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Trabalho de Estudos Regionais - Uma leitura da cidade

Por:   •  28/8/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.552 Palavras (7 Páginas)  •  394 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

TRABALHO DE ESTUDOS REGIONAIS

UMA LEITURA DA CIDADE

Aluna: Cecilia Antunes Farias

Professora: Eneida Ferreira Ricardo

Belo Horizonte – MG

2016

  1. INTRODUÇÃO

Este trabalho visa mostrar uma “leitura” da cidade de acordo com a vivência própria e as concepções dos autores das crônicas “A Rua” de João do Rio, “Férias num banco de praça” e “Uma viagem com as vacas” de Ítalo Calvino, estabelecendo assim, paralelos entre as cidades registradas pelos personagens e a cidade percebida pela autora deste texto.

  1. DESENVOLVIMENTO

Marcovaldo, personagem de Ítalo Calvino, nas duas crônicas – “Férias num banco de praça” e “Uma viagem com as vacas” – é um pai de família trabalhador, aparentemente infeliz, que vive em condições precárias e sonha com um conforto dentro do espaço urbano através de artifícios perante aos incômodos que os cercam, como barulhos, poluição, calor, etc. Marcovaldo vive a desigualdade social que acometeu as cidades com seus respectivos crescimentos, vive na pobreza cheio de preocupações do dia-a-dia. Ele descreve, na sua visão de trabalhador, a rua como centro de suas histórias num mundo capitalista. Marcovaldo é um operário de indústria cansado e angustiado com o mundo “cinza” em que vive, sonha com a beleza da natureza do campo, ele acredita que em meio a natureza tudo pode ser melhor, que ele poderá ter qualidade de vida. Em “Uma viagem com as vacas”, ele conta que ao se deitar a noite em sua cama ele escuta barulhos vindos da rua que não o deixam dormir, barulhos de gente andando, trabalhando, conversando ou até mesmo de animais. Ao escutar o barulho de um rebanho ele decide ir até a rua para ver os gados passarem em direção às montanhas, só que seus filhos acordam e decidem ir com ele. Enquanto Marcovaldo e seus filhos veem o rebanho passar pela rua atravessando a cidade, seu filho mais velho segue atrás dos vaqueiros sem que seu pai perceba. Depois de todas as vacas passarem é que Marcovaldo percebe a ausência do filho. Ao procurar o filho pelas ruas, Marcovaldo se depara com vários rebanhos atravessando a cidade e, assim, não consegue localizar o filho. O filho, depois de um certo tempo, volta à casa de seus pais, que achavam que ele estava tendo uma vida boa nas montanhas, mas que, pelo contrário, estava “ralando” muito e sem descanso para ganhar pouco. Já em “Férias num banco de praça”, Marcovaldo conta que ele passava por uma praça todos os dias em direção ao seu trabalho e que ali havia um banco meio escondido que ele admirava. Certo dia, numa noite de calor, Marcovaldo resolve dormir no banco da praça acreditando que lá seria bem agradável de se dormir. Ao chegar na praça, ele encontra um casal de namorados discutindo sentados no banco. Com isso, ele começou a dar voltas na praça até que o casal desocupasse o banco. Assim que o banco foi liberado, Marcovaldo deitou-se com seu travesseiro no banco, mas algo não o permitia dormir, era a luz que piscava sem parar de um semáforo, apagando e acendendo. Depois de resolvido o problema do semáforo, Marcovaldo deita-se de novo, mas outra coisa o atrapalha, dessa vez era o barulho de máquinas e homens trabalhando na rua, mas que logo não o incomodava mais. Quando, enfim, Marcovaldo conseguiu dormir, veio um mal cheiro desagradável que o fez sonhar com ratos, quando acordou com aquele cheiro ele viu que era o caminhão da coleta de lixo que estava passando, mas logo conseguiu dormir novamente em seu banco. Ao amanhecer, Marcovaldo acordou com o barulho de pessoas passando pela praça, portas de lojas se abrindo, pessoas indo trabalhar, janelas se abrindo e, desesperadamente, se levantou para trabalhar.

