As consequências dos modernos

Movimentos sociais

HAMMS, Ana Paula Rupp. Movimentos Sociais in Estudos sócio-filosóficos. (material didático EaD)  Natal, RN: Universidade Potiguar, UnP; 2011.

Conhecendo a teoria.

A sociedade é uma rede de tensões, formada por pessoas, grupos, que se unem em um tecido social apesar de toda a diversidade dos seres humanos. Valores, interesses e necessidades que muitas vezes são tão diversos, mas não impedem a vida em sociedade. E como acontece? Acontece que estamos sempre negociando em função das nossas diferenças. Assim como um tecido, que é maleável, a sociedade também está ora tensionada como um tecido esticado ora frouxa.

Os movimentos sociais são um reflexo da sociedade civil organizada, representas suas diversas formas de interesse e encaminham suas ações através de estratégias de ação.

A sociedade está em constante transformação, apesar de existir uma inércia, ou seja, uma força que resiste às mudanças, que procura manter a ordem, ou seja, sustentar um determinado estado de coisas, existem forças sociais que estão sempre fazendo pressão para provocar mudanças. Os movimentos sociais são um reflexo da sociedade civil organizada, representas suas diversas formas de interesse e encaminham suas ações através de estratégias de ação.

A ordem e o consenso são momentos de tensão social, pois dentro da sociedade atuam forças contrárias à ordem atuando no sentido de provocar mudanças. Estas mudanças são movimentos, movimentos sociais. Movimentos sociais são provocados por atores que encontram força quando estão unidas em torno de um objetivo. De modo geral, os movimentos sociais se originam a partir da percepção de um grupo de objetivos a conquistar através de metas de ação (TOURAINE: 1999) Na maioria das vezes os movimentos sociais tem pouco poder e são combatidos por aqueles que detêm o poder, este combate significa a luta contra a mudança.

Os movimentos sociais são um reflexo da sociedade civil organizada, representas suas diversas formas de interesse e encaminham suas ações através de estratégias de ação.

As características dos movimentos sociais são diversas, dependendo de inúmeras variáveis internas - tais como objetivos, formas de organização e os meios usados para alcançar os objetivos - ,e do contexto no qual o movimento social está inserido. Apesar da amplitude do que podemos chamar de movimento social, é importante buscar um conceito que determine aquilo que os movimentos sociais têm em comum, desta forma podemos afirmar que:

(...) têm um caráter político (não confundir com partidário), que criam e desenvolvem um campo político de forças sociais na sociedade civil, contribuindo para seu desenvolvimento político. Eles politizam as demandas sócio-econômicas, políticas e culturais, inserindo-as na esfera pública da luta política (GOHON: 2000, p. 252).

Já temos então uma definição sobre os movimentos sociais, ela tem a pretensão se conceitua-los em seu caráter mais geral, no entanto, existem conceitos clássicos de pelo menos dois sociólogos que buscaram compreender as especificidades dos movimentos sociais. É importante resgatá-los.

• Alain Touraine (1925): para este sociólogo francês, os movimentos sociais são fenômenos de ação coletiva, de natureza histórica, pois que estão diretamente ligados ao processo de luta de classes; ou seja, os movimentos sociais são manifestações do conflito de classe, eles são fruto de posições desiguais dentro das sociedades divididas em classe; a causa destes movimentos é o controle do processo histórico, o controle dos processos que levam a uma mudança social,  a sociedade molda seu futuro através de suas ações (movimentos sociais); os movimentos sociais são as ações que compõe o que pode ser entendido como luta de classes.

• Manuel Castells (1942): o sociólogo espanhol acredita que “os movimentos sociais devem ser entendidos em seus próprios termos” (CASTELLS, 2000, p. 94), ou seja, eles devem ser interpretados a partir da definição que tem de si mesmos, de suas práticas (ação e discurso), pois que seus objetivos devem estar claramente presentes em no discurso dos movimentos sociais; para o autor, os movimentos sociais podem ser entendidos como um sistema de práticas contraditórias, no sentido em que discutem a ordem estabelecida; concentrou-se em explicar as movimentações sociais tipicamente urbanas – entendia que os movimentos no contexto urbano são fruto um tipo específico de conflito, pois que encontram seus objetivos de luta em problemas na organização da vida coletiva nas cidades.

Mas podemos apontar o que caracteriza um movimento social pelo que todos eles apresentam, dentro da diversidade:

• Os movimentos sociais são constituídos por sujeitos históricos que respondem as demandas existentes em sua época, por exemplo: um momento que luta pela inclusão digital da maioria das pessoas só tem sentido a partir do século XXI, quando o acesso ao computador, e a uma rede de computadores, passou ser garantia de cidadania.
• Os indivíduos que se reúnem em movimentos sociais tem interesse em um objetivo comum.
• Os movimentos sociais elaboram com antecipação as metas de ação em busca de seus objetivos.
• Os movimentos sociais elaboram elementos internos ao grupo no sentido de garantir sua continuidade.

No entanto, segundo Gohn (2007), elaborar uma teoria sobre os movimentos sociais é a parte mais difícil, devido ao caráter fluído, dos movimentos sociais, pois que são realidades que estão em espaços não consolidados da estrutura social, espaços em construção, porque “na maioria das vezes eles estão questionando estas estruturas e propondo novas formas de organização à sociedade política” (Gohn: 2007 p.12).

´        Do ponto de vista das demandas dos movimentos sociais dentro da estrutura da sociedade podemos dizer que eles se encontram em vários níveis: nível local, como os movimentos comunitários ou movimentos voltados para causas sociais do cotidiano, como aqueles ligados à questões do meio ambiente microrregional, saneamento básico, entre outras; da mobilização de atores no âmbito local, há uma busca por uma organização de âmbito nacional em torno de um mesmo objetivo, o movimento dos trabalhadores sem terra é um exemplo deste tipo de mobilização. Vários movimentos sociais nos dias de hoje adquirem, também, um caráter internacional, principalmente ONGs como o Greenpeace e o Médicos sem Fronteiras.