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Massacre de Realengo - Uma visão das circunstâncias que desencadearam o crime

Por:   •  22/9/2016  •  Ensaio  •  1.222 Palavras (5 Páginas)  •  309 Visualizações

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MASSACRE DE REALENGO: UMA VISÃO DAS CIRCUSTÂNCIAS QUE DESENCADEARAM O CRIME

GABRIEL DE ARAÚJO ALVES

BACHARELANDO EM DIREITO

INTRODUÇÃO

Em 2011 ocorreu em uma escola no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, um dos crimes mais chocantes cometidos no Brasil. O crime foi cometido por um ex-aluno da escola denominado Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos. Que se identificou como um palestrante para conseguir entrar no local e efetuou disparos em duas classes, assassinando doze alunos e ferindo outras doze.

Cinco anos se passaram e o caso segue sendo discutido. É debatida a questão religiosa, psicológica e política em relação a motivação que levou o jovem a cometer um crime tão bárbaro e de como este crime poderia ser evitado. Um conjunto de fatores ajudam a apontar uma provável causa do seu surto, e estas serão discutidas aqui.

CONVÍVIO FAMILIAR

Wellington era o caçula de 5 irmãos, e foi adotado ainda bebê. Sua mãe biológica tinha problemas mentais. Ela tentou o suicídio, e mesmo depois que o Wellington nasceu, ela apresentou outros problemas.

Podemos perceber que Wellington já teria uma predisposição a sofrer algum distúrbio mental no futuro, devido ao histórico de sua mãe. Ele também foi abandonado pela mesma, trazendo um grande impacto relativo a rejeição em sua autoestima que iria se expandir mais tarde no convívio escolar.

A criança adotada vive, de um modo geral, uma “tríplice rejeição”. Ela se sente rejeitada pela mãe de origem, independente do motivo do abandono; teme não ser aceita como filha pelos pais adotivos; além do reflexo, muitas vezes presente, do receio que os pais adotivos têm de não serem aceitos pelo filho adotado. A solução para essa síndrome de rejeição se encontra na convivência afetiva durante a primeira infância. (OLIVEIRA, ROCHA, 2014)

É possível relacionar a citação de OLIVEIRA e ROCHA ao que Wellington passou em sua infância. Segundo um de seus irmãos, Wellington era um adolescente bastante ausente que não se relacionava com ninguém. Sempre muito fechado, passava boa parte do seu tempo recluso em seu quarto, em frente ao computador e não chegava a ter muita relação com seus irmãos. Era introvertido tanto no convívio familiar, quanto no escolar.

Sua mãe adotiva veio a lhe adotar com mais de 50 anos. Por este motivo, o tratava de forma especial em ter noção de que não demoraria muito tempo para vir a falecer. Wellington teve uma forte ligação com sua mãe e a considerava um porto seguro. Ao vir a falecer, acontecimento ocorrido dois anos antes do caso ocorrer, Wellington tivera um agravamento de seu estado psicológico já considerado bastante problemático. Um problema precoce que era de conhecimento de sua família. A períodos atrás eles tentaram o encaminhar para tratamento com um psicólogo, que logo foi rejeitado por Wellington.

CONVÍVIO SOCIAL E INFLUÊNCIAS

É de conhecimento que Wellington sofria bullying no decorrer de sua vida escolar. Com a revelação do acontecimento e das entrevistas com pessoas relacionadas com Wellington, o mesmo foi descrito como alguem “bobão” que era bastante zombado por colegas e que diante disso era totalmente passivo. Também é notória uma certa carga de misoginia nas atitudes de Wellington no massacre. De doze vítimas, dez eram garotas, descritas nos relatos de familiares como muito bonitas e semelhantes em diversas características, sendo todas assassinadas com disparos na cabeça, enquanto os garotos eram atingidos nos braços ou nas pernas.

O “Ataque de 11 de setembro”, ocorrido em 2001 nos Estados Unidos se tornou uma obsessão para Wellington, que era apelidado de Al Qaeda pelos colegas. Na carta póstuma de Wellington são apresentadas várias semelhanças com a carta póstuma escrita por Mohammed Atta, homem que sequestrou e atirou um avião contra o World Trade Center. Isso demonstra que Wellington teria influências do grupo, principalmente de sua carga misógina e rancorosa.

Embora tenha sofrido bullying também por colegas do sexo masculino, sua obsessão eram as meninas. Nisto a natureza misógina comum a todos os fundamentalismos foi o fator determinante para o processo identificatório com o grupo terrorista Al Qaeda. (LOPES, 2012)

        

Tanto o Bullying quanto os outros problemas que Wellington sofreu não justificam o massacre, até pelo fato de que o que ocorreu com ele não ocorre com todas as pessoas que sofrem ou sofreram bullying. Entretanto devemos reconhecer que tudo o que Wellington passou diante sua formação como indivíduo teve grande carga em seu posterior ato banal, assim como sua mente problemática e perturbada.

CONCLUSÃO

Temos a predisposição de visualizar um “monstro” em alguém que comete um ato tão horrendo como este. Porém tapamos nossos olhos para todos os acontecimentos que formaram esse monstro. Uma pessoa que não tinha estas características agressivas, confusas e sem emoção tão expostas pela mídia. Uma criança pacífica, tímida e passiva que se converteu em um adulto revoltado, sem sentimento e sem racionalidade capaz de matar e ferir muitas crianças. É preciso minimizar o lado emotivo de si mesmo e observar todas as peças que formaram essa segunda figura de Wellington, estas mesmas que formam e que podem formar tantos outros assassinos em massa.

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