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UNIDADE HABITACIONAL DE MARSELHA

Por:   •  8/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.513 Palavras (7 Páginas)  •  1.069 Visualizações

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UNIDADE HABITACIONAL DE MARSELHA

POR: BRENDA MARRAFON DE PAULA

        No final da primeira metade do século XX, a França ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial e é nesse contexto que sob a ordem do Ministro da Reconstrução e do Urbanismo de França Le Corbusier projeta, entre Agosto de 1945 e Outubro de 1952, um complexo residencial para a população de Marselha, que permitia responder com eficácia ao problema da falta de habitação: a Unité d’habitation, um bloco de 18 níveis com capacidade para acolher cerca de 1.600 pessoas em 337 células de 23 tipologias diferentes.

        A unidade habitacional vertical de Marselha, também chamada Cité Radieuse, é um edifício de 137 metros de comprimento, 24 metros de largura e 56 metros de altura , implantada em um grande parque de vegetação com cerca de 3,7 hectares.

A proposta concretiza um ideal de vida baseado na dualidade do indivíduo e da comunidade. O projeto para a Unité d’habitation previa a construção de ruas comercias e espaços destinados à atividade social.

“A ideia é que sejam em certo sentido auto-suficientes, como uma área residencial mas ‘empilhado’ em altura. O que melhor ilustra este aspecto é a incorporação de uma rua comercial e a ativa utilização da cobertura. São estes elementos os que conferem à Unidade de habitação o aspecto de um barco e que fazem parecer os demais blocos de habitação estruturas castradas e sem propósito”. (HERMAN HERTZBERGER,“Unidad de Habitación de Marsella, 1946-1953, cubierta”, in: AA.VV., “Le Corbusier de la A a la Z”, Revista Minerva, n.º 2, Madrid, Junho de 2006, p. 28).        

[pic 1]

Implantação do edificado.

        A implantação do edifício na quadra não segue o desenho da avenida e sim a orientação solar. Vale ressaltar também que durante seu planejamento Le Corbuiser proporcionou insolação direta em todos os apartamentos, essa insolação é controlada por brise soleil, favorecendo as unidades um conforto ambiental.

A Unidade de Habitação é um edifício de uso misto, onde dois pavimentos intermediários (o sétimo e o oitavo) reúnem programas de comércio e serviços, como lojas, escritórios, um restaurante e um hotel. O comércio é direcionado à população residente, mas os escritórios e o hotel incorporam o uso público ao interior do edifício. A parte residencial está presente nos dezessete primeiros pavimentos sobre pilotis permitindo a continuidade do território urbano, reunindo uma grande quantidade de apartamentos. Além disso, há também uma cobertura que consiste em um terraço-jardim, sendo um amplo espaço livre que alberga uma série de equipamentos destinados ao uso coletivo, onde se encontram algumas construções de usos específicos, assim como: creche, piscina, ginásio, salão de festas, palco a céu aberto e as chaminés de forma ameboides.

"O teto do Unité d’Habitation é um trabalho transcendente: é como se Ulisses estivesse ao seu lado. Em alguns gestos, convoca a totalidade da história mítica do Mediterrâneo. É estimulante e humilhante, ocasiona felicidade estética. Demonstra o poder beatífico da grande arte, da grande arquitetura. " (JONATHAN MEADES, “Museum without Walls”, 2002).

Mesmo que a Unidade de Habitação não assuma as mesmas qualidades materialistas da maioria dos projetos de Corbusier, ainda há um sentimento de influência mecanicista, além dos cinco pontos desenvolvidos por Corbusier na década de 1920. Por exemplo, os grandes volumes dos edifícios são apoiados sobre pilotis massivos que permitem a circulação, jardins e espaços de convívio abaixo do edifício; o teraço jardim cria o maior espaço comum em todo o edifício, e o pátio incorporado no sistema de fachada minimiza a percepção da altura da edificação, criando também uma janela fita enfatizando a horizontalidade do grande volume.

[pic 2]

Planta da Unité d’Habitation.

 [pic 3]

 Corte da Unité d’Habitation.

        Os dois apartamentos-tipo mais comuns são constituídos em duplex e são dispostos no interior da grelha modular de modo que cada unidade de apartamento divide-se em dois pisos que se comunicam pelo vazio local na periferia do pavimento. Os apartamentos contíguos na vertical são versoes gêmeas invertidas e trelaçam-se em torno da circulação central. O recurso utilizado por Le Corbusier na organização espacial dos estratos na Habitação permitiu que cada unidade tivesse uma janela para cada fachada longitudinal, ampliando a área de luz e ventilação.

[pic 4][pic 5]

Planta e corte de dois apartamentos da unidade de habitação de Marselha.  1.Rua interior; 2. Entrada; 3.Sala comum com cozinha; 4. Dormitório do casal com banheiro; 5. Armários, varais e chuveiro para as crianças; 6. Dormitório das crianças; 7. Área de serviço.

Na figura há acima existe duas tipologias de células presentes na unidade habitacional. No primeiro modelo (contornado de amarelo) encontra-se a sala e cozinha integradas em um único piso e nota-se que o acesso ao apartamento ocorre em um espaço próprio para isso. No pavimento superior há um corredor que divide o restantes dos ambientes: os dois dormitórios para as crianças que são separados por painéis deslizantes, o quarto de casal com banheiro, a área de serviço e o banheiro.

Na segunda tipologia (contornada de azul), o diferencial ocorrido foi que os dormitórios e os banheiros foram deslocados para o pavimento inferior, enquanto a área de serviço foi inserida no pavimento superior.

No térreo, encontra-se um piso plano aberto com as principais colunas estruturais que aumentam o Unité sobre o desnível do terreno. A libertação do térreo por meio da elevação do edifício e sua sustentação através dos 34 pilotis dispostos, o qual torna esse espaço o mais permeável do edifico. A indeterminação do programa deste pavimento, salvo os acessos pontuais da caixa de circulação central e as escadas de emergência, permitem que a transição de escalas entre o edifício monumental e a chegada ao seu embasamento sejam atenuados. O térreo livre também é estratégia na indução das transições entre os lados do terreno, uma vez que o transeunte tem amplitude visual pela pouca interferência de elementos estruturais, o que transforma qualquer percepção urbana.

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