Ítalo Calvino mostra, através de Marcovaldo, a vivência com a rua e que na rua acontecem muitos fatos, há vida passando e histórias ficando marcadas.

Na crônica “ A Rua”, de acordo com João do Rio, as ruas possuem alma, as ruas são encantadoras, fazem parte do cotidiano das pessoas. Ele trata a rua com um olhar mais romântico e menos técnico. Para João do Rio, a rua, por ser um local comum a todos faz com que não haja desigualdade social. A rua exerce um papel importante de interações sociais já que, através dela, as pessoas podem estabelecer relações sociais, vivenciarem momentos de alegria ou tristeza, fazerem amizades, terem convívio com seus vizinhos, trabalharem, fofocarem, ou simplesmente, admirá-la.Para ver a evolução da rua devemos observá-la e perambular por ela. Existem ruas de todos os tipos, estreitas ou largas, compridas ou curtas, íngremes ou planas, antigas ou novas, tranquilas ou movimentadas, mas cada uma com sua história, com sua emoção.

Vivenciei muitas ruas de cidades distintas, cada qual com sua peculiaridade, deixando apenas marcas em minhas lembranças.

Quando criança morei numa rua larga de calçadas bem largas em que haviam muitas outras crianças que ali residiam, brincávamos a tarde toda enquanto nossos pais trabalhavam, vínhamos correndo de nossas escolas para brincar na rua, rua essa que na época era muito tranquila, sem muito movimento de carros e em uma cidade até então pequena. Brincávamos de queimada, rouba bandeira, vôlei, bet e até de escolinha (dávamos aulas uns para os outros) e, o interessante é que quando virava noite, nossos pais e outros vizinhos vinham para a rua brincar conosco também. Não eram só crianças, eram também adultos, adolescentes, idosos e cachorros (nossos mesmos) que ficavam soltos perambulando pela rua enquanto brincávamos. Essa rua ficou marcada em minha memória assim como ficou para muitos outros moradores dela. Nela fiz amizades que mantenho até hoje, depois de 15 anos, sem nunca ter voltado a ela depois que me mudei de lá. Já em outra rua que morei, uma rua mais movimentada que por ela entrava-se na quadra, não haviam crianças, mas mesmo assim a rua teve um papel importante para mim. Por ela eu ia andando com o meu pai até o ponto onde o ônibus do trabalho dele passava e de lá eu voltava andando sozinha pela rua. Ao final do dia, eu pegava minha cadeira de “macarrão” (como era chamada na região) e a colocava na calçada da rua, ali eu sentava e bordava, fazia peças de crochê enquanto esperava meu pai voltar do trabalho. Assim como eu, muitos outros moradores da rua sentavam em suas portas e estabeleciam amizades com os vizinhos, alguns fofocando da vida de outros vizinhos, outros apenas batendo um papo, mas cada qual com seu afazer. Meu pai chegava do trabalho e sentava um pouco ali comigo também, pois ninguém aguentava ficar dentro de suas casas devido ao extremo calor que fazia na região. O convívio entre vizinhos nesta rua era muito bom e agradável. Esta foi uma rua que também ficou marcada em minhas lembranças. Hoje em dia moro numa rua diferente das demais que eu já havia morado, uma rua de pouco movimento, as vezes sombria em meio a árvores e pouca luz, rua de calçamento e um pouco íngreme. No trecho dela em que moro não possui muitas habitações, possui apenas o condomínio que moro e uma mata preservada de um seminário. Nela não estabelecemos muito convívio com vizinhos, cada um sai de manhã cedo com sua cara fechada e raramente nos cumprimentam. Nela, a vida é apressada, o tempo é corrido. Casais de namorados e crianças que estudam na escola que fica na rua de baixo adoram vir para ela para namorarem e matarem aula. Minha rua é tranquila, ao contrário da rua de cima, que é uma rua bem movimentada por ser a entrada principal do bairro. Como disse João do Rio, as ruas são marcantes, nela estabelecemos laços. E, realmente, essas e outras muitas ruas deixaram marcas em minha memória.

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