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Resenha a Poética do Espaço e Habitar

Por:   •  18/8/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.038 Palavras (5 Páginas)  •  458 Visualizações

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Resenha: "A Poética do Espaço" e "Habitar"

No livro A Imagem Poética, Bachelard faz uma introdução na qual afirma que a imagem poética não é causada por impulsos do passado, pois ela teria um “ser próprio” como ele mesmo coloca, entendendo que a imagem construída a partir de uma leitura, tem seu próprio significado em cada momento, variando de leitor para leitor.

Tomando a imagem isoladamente, o autor se permite ‘mergulhar de cabeça’ na leitura, pois para ele a arte é “uma espécie de emulação nas surpresas que excitam a nossa consciência e a impedem de cair no sono” (Bachelard, 2000, p. 17).

A partir desse entendimento o autor faz uma reflexão da imagem poética, tomando como foco a análise de imagens simples da nossa vivência, muitas vezes presentes na literatura ( porão, casa, cabana, sótão) e que na simplicidade trazem várias emoções e lembranças.

Assim, no primeiro capítulo, ele examina a casa e seus elementos. Esta que ele diz ser “o nosso primeiro universo” (Bachelard, 2000, p. 24), pois além de ser nosso abrigo base, nos dar estabilidade e conforto, é onde estão grandes lembranças e também o tripé para os sonhos.

E mais primordial que a casa em si, é a imagem da primeira casa, a qual fica agarrada no inconsciente, mantendo as lembranças vivas da infância, pelas quais “vivemos fixações de felicidade. Reconformatamo- nos ao reviver lembranças de proteção.” (Bachelard, 2000, p. 25) Podendo ser o próprio sentido da cabana, também presente no livro, pelo qual se imagina uma casa simples, primitiva e aconchegante. Permitindo encontrar consigo mesmo.

Um dos pontos importante para a imagem, colocada pelo autor, seria o indeterminado (a penumbra, por exemplo. É na mudança da posição do sol durante o dia, na necessidade de fechar a janela após o almoço para poder dormir tranquilamente. São essas pequenas coisas que criam imagens que ficam arraigadas na memória. Quando Bachelard diz que “a luz da janela de casa é uma luz que espera”, Juhani Pallasmaa o complementa: “um lar autêntico tem alma, uma alma que espera seu habitante” (Pallasmaa, 2017, p.22)’

Este último autor citado se aproxima muito de Bachelard no livro Habitar, pois também estende a ideia de habitar à questões sensoriais ao colocar como essencial os atos de vivenciar e sentir a arquitetura.

Ele também é incisivo na crítica às escolas de arquitetura, que para ele, têm nos “ensinado a projetar casas, não lares”(Pallasmaa, 2017, p.14).Dentre as causas está o apelo por arquiteturas extremamente funcionais, além da estética puramente formal e generalizada.

O que é extremamente ameaçador para incorporação da memória, da identidade e outras questões mais sensíveis. Isto ocorre uma vez que a arquitetura não estimula a experimentação dos mais diversos sentidos (olfato, audição, tato, etc). Impedindo, portanto, a experiência por emoções ou sensações.

Sobre essa contradição entre lar e casa, Pallasmaa cita o caso judicial entre Mies Van de Rohe e a cliente da casa Farnsworth, que não a considerava apropriada para morar. Apesar de ser um dos grandes símbolos do modernismo e uma das casas mais famosas do mundo. Evidenciando mais uma vez o apreço pelo formalismo, a estética e o funcionalismo em detrimento da empatia pelo habitante.

A partir disso, o autor busca explicar a noção de lar, que ele entende ser “uma expressão da personalidade do morador e de seus padrões de vida únicos. Por conseguinte, a essência de um lar é mais próxima da vida propriamente dita do que o artefato da casa” (Pallasmaa, 2017, p. 16).

As casas, portanto, além de satisfazer as necessidades físicas, devem abrigar nossa identidade, que é reconhecida e recordada por “uma coleção e uma concretização de imagens pessoais de proteção e intimidade” (Pallasmaa, 2017, p.21). Sobre o lar - a casa vivida - Pallasmaa também cita Bachelard: “Uma casa constitui um corpo de imagens que conferem à humanidade provas ou ilusões de estabilidade”,”é um instrumento para confrontar o cosmo”, e afirma posteriormente que “o espaço pessoal expressa a personalidade

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