RESUMO A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

RESUMO INTRODUÇÃO LIVRO “A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA”, MILTON SANTOS

        A urbanização brasileira se tornou praticamente generalizada a partir do terceiro terço do século XX, evolução quase contemporânea da fase atual de macro urbanização e metropolização. A residência dos trabalhadores agrícolas é cada vez mais urbana.

        Registra-se, uma atenuação relativa das macrocefalias, pois desenvolveram-se cidades intermediárias ao lado de cidades locais, todas, adotando um modelo geográfico de crescimento espraiado, desmesurado, que é causa e é efeito da especulação. O perfil urbano se torna complexo, com a tendência à onipresença da metrópole, através de múltiplos fluxos de informação que se sobrepõem aos fluxos de matéria. Há paralelamente uma involução metropolitana, o crescimento econômico das grandes cidades sendo menos que o das regiões agrícolas dinâmicas e respectivas cidades regionais. O novo perfil industrial tem muito a ver com esse resultado. Por isso, a grande cidade, mais do que antes, é um polo da pobreza. Algumas cidades continuam a crescer, ao passo que a população se empobrece e observa a degradação de suas condições de existência.

        A cidade em si torna-se criadora de pobreza.

        O processo brasileiro de urbanização revela uma crescente associação com o da pobreza. O campo brasileiro moderno repele aos pobres, e os trabalhadores da agricultura capitalizada vivem cada vez mais nos espaços urbanos.

        A cidade está fadada a ser tanto o teatro de conflitos crescentes como o lugar geográfico e político da possibilidade de soluções.

        O nível da urbanização, o desenho urbano, as manifestações das carências da população são realidade a ser analisada à luz dos subprocessos econômicos, políticos e socioculturais, assim como das realizações técnicas e das modalidades de uso do território nos diversos momentos históricos.

        Pesquisas são feitas em diversos lugares e tem diversas origens e finalidades, de modo que muitos resultados acabam por não ultrapassar círculos restritos. O fato de que as bibliografias existam ajuda o pesquisador desejoso de fazer uma síntese, mas o fato de que sejam incompletas desencoraja a produção de estudos interpretativos mais gerais.

        Esse deslocamento em relação à história concreta e ao presente atual da formação social brasileira é bem visível nas aplicações práticas da reflexão urbana ou nos estudos prévios e essas aplicações práticas. A ideia de que a cidade é uma totalidade menos, dependente, e ao mesmo tempo, de uma lógica local, de uma lógica nacional e de uma lógica mundial, foi raramente utilizada com base em uma metodologia consequente. Os fragmentos do todo tomados como motivo de análise foram escolhidos com base em um conhecimento historicamente envelhecido ou derivado de um modismo sem relação com a estrutura dos fatos sob exame.

Problemas deste livro

        Pretendendo ser obra de síntese, padece de três principais deficiências:

1. Toda obra de síntese, é forçosamente, uma obra de crítica;
2.  O autor é um especialista de um aspecto da sociedade, um geógrafo, e seu entendimento é forçosamente orientado;
3. A posição do autor dentro do seu próprio campo de estudo levou-o a certas preferências, certos partidos e escolhas, certas formas de busca de um entendimento global que outros autores não apenas não adotam, como podem não aceirar.

        A urbanização caótica é um aspecto da urbanização corporativa e uma resposta à constituição, no território, de um meio técnico-científico cujo outro, no campo social, é a formação de uma sociedade cada vez mais dual.