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A Ética e Lesgilação

Por:   •  8/7/2021  •  Resenha  •  690 Palavras (3 Páginas)  •  72 Visualizações

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“MICHAE POLLACK – MEMÓRIA, ESQUECIMENTO, SILÊNCIO”

ACADÊMICO: EDUARDO SOUSA LIMA

Os diferentes pontos de referências estruturam nossa memória (individual) e a inserem na memória da coletividade a que pertencemos. Entre esses pontos estão incluídos: os monumentos, o patrimônio arquitetônico, as paisagens, as datas e personagens históricos, as tradições e os costumes, etc. Na tradição metodológica de Durkhein é possível tratar fatos sociais como coisas, assim, esses pontos de referências podem ser considerados indicadores da memória coletiva de um determinado grupo. Uma memória que, ao definir o que é comum, o que é seu e o diferencia dos outros, fundamenta e reforça os sentimentos de pertencimento e as fronteiras socioculturais.

Tanto em Halbswachs como em Durkheim, essa memória coletiva é vista de forma positiva, longe de ser uma imposição ou uma forma de dominação ou violência simbólica. A memória comum fortalece a coesão social, não pela coerção, mas pela adesão afetiva ao grupo (Halbswachs fala de uma “comunidade afetiva”). Nesse sentido, a nação é a forma mais acabada\evoluída de um grupo e a memória nacional a forma mais completa de uma memória coletiva.

Caráter potencialmente problemático da memória coletiva: há uma espécie de “negociação” entre a memória coletiva e a individual segundo Halbswachs, ou seja, elas não podem se contradizer, tem que haver suficientes pontos de contato entre elas. Isso evidencia uma tendencia construtivista atual. Não se trata mais de lidar com os fatos sociais como coisas, mas de entender como eles se tornam coisas. Aplicados à questão da memória coletiva, essa abordagem se interessa pelos processos e atores responsáveis pela formação e formalização das memórias “oficiais”. Num primeiro momento, essa corrente construtivista, ao contrário de Halbswach, acentua o caráter destruidor, uniformizador e opressor da memória coletiva, uma vez que há a existência de memórias marginalizadas e subterrâneas que são deixadas de lado e muitas vezes entram em conflito com a memória coletiva “oficial”.

Um estopim dessa nova tendencia mais preocupada com as memórias subterrâneas foi o movimento popular que ganhou força com o quadro da glasnost e a perestroika na Rússia organizado entorno do projeto de construção de um monumento memória das vítimas do stalinismo. Esse movimento consiste em numa irrupção de ressentimentos, de memórias subterrâneas (e proibidas) de dominação e sofrimento que jamais puderam vir à tona publicamente. Isso comprova a existência de um fosso que separa de fato a sociedade civil e a ideologia oficial de um partido e um Estado que objetiva a dominação hegemônica. Uma vez que essas memórias subterrâneas invadem o espaço público, reivindicações se acoplam à disputa da memória. Esse exemplo mostra também a necessidade dos dirigentes de associar sempre uma grande mudança politica a uma revisão (auto)crítica do passado.

A questão conflituosa entre memórias subterrâneas e memória oficial\dominante não se dá necessariamente com relação à sociedade civil e o Estado dominador. Mais comumente, esse problema se dá entre grupos minoritários e a sociedade englobante.

O texto cita mais dois exemplos de casos em que o silêncio antecipou o ressentimento: o holocausto e o recrutamento à força dos alsacianos na época da anexação da Alsácia pelo exército alemão. Tento em vista o fracasso do recrutamento voluntário na recém incorporada Alsácia, os alemães decidiram pelo recrutamento forçado (também dos lorenos). Ocorreram atos de revolta e resistência, deserções e desobediência, no entanto, após a guerra poucos voltaram com vida em meados de 1950. Criou-se o mito de uma nação de resistentes. Porém, a despeito desses indícios do caráter coercitivo dessa participação na guerra, colocou-se a questão do grau de colaboração e comprometimento desses homens. Hoje, essa memória canalizada e esterilizada se revolta, se sente incompreendida. A memória dos recrutados a força alsacianos se erige contra aqueles que tentaram criar um mito, afim de eliminar o estigma da vergonha que sentiam.

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