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Os Embates da Arquitetura: algumas respostas a Le Corbusier

Por:   •  17/3/2023  •  Resenha  •  2.442 Palavras (10 Páginas)  •  67 Visualizações

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Universidade Federal de Minas Gerais[pic 1]

Escola de Arquitetura

História, Teoria e Filosofia da Arte e da Arquitetura


Os embates da Arquitetura: algumas respostas a Le Corbusier

Resenha do livro: Por uma Arquitetura

Matheus Maurício Rodrigues

Maio de 2013

      O presente artigo é uma resenha crítica do livro Por uma Arquitetura do arquiteto, urbanista e pintor francês de origem suíça Le Corbusier, publicado em 1923. Tal autor tem suas bases ligadas ao movimento moderno de características funcionalistas. A pesquisa que realizou envolvendo uma nova forma de enxergar a forma arquitetônica baseado nas necessidades humanas revolucionou a cultura arquitetônica do mundo inteiro.

      Com um texto envolvente, Le Corbusier parte do principio que a “A arquitetura é uma das mais urgentes necessidades do homem, visto que a casa sempre foi o indispensável e primeiro instrumento que ele se forjou”. Com esse embasamento considera que “Somos infelizes. Nossas casas nos repugnam; fugimos e frequentamos os cafés e os bailes; ou então nos reunimos sombrios e escondidos nas casas como animais tristes. Nós nos desmoralizamos”, crítica a atual situação do trabalho dos arquitetos.

       Entra em foco posteriormente o embate entre engenheiros e arquitetos.  Segundo sua própria definição: “Os engenheiros são viris e saudáveis, úteis e ativos, morais e alegres. Os arquitetos são desencantados e desocupados, faladores ou lúgubres. (...) Precisamos nos justificar”. Pensando nisso, parte do princípio de que diante de tal circunstância “os engenheiros pensam nisso e construirão”, enquanto que não se pode dizer o mesmo do outro profissional. Apesar disso é nítido que a Arquitetura existe, é algo admirável e mais; felizes são as cidades que a possuem. Nessa mesma linha de raciocínio, segundo Corbusier “a arquitetura é um fato de arte, um fenômeno de emoção, fora das questões de construção, além delas. A construção é para sustentar; a arquitetura é para emocionar”, tais palavras revelam quão importante é a profissão.

      Mais adiante, outros focos entram em questão. Deixa bem claro o que considera e define três lembretes importantes aos profissionais do ramo: o volume, a superfície e a planta. O primeiro, parte do principio de que “Nossos olhos são feitos para ver as formas sob a luz. As formas primárias são as formas belas porque se leem claramente. As mais belas formas são os cubos, cones, esferas, cilindros ou as pirâmides”, enfatizando assim o volume (forma) ocupado(a) por uma obra. Nisso, cita como referência a arquitetura gótica, cujo fundamento está justamente na composição por formas primárias. É relevante sua opinião que tais formais constituem a verdadeira arquitetura. O segundo está intrinsecamente ligado ao anterior, uma vez que “um volume é envolvido por uma superfície, uma superfície que é dividida conforme as diretrizes e as geratrizes do volume, marcando a individualidade desse volume”. Cabe ressaltar aqui sua crítica ao considerar que a geometria amedrontava os arquitetos da época.

      Por fim, vem a planta que segundo o autor “É a geradora. Sem ela há desordem, arbitrariedade.” Também está intimamente relacionada com os anteriores, visto que o volume e a superfície são determinados pela planta. Ela traz consigo um ritmo. Diante da discussão, entra em destaque a utilização do concreto armado que possibilita conduzir a uma nova estética da planta, desconhecida ate então.

      Estamos numa fase de construção e readaptação das novas condições sociais e econômicas. Para conseguirmos realizar arquiteturalmente precisamos adaptar novas bases e seguirmos as novas tendências para que então possam surgir novos valores estéticos.

      Outro ponto importante são os traçados reguladores. Estes refletem a obrigação da ordem. O traçado regulador é uma garantia contra o arbitrário. Proporciona a satisfação do espírito.

      É um meio integrante da criação arquitetural. Para construir é preciso ter uma medida padrão e colocar seus esforços condiciona a utilidade da obra. Com essas medidas o homem deu ordem a sua criação. E com isso cria uma escala que lhe é conveniente.

      Ao construir um santuário o homem usou a geometria que é a sua linguagem. Para solucionar o problema dos espaçamentos entre objetos o homem inventou os ritmos. Fica a pergunta: será que os arquitetos esqueceram que a arquitetura está nas nossas origens e nossos instintos? A arquitetura seria a primeira manifestação humana onde o homem procura seguir as leis da mecânica. O homem primitivo para facilitar seu trabalho utilizou o traçado regulador e com o passar do tempo foi criando instrumentos que facilitavam seu trabalho. Mas nesse contexto o homem de hoje usa que artifícios? Ou não os usa?

      O uso do traçado regulador traz consigo traços matemáticos que trazem a sensação de ordem, conduzindo as relações harmoniosas. As cúpulas, por exemplo, são consideradas uma das mais sutis conclusões da geometria. E o traçado entra com a função de corrigir, aperfeiçoar e harmonizar. Outra ressalva está também na questão da fotografia, onde o autor nos mostra construções nas quais os usos de ângulos definem a fachada, princípio que merece importância.

      Perante uma outra análise, Le Corbusier discute o que ele chama de os “olhos que não veem...”. Nova época, novo espírito, novo estilo. Nessa definição nova de espírito, se resume o conceito de construção e de síntese, através de uma representação clara. Uma época cria sua arquitetura que é a imagem clara de um sistema de pensar. Deixa-se bem claro aqui que arquitetura é tudo, mas não é arte decorativa e que os arquitetos vivem na ignorância das regras de construir.

      Mudando um pouco a abordagem, passa-se a questionar sobre a casa, que segundo o arquiteto “é uma máquina de morar”. Ela é nosso espaço e precisa ter o máximo de funcionalidade. Nossa época determina a cada dia seu estilo. Como analogia, um transatlântico é um exemplo de obra de arte e pode estar relacionado à casa. Usa-se muito bem a seguinte comparação: “A casa dos terrestres é a expressão de um mundo obsoleto de pequenas dimensões. O transatlântico é a primeira etapa na realização de um mundo organizado segundo o espírito novo”.

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