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As Raízes da desigualdade social na cultura política brasileira

Por:   •  20/8/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.641 Palavras (7 Páginas)  •  272 Visualizações

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CENTRO DE ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO

FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Raízes da desigualdade social na cultura política brasileira

Teresa Sales

2018

INTRODUÇÃO

     Baseando-se no artigo “Raízes da desigualdade social na cultura política brasileira” de Teresa Sales, este presente tem o intuito de abordar a visão contemporânea da desigualdade social no Brasil, abordando as questões de cidadania desde a época da escravatura até os dias de hoje.

    Como socióloga, a autora faz uma reflexão sobre a cultura que perneteia as relações da sociedade brasileira, suas raízes e o âmbito de seu domínio territorial. A mesma traça um retrato da construção de toda a cidadania, tendo em vista todo o contexto histórico envolvido, passando pela época da escravatura, república, até a passagem do século. Aborda os temas discorrendo sobre a noção de uma cidadania concedida constituída em nosso país, a da permanência de uma cultura política da dádiva e por fim, o fetiche da igualdade que vivenciamos por aqui.

    Deste modo, cabe destacar a cultura política nas relações de mando e subserviência, cenário de anos passados da sociedade brasileira, que ainda hoje trazem reflexos e elementos de continuidade no que diz respeito à cidadania e a relação com a pobreza.

DESENVOLVIMENTO

      Tratando da desigualdade social na cultura política brasileira, sabemos que este assunto não traz nenhuma novidade e tampouco nos causa alguma perplexidade, já que este tema é amplamente divulgado e exposto em nosso cotidiano. Temos diversas indicações e exemplos de como estas desigualdades se manifestam no nosso dia a dia e podemos até citar algumas delas, como: favelização, falta de saneamento básico, baixo índice de educação em todos os níveis, transporte público, saúde, etc. A precariedade nestes pontos nos mostra uma grande desigualdade social, quase um abismo entre umas classes mais privilegiadas e outras mais pobres.

     Outras questões que podemos citar são em relação aos nossos governantes, incompetentes, corruptos, que se sustentam no poder anos a fio, e aí neste sentido podemos evidenciar a nossa cultura política ou falta dela, porque todos estes que comandam o país há décadas, foram e continuam sendo escolhidos por nós, então chega-se à conclusão que não sabemos escolher, então agora evidenciando com alguns exemplos estas nossas desigualdades voltamos ao tema principal deste texto que é exatamente a origem, a raiz neste problema.

     A autora argumenta que tudo começou na sociedade escravocrata e na construção de nossa cidadania, mais conhecida como cidadania concedida. Ela afirma que neste período os homens livres e pobres se submeteram as dádivas dos senhores do engenho, acostumando-se com pouco e sem nunca terem aprendido que cidadania vai muito além de receber aquilo que é básico para todos os seres humanos. Ou seja, desde aquela época a classe dominante, através de pequenas benesses e promovendo sempre a cultura da dádiva, manteve os mais pobres e mais humildes a mercê de suas ordens e comandos.  As dádivas contínuas nunca permitiram à classe desfavorecida a possibilidade de se tornarem de fato cidadãos, com direitos e deveres bem claros.

    A estas pessoas nunca foi dado o direito de desenvolvimento, porque eles mesmos se contentavam com as dádivas. E como ser diferente se nunca experimentaram o direito à cidadania? Este tratamento de cidadania concedida e dádivas constantes tornaram os homens livres daquela época, pessoas das mais péssimas qualificações a ponto de serem tratadas ou descritas das piores formas: “O Brasil não tem povo”, pois, “em nenhuma parte se acharão massas de eleitores sabendo pensar e votar, capazes de impor ao governo uma direção definida” (Louis,1881).

    No inicio da virada do século, com a abolição da escravidão e prenúncios de uma nova forma de governo, “A República”. Ainda com resquícios da antiga monarquia, um conservadorismo muito forte e também o liberalismo dos senhores das terras, com isso também veio à dificuldade da conquista dos direitos das minorias. O país começava a abandonar suas características essencialmente rurais para então experimentar o crescimento dos centros urbanos do país. No entanto, esse era só o começo da mudança. A grande maioria da população continuava sem instrução e o debate cultural e artístico ainda ficava recluso entre as elites econômicas.

    Com a chegada da Primeira Republica ou Republica Velha, veio com ela o coronelismo, que aboliu o voto censitário (voto baseado na renda). Os coronéis tinham duas formas de vencer as eleições, a primeira delas era a violência e chantagem, sendo esta uma forma de não ser traído pelo eleitor. A segunda forma era oferecer benefícios/favores, como dinheiro, cargos, segurança, etc. Um pouco parecido com hoje, onde o cidadão espera receber do candidato algo que o satisfaça em curto prazo, o candidato espera receber o voto e assim  se governa um município, um estado, um país.

    Com essa troca de favores fortalecia ainda mais a “cidadania”, onde as pessoas menos informadas, em sua maioria semialfabetizadas, realmente acreditavam na política de dádiva. Os coronéis tinham monopólio nas eleições, o que os garantiam favores com os políticos eleitos. Os direitos básicos à vida, à liberdade individual, à justiça, ao trabalho, etc eram direitos que lhes chegavam como uma dádiva do senhor das terras. Infelizmente estas questões ainda imperam na nossa sociedade, basta ver os políticos que nos governam e os senhores que nos empregam.

Para Teresa Sales, poder e dominação presentes na obra de Max Weber desenham-se como sendo característicos do impor e do se executar suas próprias vontades, bem como o da probabilidade de encontrar obediência.  Assim, nossa cultura política da dádiva está amparada na subserviência que se ancora no pedir para além do obedecer, o que obviamente implica em ter-se um provedor forte, que no país, caracterizou-se como sendo os grandes proprietários de terras, de uma herança colonial de domínio territorial.

Portanto, o poder e a dominação deram-se, desde um princípio colonizador, aos senhores de engenho e donos de latifúndios cafeeiros, denominados por Vianna de clãs rurais.

“Contraditoriamente, os mesmos senhores rurais que estão na base do incomensurável poder privado que foi a marca inconteste de nossa formação histórica até o advento da República, esses mesmos senhores que controlam os aparelhos de justiça, os delegados de polícia e as corporações municipais, são eles que amparam o homem comum de todos esses controles sob a proteção do clã. Oliveira Vianna passa ao largo dessa contradição, situando apenas a segunda parte da equação, quando afirma que o homem que não tem latifúndio é permanentemente indefeso e nenhuma instituição de caráter social o ampara. Essa função tutelar só a exerce, e eficientemente, o fazendeiro local. Só à sombra patriarcal desse grande senhor de engenhos, de estâncias, de cafezais, vivem o pobre e o fraco com segurança e tranquilidade” 

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