TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Programa de Mestrado em Sociologia

Por:   •  31/10/2018  •  Projeto de pesquisa  •  6.071 Palavras (25 Páginas)  •  273 Visualizações

Página 1 de 25

Programa de Mestrado em Sociologia

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo – Apeoesp diante da Reforma da Educação da Rede Pública Estadual durante a Gestão Mário Covas (1995-1998)

Débora  Cristina Goulart

Novembro/2000

Resumo

        Este projeto parte da história recente do movimento sindical brasileiro, enfocando a organização dos servidores públicos estaduais da educação e suas reivindicações no final da década de 80, reconhecendo sua importância na luta pela conquista de direitos durante a abertura do regime militar.

        Os anos 80 e 90, surge no cenário mundial, com a “crise” do modelo keynesiano, a hegemonia neoliberal que atingiu diretamente os sindicatos e as organizações dos trabalhadores.

        No Brasil, a eleição de Fernando Collor de Melo iniciou, e de Fernando Henrique Cardoso selou, a efetiva atuação do governo na implementação de medidas neoliberais; em diversos setores, incluindo o educacional.

        Em 1994, a Secretaria de Estado da Educação, sob o comando da secretária Rose Neubauer, sofre intensas mudanças atingindo sobremaneira a dinâmica das escolas e consequentemente os professores.

Assim, centro da pesquisa está em  compreender o impacto sofrido pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) durante a primeira gestão de Mário Covas (1995-1998) à frente do governo estadual.

Introdução

        As eleições de 1994, consagraram o então senador Mário Covas, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), ao governo do Estado de São Paulo. O plano de governo apresentado durante o período que antecedeu o pleito continha diretrizes gerais que proclamavam uma mudança profunda no tratamento da administração e gestão pública.

        O programa de educação do, então candidato, foi publicado em setembro de 1994, e já trazia a principal preocupação do próximo governo: a racionalização dos recursos públicos[1].  A nomeação de Roserley Neubauer da Silva[2] para o cargo de Secretária da Educação do Estado de São Paulo, confirmava a manutenção e aprofundamento das mudanças no campo educacional esboçadas em documento preliminar de campanha.

        No início do ano de 1995, a Secretaria de Estado da Educação (SEE), via Diário Oficial, publicou as diretrizes educacionais para o Estado de São Paulo para os anos de 1995 à 1998 (D.O.E.; Sec.I, São Paulo. 105 (56) de 23 de março de 1995).

        A análise deste documento permite perceber o diagnóstico da situação educacional do estado, centrada nas críticas aos governos anteriores e apresentando as principais diretrizes do programa de reforma da educação paulista.

        A SEE, se opõe às políticas educacionais dos  últimos 20 anos, alegando a aumento na queda da qualidade do serviço educacional, consequência da construção de escolas e salas de aula sem planejamento, o que gerou um grande crescimento do sistema educacional público paulista.

O processo de crescimento acelerado da rede escolar causou um aumento no número de salas de aula ociosas e professores mal qualificados, isto porque, não houve a preocupação com um sistema de gerenciamento capaz de mostrar com clareza a real situação da rede escolar, auxiliando na promoção de ações rápidas na solução dos problemas.

        Uma situação caótica e desorganizada teria se instaurado na rede estadual de ensino, pela ausência de uma “política consistente de educação”  advinda da “acentuada desarticulação entre as esferas governamentais (impedindo) o delineamento claro do papel de cada uma delas” (id., ibid., p. 08).

        O Estado, posicionando-se como “mero gestor de uma máquina gigantesca” (id., ibid., p. 08), centralizada, burocratizada, torna-se ineficiente. Esta ineficiência é expressada no alto índice de evasão e repetência, que chega a representar 25% do total de alunos ingressantes e um desperdício de US$ 324.720.000 para os cofres públicos, bem como na precária qualidade de ensino, como atesta estudo realizado “pelo Fundação Carlos Chagas e instituições internacionais (...) (que verificou) que as nossas crianças só alcançaram desempenho superior às de Moçambique” (id., ibid., p. 09).

        A irracionalidade do sistema educacional, caracteriza-se por uma ineficiência, notadamente pelo caráter do Estado, que como apresentado, configura-se pela morosidade, rígidez e ausência de mecanismos de controle. Este modelo “emprega uma estratégia pouco eficiente, que contribui para a subutilização de recursos humanos, físicos, materiais, conduzindo ao uso inadequado de verbas-recursos financeiros, além de dificultar qualquer alternativa de parceira e cooperação entre os poderes públicos e da sociedade civil.” (id., ibid., p. 09).

        Assim, a SEE, arguida de que o “profundo avanço tecnológico dos anos 80, o impacto da informatização e o processo crescente de internacionalização da economia estão, naturalmente, a exigir um novo perfil de cidadão (...) capaz de se adaptar às mudanças do processo produtivo” (id., ibid., p. 08) afirma a Educação como “indispensável ao sucesso econômico e social de qualquer país que se proponha a enfrentar a competição internacional” (id., ibid., p.08).

        O campo educacional, considerado centro das intervenções do Estado, deve, portanto, passar por uma “revolução na produtividade dos recursos públicos que, em última instância, deverá culminar com a melhoria da qualidade de ensino” (id., ibid., p.09).

Sob esta diretriz central, a nova política baseia-se na mudança do papel do Estado, que deixa de ser um prestador de serviços educacionais e se transforma em um “agente formulador, por excelência, da política educacional paulista, voltada à realidade sócio-econômica do Estado e às aspirações de uma sociedade que se pretende moderna e desenvolvida”. Para tanto, o Estado deve ter uma “máquina administrativa leve, ágil, flexível, eficiente e moderna, capaz de ser um instrumento na implantação de uma nova política educacional” (id., ibid., p. 09).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (39.4 Kb)   pdf (227.8 Kb)   docx (33.6 Kb)  
Continuar por mais 24 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com