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A EMANCIPAÇÃO E ASSEDIABILIDADE DO DIREITO PELA ARTE

Por:   •  15/5/2015  •  Artigo  •  2.897 Palavras (12 Páginas)  •  252 Visualizações

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A EMANCIPAÇÃO E ASSECIBILIDADE DO DIREITO PELA ARTE - O TEATRO DO OPRIMIDO E AS ARTES EM GERAL COMO INSTRUMENTO DE LUTA DA ASSESSORIA JURÍDICA UNIVERSITÁRIA POPULAR -CCG.

Projeto de ação jurídica popular apresentado à disciplina de Assessoria Jurídica Popular como meio de conclusão. E proposta ao projeto de extensão universitária AJUP.

Discentes: Anny Veloso Furuya e Síbilla Porto Gonçalves

                                                                                                          Matrícula: 093888 e 125637

Goiás, Fevereiro de 2013


Referencial Teórico

        “A existência, porque humana, não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com o que os homens transformam o mundo. Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar.

        Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.

        Mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens. Precisamente por isto, ninguém pode dizer a palavra sozinho, ou dizê-la para os outros, num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos demais.” FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, cap. 03, 17ª ed., Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

        Iniciamos com um trecho da obra “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire. Que a exposição e grande parte do conteúdo deste projeto se inspira. Este trabalho foi pensado e motivado após contato com a metodologia de Paulo Freire – em especial a “metodologia do oprimido”, em conjunto com o método do Teatro do Oprimido de Augusto Boal. E a consciência da arte como instrumento de luta.

        Paulo Freire (1921 – 1997) é recifense respeitado mundialmente, por ser considerado um dos grandes pedagogos da atualidade. Publicou várias obras, sendo indiscutível o caráter fundamental de sua contribuição em favor da educação popular.

        Além disso, possui uma história de vida repleta de conquistas, exemplos de vitórias e superação. Principalmente na área da educação (alfabetização de adultos camponeses e repensar do ensino), e na luta contra a repressão sofrida pela política militar. Engajado, apoiava movimentos populares em vários locais do globo.

        Entre suas principais obras encontra-se a “Pedagogia do Oprimido”, aplicada neste projeto. Para Freire, estamos inseridos em uma sociedade divida em classes, sendo que apenas uma minoria aufere privilégios, impedindo então que a maioria goze igualitariamente dos bens produzidos, situação na qual se encontra grande parte da população dos “Países emergentes”, excluída da educação e afastadas da concretização da “vocação humana de ser mais”.  

        Em tal obra, cita dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos dominantes (educação bancária), onde a educação existe como extensão da dominação, verbalista, autoritária, fornecida de cima para baixo, e a pedagogia do oprimido, suscitando uma educação como prática da liberdade. O caminhar para a liberdade deve surgir a partir dos próprios oprimidos, devendo ser elaborada conjuntamente, contrária à imposição, em uma luta incessante de resgate de sua humanidade, tratando-se de um trabalho de conscientização e politização, rompendo com o costume e acomodação do mundo conhecido (o mundo da opressão).

        Augusto Pinto Boal (1931-2009) é carioca, diretor, autor e teórico. Diferencia-se dos demais teatrólogos por teorizar o seu trabalho a partir do que escreve sobre sua prática. É  referência nacional e mundial no teatro contemporâneo e idealizador e criador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à ação e emancipação social.

        Deste modo, o Teatro do Oprimido, criado por Boal em 1960, enseja usar o teatro como ferramenta de trabalho político, social, ético e estético, contribuindo para a transformação social.  Tendo como norte três grandes princípios, que são as suas propostas mais fortes: a re- apropriação dos meios de produção teatral pelos oprimidos, a quebra da quarta parede que separa o público dos atores e a insuficiência do teatro para a transformação social, isto é, a necessidade de ele se integrar num trabalho social e político mais extenso e abrangente. 

“No Teatro do Oprimido, os grupos podem em conjunto construir o seu sonho possível”, para utilizar uma expressão de Paulo Freire. Esse sonho possível, ou realidade desejada, não se refere a uma idealização ingénua, mas emerge justamente da reflexão crítica acerca das condições sociais de opressão. Conhecer essas condições faz com que elas não sejam encaradas de forma determinista, mas com que a realidade seja entendida como mutável através da participação dos sujeitos que a constituem. É um duplo compromisso na luta pelos sonhos possíveis: denúncia da realidade excludente (representada no Teatro do Oprimido pela cena que mostra as opressões) e o anúncio de possibilidades de sua democratização, bem como o compromisso com a criação de condições sociais de concretização de tais possibilidades – o que no Teatro do Oprimido é feito através da participação dos espet-atores na cena, com vista a propor outras formas de lidar com o problema. A História, enquanto processo social, e as estórias vividas pelas pessoas são sempre encaradas como possibilidade, não como um fatalismo da realidade. Para se sonhar coletivamente e esse sonho ter um alcance de movimento transformador, é preciso que se ensaiem as formas de ação. No Teatro do Oprimido isso acontece rompendo a quarta parede.” ( CRUZ, Joana. Sito no http://oprima.wordpress.com/about/, acessado em 25/02/2013)

        Tendo como pensamento insistente que a arte é instrumento de luta, e mais do que nunca, expressão e extensão de nós mesmos, do que somos, sentimos, pensamos, sofremos, pois  somos seres artísticos por natureza (o que às vezes se esconde e se perde devido à mecânica imposta pela vida social). Acreditamos que o Teatro do Oprimido e as artes em geral (poesia, música, fotografia, crônicas , gestos) casa perfeitamente com o ideal “Ajupiano” de diálogo, colaboração mútua, humanização não só do Direito, mas dos humanos, tornando-se portanto nossa proposta como ação jurídica popular nesta AJUP.

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