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A Sociedade Contra o Estado

Por:   •  21/10/2019  •  Resenha  •  806 Palavras (4 Páginas)  •  301 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE

PROGRAMA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

 Lara Thaís Silva da Costa

Matrícula: 2019013277

Resenha: A Sociedade contra o Estado – CLASTRES, Pierre.

Antropólogo e etnógrafo francês, Pierre Clastres é conhecido sobretudo por suas obras de antropologia política. Entre estas, A sociedade contra o Estado, onde tem como tema central a categorização do poder. Assim, analisou as sociedades ditas arcaicas pensando-o sob a ótica de coerção e subordinação e fez uma dura crítica ao erro de considerar o Estado um quesito definitivo para medir evolução e avanço em uma sociedade, ao passo que reflete um pensamento etnocêntrico. Segundo Clastres, a sociedade pode prescindir o Estado, não necessitando dele para existir, e isto seria um fato verificável em boa parte dos povos sul-ameríndios.

Referenciando a Nicolau Copérnico, criador da teoria heliocêntrica, Clastres discorre sobre a necessidade de descentralização do mundo ocidental embasada em análises antropológicas e acerca das disparidades do poder, sobretudo de um modo natural inerente a nossa cultura. Seguindo esta linha de pensamento, o autor chama a atenção para a deficiência na antropologia de analisar como a política surge em outras sociedades não ocidentais. Pierre afirma o etnocentrismo como obstáculo mediante o olhar sobre as diferenças para identifica-las e as abolir, da forma que não pode deixar de subsistir as diferenças cada uma por si na sua neutralidade, mas compreendê-las como diferenças determinadas a partir do que lhe é familiar, o poder tal como é pensado e exercido no ocidente.

Durante o texto, o autor conclui que essas sociedades não são sem Estado, mas sim contra o Estado e como exemplo disso, apresenta mitos, modos de agir e noções do pensamento ameríndio, um esforço consciente para que o poder político não se centralize, revelando o político como imanente ao social, ou seja, não há sociedade sem política. Para Clastres, sociedade implica mediação, precisa ser instituída e, portanto, é necessariamente política. A ideia de sociedade “contra o Estado” esvazia o paradigma da chefia que exerce um poder coercitivo e desemboca no paradoxo do chefe sem poder autoritário, cujo poder é fundado no consentimento de toda a sociedade. A revolução copernicana é despertada por essa concepção em que a sociedade sim detém do poder, não o Estado.

Após falar sobre o poder e o etnocentrismo, ele analisa a chefia indígena, as relações sociais esvaziadas de poder coercitivo e submissão. Dessa maneira, política poderia ser vista também como recusa. A chefia em ausência de autoridade coercitiva é indicadora de um estágio pré-político, Clastres pensa que isso representaria o resultado de uma articulação social, fruto da maturidade coletiva. Em síntese, os povos ameríndios têm ciência sobre a coerção e a negam, é uma escolha filosófica e sociológica, que reflete valores. Em contrapartida, há exceções, quase sempre com ligações à guerra, em exemplo, a preparação e a condução de uma expedição militar como circunstâncias necessárias em que o chefe pode exercer o mínimo de autoridade. O autor argumenta que o chefe está a serviço da sociedade, e ela a serviço de si própria, representante do verdadeiro poder, ao exercer autoridade sobre o chefe. Nesse sentido, o chefe é incapaz de alterar essas relações em prol de si próprio e colocar a sociedade a seu serviço. Em outras palavras, para cumprir suas obrigações, o chefe indígena está subordinado a vontade do povo.

Entre os chefes indígenas da América, está presente uma característica particular e essencial, a generosidade. Assim, um bom chefe é aquele que doa os seus bens, e não se importa com que os outros membros da tribo os peguem para si. Além disso, a maior ferramenta de poder desse líder é o dom da palavra, em divergência aos líderes ocidentais, seu discurso é usado para pacificar a vida de sua sociedade. Como um bom orador e pacificador, é indispensável conseguir contentar cada indivíduo, pois qualquer insatisfação, arrisca a sua posição quanto líder.

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