ao espaço e a experiência pessoal, que permitirá identificá-los e apropriá-los como lugar. 

“ [...] é o despertar dos sentidos que nos permite comunicar com o mundo exterior, explorá-lo, reconhece-lo como ‘habitat’ possível à nossa sobrevivência.” (Scheiner, 2004, p. 56)

O lugar não é único e tão pouco auto suficiente e desconectado do que se encontra a sua volta, podendo diversos lugares estar inseridos uns dentro dos outros, entrelaçados ou ligados, permitindo de forma dinâmica combinações e re-combinações. Mesmo distantes fisicamente, podem conectar-se através das relações sociais que os caracterizam e de elementos comuns de ligação histórica, cultural e geográfica, que com eles tecem os indivíduos.

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